Capítulo 21 - o lema de vida de Júlia

335 75 13
                                    

Agosto de 2013

— E o que você fez? — Perguntei para Júlia, estávamos sentados em nossos lugares esperando o professor de Geografia chegar e iniciar a aula; ela estava me contando sobre uma vez em que estragou uma bolsa supercara da mãe dela ao deixar seu gato entrar nele para que ela pudesse tirar algumas fotos.

Ela abriu um sorriso enorme e eu logo soube que as coisas não correram muito bem com ela, porque Júlia sempre adorou contar sobre os problemas em que se metia.

— Eu corri e peguei uma agulha e tentei costurar. Ficou ainda pior, não teve jeito de esconder e minha mãe acabou me deixando de castigo por semanas!

Eu estava lá rindo dela quando Antônio chegou apressado e se sentou — praticamente se jogou — na cadeira e deixou a bolsa cair no chão.

— Alguém acordou com o pé esquerdo hoje! — Eu disse o encarando.

Ele me olhou de volta e vi a raiva correndo por seus olhos.

— O que aconteceu com você? — Júlia perguntou, o olhando da cabeça aos pés, como se assim pudesse descobrir mais rápido a causa de seu estresse.

— Érica terminou comigo! — Ele falou rispidamente, como se estivesse nos xingando.

Antônio namorava essa garota Érica há um ano. Os dois estavam sempre brigando e embora nós nunca a tenhamos conhecido, eu e Júlia sempre a imaginamos como uma garota autoritária, pelo que ele nos contava.

— Isso foi agora? De manhã? — Júlia perguntou e eu a encarei como se perguntasse se havia um horário certo para um término. Ela apenas balançou os ombros.

— E aí, você vai tentar conversar com ela? Digo, pra vocês voltarem? — Eu perguntei.

— Não sei, nós somos muito diferentes. — Ele falou, olhando de mim para Júlia e percebi que ele esperava que disséssemos algo, que o aconselhássemos.

Eu estava tentando formular uma resposta na minha cabeça para dizer que só ele poderia pensar por si só, quando Júlia falou:

— Eu tenho um lema de vida que acredito que todo mundo deveria tomar para si.

A gente ficou esperando ela continuar, mas Júlia gostava de fazer cena.

— Qual o lema? — Perguntei, curioso.

— Se uma pessoa na vale a pena, a gente não deve insistir. É melhor seguir com a vida.

Eu e Antônio ficamos em silêncio. O que ela havia dito já dava a resposta para ele — e me dera algo para pensar por muito, muito tempo.

José e os NERDS Contra o MundoOnde histórias criam vida. Descubra agora