A praia

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Eu era criança...eu era normal...eu...eu me lembro bem da tarde da praia Bondi Beach. Era o nome do subúrbio circundante em Sydney, New South Wales, Austrália, onde eu morava com meus avós. Está localizada a 7 km a leste do distrito comercial central de Sydney, na área de governo local do Waverley Council, nos subúrbios  orientais. 

Minhas mães  estavam na lua de mel e no alge dos meus 11 anos eu ira pela primeira vez na praia...eu me lembro dos vislumbres dos meus olhos enquanto olhava a água azul turquesa  e as ondas batendo sobre a costa, de acordo com meu avô, Joshua Rodriguez, seu nome era devido a sua descendência colombiana, me lembro dele ter me ensinado tudo que eu sei sobre pescaria e das nossas partidas de xadrez em sua casa beira-mar, tinha cabelos grisalhos e um sorriso encantador, como minha vó dizia, Maria Rosetta, que casara com meu avô quando tinha 19 anos, eles migraram para a Austrália por causa de suas condições financeiras na Colômbia, buscavam uma forma de vida melhor para cuidar da minha mãe, Camilla Rodrigues de Rosseta.

Nesse dia eles comemoravam coincidentemente o aniversário de casamento deles, me contavam que aquela praia era a praia em que tiveram minha mãe, eles falavam que a cegonha a deixou na areia macia da praia...antes a minha inocência dizia para eu acreditar...mas agora sei a verdade.

Um dia antes foi o casamento da minha mãe com, Jane Marlon, minha outra mãe...sim...eu fui adotada no orfanato Coolin Jersen, onde eu passei pouca parte da minha vida, não foi tão ruim, mas  sentia aquele vazio de não ter uma família que me ama, que elas preencheram. Eu nunca tinha visto meus avós antes, eles moravam longe, enquanto eu morava na Califórnia eles moravam em Sydney, e por algum motivo minha mãe os evitava o máximo possível...mas nós fizemos essa viagem para  eu conheçer eles e minhas mães aproveitarem da lua de mel no sol escaldante da Austrália sem mim...se é que me entendem.

Sua recepção calorosa já foi o suficiente para eu já sentir segurança para ficar com eles como amigos de longo data...minha mãe Camilla ficou receosa,tensa e em até alguns momentos ela suava demais, estranhamente estavamos lidando com seus pais...ela desconfiava a cada passo deles..devia ser porque eles não apoiavam a sexualidade dela..mas sei lá...foi estranho.

Depois de muita enrolação e motivos inoportunos e inúteis para eu ficar com elas e não com meus avós...minha mãe Jane convenceu Camilla, mas essa continuava alterada, então elas foram visitar um museu famoso, enquanto eu e meus avós iamos para a tão falada praia.

Apesar de eu estar hipnotizada pela beleza do oceano profundo e misterioso, o medo do desconhecido me corrompia por dentro, me dando uma dose de extrema adrenalina, me deixando com uma sensação que eu nunca havia sentido, se havia nome...eu não sei, mas era francamente impossível de descrever. De mãos dadas com minha avó eu senti as areia nos meus pés, era uma sensação inexplicável da maciez e o áspero da areia, era estranho pensar que milhões de quilômetros extenços de imensidão eram feitos de pequenos grãos de areia.

Quando chegamos pertos do mar eu senti a brisa refrescante do vento em meus cabelos e a água gelada e salgada cobrindo meus pés. O silêncio não era incômodo pois o bater das ondas me acalmavam me deixando leve...o céu era de um explendor azul que em uma cidade californiana não havia nada parecido.

Através do bralhuro agradável do mar...eu conseguir ouvir um grito extridente e agudo como uma criança aclamando por sobremesa, mas era mais sombrio...com um ar macabro. O grito foi aumentando provocando um irritamente nos meus ouvidos. Eu que estava de olhos fechados fui espantada por esse som, só agora senti minha mão solta e vi uma imagem um tanto quanto esquisita..meus avós andando em direção ao oceano, eu começei a chamar por seus nomes, mas eles não escutavam...eles entraram no mar, com roupas e sapatos, desciam mais e mais até eu não ver mais seus rostos...o som aumentava cada vez mais...eu gritava apavorada...eu vi eles depois...mas eram seus corpos boiando no grande oceano.

O último sulplico da voz repetia uma palavra inteligível...apesar da leveza ela se espalhava sobre meu corpo..eu sentia até sua vibração..havia um padrão na voz,dizia:

~•~•~•dezessete°

              ~•~•~• Naveen°

                               ~•~•~•~ratos° .

A sequência aumentava e a velocidade de impacto era maior...e eu corri pra casa...a partir daquele dia eu fiquei muda..depois de várias terapias e psicólogos eu voltei a falar...mas eu nunca fui a mesma...eu me pergunto o que aconteceu...falam que sou louca...mas eu sei o que eu vi...e sou a única pessoa que confio.
  

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