Fora de casa

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Eu começava a acreditar que o inferno era o lugar dos homossexuais.

Depois de tanta coisa horrível que aconteceu comigo no intervalo de pouco mais de 48 horas, a impressão que eu tenho é que já estou tendo um gostinho de como vai ser quando eu morrer e for pra lá.

Como um ritual de preparação.

Apesar dos pensamentos ruins, tive um sono tranquilo. Acredito que por estar nos braços dele.

Despertei com um carinho tão leve que fazia cócegas na minha bochecha. Abri os olhos e encontrei os de Hyukjae. Seu rosto estava inchado, ele devia ter acordado há pouco tempo também. Mesmo sabendo que o meu deveria estar horrendo depois de tanto choro, eu sorri. Porque era isso que ele me arrancava todas as vezes.

E Hyukjae sorriu de volta.

- Bom dia - falou quase sem abrir a boca e eu apenas assenti.

Me afastei dele pra me espreguiçar, sentindo minhas articulações estalando, então me aconcheguei em seu peito novamente, abraçando sua cintura.

- Precisamos nos vestir - eu falei e Hyukjae levou a mão pro meu cabelo, me fazendo o cafuné mais agradável que eu já recebi na vida.

- Estamos vestidos.

- Pra escola... - falei, ainda meio dormindo.

Hyukjae ficou em silêncio por um tempo, então eu abri os olhos e afastei meu rosto do seu peito pra encará-lo.

- Hae... - chamou e tocou minha bochecha com o polegar - Suas coisas não estão aqui...

Então minha ficha caiu e eu senti meu coração apertando ao lembrar de tudo.

- Ah - falei simplesmente, com o olhar perdido no nada.

- Eu não vou também. Vou ficar com você.

- Não precisa, Hyukjae.

- Não me importa se precisa ou não. Eu quero - teimou e eu bufei.

- Teimoso...

- Perfeito.

Não pude deixar de sorrir e o empurrei pra longe de mim.

Houve batidas na porta e eu levantei, indo até lá pra abri-la.

- Bom dia, Hae - Heechul desejou com um sorriso pequeno e eu abri mais a porta pra que ele entrasse.

- Bom dia, Chul.

Então Heechul me abraçou forte e eu retribui.

Tentei colocar naquele abraço toda gratidão que eu tinha pelo que ele estava fazendo por mim.

- Como você tá? - perguntou depois de me soltar.

- Ah... - e dei de ombros.

Heechul assentiu e segurou minha mão.

- Vamos tomar café vocês dois - chamou e Hyukjae se levantou.

Fomos todos pra cozinha e a mãe de Heechul já preparava umas comidas que cheiravam muito bem.

Nós estávamos no meio da refeição quando a campainha tocou.

Heechul foi atender e eu só ouvi um "cadê ele?". Um arrepio subiu pela minha espinha, mas logo reconheci a voz. Levantei e corri pra sala, indo de encontro a Ryeowook.

Nós nos abraçamos tão forte que eu não aguentei e comecei a chorar de novo.

Não sei quanto tempo ficamos assim, mas, quando nos desvencilhamos que eu notei Yesung e Siwon ali também. Eu os cumprimentei e fomos pra cozinha pra terminar de tomar café antes de voltar pra sala.

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