Capítulo 14

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"Achei que meus demônios estavam quase derrotados

Mas você ficou do lado deles

E você os puxou para a liberdade

Eles sabem meus segredos e não me deixam ir

Não me deixam ir...".

Demons – Jacob Lee. 

Quando era criança, eu tinha explorado cada uma das passagens e salas secretas que havia na casa, me esgueirando por buracos apertados e escuros e enlouquecendo a minha mãe por sumir durante horas. Mesmo que as vezes ela mesma adorasse se aventurar junto comigo para descobrir novos lugares na mansão. Agora eu estava aqui, guiando Carter por uma das minhas passagens favoritas, a entrada dela ficava atrás da estante de livros da sala principal e dava passagem para uma série de corredores que apenas alguém que conhecia bem o lugar não se perderia. O guiei pelos corredores estreitos com uma lanterna, atenta as teias de aranha que estavam em nosso caminho até chegarmos a uma enorme porta de vidro e ferro, retorcido em alguns pontos de modo a parecer ramos se espalhando pela porta. Atrás dele estava um dos meus lugares favoritos em toda a mansão.

Assim que abri a porta, utilizando a pequena chave de ferro em formato de coração que estava sempre presa em meu chaveiro, foi como se tivéssemos sido catapultados para um mundo totalmente novo. A estufa era gigantesca, a terceira maior parte de toda a casa, posicionada nos fundos da propriedade, e além de uma porta que ficava no quarto dos meus pais e outra que ficava do lado de fora, a porta pela qual tínhamos passado era o único outro acesso a ela. Seu teto era abobadado e completamente feito de vidro temperado, com material reforçado para resistir a maioria dos impactos, uma cortesia do meu pai numa das últimas reformas que tinha feito na casa. Havia duas fontes que se localizam no meio de dois pequenos lagos artificiais bem no centro do local e para onde quer que olhasse havia flores, dos mais variados tamanhões e espécies, além de árvores frutíferas, das mais belas até as mais exóticas, todas distribuídas perfeitamente formando um misto de jardim de inverno, estufa e jardim secreto.

Havia pequenos postes que forneciam uma iluminação amena, alguns bancos estofados e duas passarelas que se estendiam até o final da estufa. Uma delas ia até a porta externa e a entrada onde ficava o pequeno almoxarifado, cheio de tudo que precisávamos para cuidar das plantas e das árvores, a outra ia até uma pequena escada de ferro em formato de caracol que levava para um segundo piso. Era como uma sacada voltada para o lado de dentro. A cerca que a rodeava era feita de ferro e vidro, havia vasos de rosas, tulipas, peônias e orquídeas espalhadas para todos os lados, já que eram as favoritas da minha mãe, uma pequena mesa branca com quatro cadeiras, uma prateleira grande de madeira clara cheia dos livros favoritos dela, duas poltronas e mais ao canto, uma cama redonda própria para a área externa feita do mesmo material da prateleira cheia de almofadas. O lugar era simplesmente lindo e mesmo não sendo mais criança, eu nunca deixava de pensar que ele parecia mágico. Havia uma certa pureza ali que sempre tinha me feito pensar que estava dentro de um cenário de conto de fadas.

Escutei a exclamação de surpresa de Carter atrás de mim e sorri. Ele estava parado alguns passos atrás de mim com uma expressão apatetada no rosto, a boca um pouco aberta e seus olhos piscavam a todo momento, como se não acreditasse no que estava vendo. Como era um engenheiro e conhecendo bem o tipo, já que eu morava com um, eu sabia o que estava se passando em sua cabeça, deslumbramento, admiração, curiosidade e possivelmente um trilhão de ideias. Eu não podia culpa-lo por isso, aquele lugar sempre tirava meu fôlego não importava quantas vezes eu fosse até ali.

Legado de Sangue - Retaliação - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora