Capítulo 3(Giulia)

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Eu apenas queria gritar com todos naquela casa, jogar todos os pratos no chão, queria fazer um escândalo, mas não fiz. Decidi se segurar e tentar transparecer um ar pacífico, não lhes daria um gostinho de escândalo, lógico que não, jamais baixaria meu nível para enfrentar meu pai, porém se ele quer guerra, então ele terá o que quer.

Minha mente estava uma bagunça, estava fazendo um grande esforço para não chorar, pelo menos não faria isso na frente do meu pai e lhe dar um gosto de satisfação. Quando chego ao corredor do meu quarto encontro àqueles olhos castanhos que tanto gosto, era ele meu melhor amigo dentro dessa casa, meu grande amigo Joaquim.

Conhecemo-nos desde pequenos, sua mãe foi minha ama de leite e babá também, normalmente ele não vem trabalhar na casa fica mais tempo trabalhando no estábulo cuidando dos cavalos juntamente com seu pai.

-Eu...

Ele não me deixa terminar de falar e sinto seus braços me envolvendo, ah por que ele fez isso, eu estava me segurando tanto.

-Você foi muito forte lá, incrível.

Eu chorava baixinho abraçada a ele e temendo o que possa acontecer depois desse jantar.

Depois da minha crise de choro, Joaquim me leva para meu quarto, e parecia que ele já sabia o que iria acontecer, pois na mesinha perto da cama tinha um bule de chá e duas xícaras.

-Sempre um passo a frente dos acontecimentos não é? -Digo pegando uma das xícaras e sentando na minha cama-

-Por conta disso minha cabeça ainda permanece no meu pescoço.

Com um sorriso irônico ele me respondeu bebericando sua xícara de chá sentado em uma cadeira a pouca distância de mim.

-Fiquei orgulhoso de ver como você se comportou realmente uma resposta à altura.

Finalmente ele olha nos meus olhos e me encara.

-Sinceramente, minha cabeça parou e minha raiva consumiu minhas entranhas, e falei tudo àquilo sem pensar, por sorte minha consciência voltou e eu não destruí cada prato daquela mesa.

Sua risada ecoa pelo quarto, eu deveria ficar com raiva, ele estava rindo da minha desgraça, só que ao contrário disso eu consegui sorrir um pouco.

-Ainda bem, eu não queria ter que limpar aquela sala de jantar.

Continuamos nossa conversa por um bom tempo até que Joaquim me deixa sozinha com meus pensamentos imersos no quarto.

Acho que já se passava de meia noite quando eu resolvi me arrumar para dormir, já estava usando minha camisola branca e acabando de soltar meus cabelos que já estavam bem abaixo da cintura, realmente precisava cortar as pontas. De repente meu pai surge no quarto como um raio destruidor, ele me olhava com ira, parecia que saia fogo de todas as partes de seu corpo, era um touro selvagem pronto para matar, especificamente para me matar.

-Sua raposa insolente, como pôde me fazer passar por aquela vergonha? Você é uma imunda, irei purificar você.

Não respondi nada sabia que seria pior, então apenas o deixei me puxar pelos cabelos e me levar para outro cômodo o qual nomeei de "quarto da tortura". No caminho encontrei minha mãe, mas evitei lhe olhar, ela não iria me salvar, na verdade ela nunca me salva.

-Ajoelhe-se, AJOELHE-SE agora sua insolente.

Mesmo com muito peso ajoelho-me de costas viradas para ele, rapidamente prendo meu cabelo.

-50 chicotadas começando agora, então comece a rezar e rezar.

Sinto a primeira chicotada nas minhas costas.

-Um... -digo em um sussurro.

Dois, três, quatro... E foi assim por mais 46 vezes, o quarto já estava com o cheiro de sangue impregnado nas paredes, eu estava fazendo um esforço enorme para ainda ficar de joelhos.

-Espero que esteja arrependida.

Ele vai até mim e segura meu queixo.

-Eu nunca me arrependo dos meus atos, eu juro que jamais casarei com Lourenço, não vou, NÃO VOU.

Com isso ele dá um murro na minha cara.

-Você irá fazer o que eu quiser, eu que mando em você.

Sinto o gosto forte de ferro na minha boca, mas resolvo não falar mais nada, também nem tenho mais forças. Alguns minutos depois vejo meu pai sair do quarto e eu fico sentada no chão, até que finalmente Joaquim e Ana, sua mãe entram no quarto.

-Ô meu deus, minha pequena, rápido Joaquim pegue ela, vamos.

Sinto os braços fortes dele me segurando e retirando do chão, minha visão estava embasada, mas eu lutava para me manter acordada o que foi em vão, de repente tudo fica escuro.

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⏰ Última atualização: Mar 06, 2019 ⏰

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The Last Memories Of The SummerOnde histórias criam vida. Descubra agora