Imensidão

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Capítulo único

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Capítulo único.

O sorriso que gradativamente surgia naquele rosto era a recompensa mais gratificante para Chanyeol.

Cada ruga contendo o peso de vários anos era suavizada pela emoção esboçada nos lábios do pai, tão semelhantes aos seus – ainda que um pouco mais estreitos – e ele se permitiu uma respiração profunda, sentindo uma gratidão profunda inundar-lhe o peito, usufruindo de uma felicidade plena e rara.

Era a primeira vez que Park Sung-Jin ia ao teatro, no auge de seus sessenta e cinco anos de existência. E aquele fora o melhor presente que seu filho mais velho conseguira pensar em lhe proporcionar em celebração ao dia dos pais. Na realidade, poderia dizer que fora um presente coletivo, uma vez que toda a sua família se encontrava ali, vivenciando a mesma experiência – com exceção do próprio Chanyeol e a esposa, que já tinham frequentado aquele mesmo teatro algumas poucas vezes anteriormente.

Soon-Bok, diferentemente dele, apreciava a arte em forma de dança e encenações, e vez e outra conseguia arrastar o neurologista de quarenta e cinco anos, com o qual estava casada há treze anos, para acompanhá-la aos espetáculos. Não que lhe desagradasse, mas Chanyeol costumava ter uma vida corrida, perdido entre plantões e clínicas diversas, e quando tinha tempo livre queria passá-lo em casa, com a filha de dez anos e sua bela esposa entre seus braços, por mais piegas e meloso que isso soasse aos ouvidos desavisados acerca de sua natureza afetuosa.

Ainda observando as reações do patriarca, sentado ao seu lado direito, Chanyeol contemplou a forma como seus cabelos pareciam mais prateados desde a última vez em que o vira rapidamente, quase um mês atrás. Provavelmente fosse apenas impressão sua, devido à meia luz do ambiente, uma vez que o espetáculo iniciara alguns instantes antes. Mesmo assim, até o número de sulcos em volta dos olhos castanhos amendoados – que se intensificavam quando ele sorria mais abertamente – não pareciam ter aumentado de número, e isso dava a ele uma falsa impressão de que o tempo desacelerara um pouco. Talvez aquele fosse o sonho de todo filho; que o tempo jamais passasse para aqueles que lhe deram a vida, que pudessem tê-los ao seu lado para sempre.

Seguramente, um querer egoísta, mas tão inevitável quanto respirar.

Conforme os bailarinos passeavam pelo palco, um nível acima deles, que ocupavam uma dentre as primeiras fileiras de assentos estofados em vermelho a preencher o amplo espaço do Chongdong Theatre, os lábios de Sung-Ji se partiam de surpresa e encantamento, curvando-se novamente num sorriso que crescia a cada minuto. Instintivamente, Chanyeol buscou uma das mãos de dedos grossos e a envolveu entre as suas, afagando-a. Quando o pai o encarou, contente, ele lhe sorriu largamente de volta, recebendo um beijo no topo da cabeça de cabelos castanhos escuros, onde alguns fios platinados se infiltravam com sutileza, e o mais jovem riu, vendo-o voltar sua atenção para o palco.

Lançando um beijo e uma piscadela para a mãe, Young-Mi, que também lhe sorria agradecida, Chanyeol olhou para a esposa e a pequena Hae-Won, ambas sentadas ao seu lado esquerdo, afagando os cabelos cor de mel e repetindo o gesto que seu pai fizera em si, tocando os fios ocres da filha com seus lábios e, em seguida, selando-os na boca da beldade acomodada na poltrona ao lado, roçando seus dedos longos na barriga proeminente, que embalava uma nova vida que viria à tona em poucos meses. Desta vez, ele seria pai de outro menino.

Todo o ar que respiras ⠀ ⠀ ➳ ChanKaiOnde histórias criam vida. Descubra agora