12.

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Carolina sentiu suas bochechas arderem, incomodada com a cena, achando-se um pouco ridícula por isso. Não era a primeira vez que via um beijo entre pessoas do mesmo sexo, ela mesma já havia tido experiências homoafetivas na faculdade, casos de uma noite embalados por muito álcool nas festas. Mas, ver Carla vestida daquela forma, agindo daquele jeito e em um momento tão íntimo a inquietou. Outra vez, ela surgia diante de seus olhos como humana, transformando em poeira as palavras que acabara de dizer sobre sua alma e coração.

Desviou o olhar do casal e viu Maria entrando na sala com uma xícara de chá nas mãos. Seus olhos negros arregalaram-se por um segundo, então sorriu e depositou a xícara na mesa, dizendo algo em sua língua nativa.

A recém-chegada soltou a dona da casa, exibindo um sorriso muito branco. Seus cabelos negros e ondulados tocavam os ombros e chicotearam o ar quando ela se voltou para a índia, indo ao seu encontro, envolvendo-a em um abraço e depositando um beijo em sua bochecha afogueada pela surpresa de encontrá-la.

— Cada vez mais linda! — disse ela a Maria, que apertou suas mãos, carinhosa.

— Digo o mesmo, principalmente quando você é você! — piscou marota e Carolina estranhou a frase.

— Este é o melhor dos elogios — soltou suas mãos para envolver Carla em outro abraço apertado. — Senti sua falta!

— Tenho certeza de que não tanto — afirmou Carla, passando as mãos em seus cabelos cacheados com uma piscadela, conhecedora de seu jeito um pouco rebelde e aventureiro. Ela não se prendia a nada por muito tempo, nem mesmo a ela.

— Assim você me ofende! — disse, fingindo indignação.

— Como se fosse possível — Carla respondeu, soltando-a e lhe indicando um lugar à mesa, ignorando Carolina e a curiosidade em seus olhos, assim como o rubor em suas bochechas.

Contudo, ela não passou despercebida por sua visitante que já havia se acomodado na cadeira e esticou o braço sobre a mesa, dizendo:

— É um prazer revê-la, Carolina!

Carolina apertou a mão dela rapidamente com a testa franzida.

— Nos conhecemos?

A moça sorriu.

— Sim, há três anos no jantar de aniversário de casamento de seus pais.

Carolina engoliu em seco ao ouvir a palavra "pais". Odiava quando isso acontecia.

— Marcos não é meu pai e, tenho certeza, não a conheço. Me lembraria — disse azeda, ainda sentindo os efeitos da raiva e da discussão com Carla.

A moça abriu um sorriso largo, divertindo-se com suas palavras e capitou um olhar de reprovação de Carla. "Pare de brincar", ela dizia.

— Tudo bem, bola fora! Desculpe por isso. Enfim, na ocasião, sentamos lado a lado na mesa e lhe contei sobre minhas viagens à Europa naquele ano, enquanto você me falou sobre o seu trabalho e o amigo bonitão sentado à nossa frente, acho que seu nome era Bento.

Carolina semicerrou os olhos, a moça com quem havia conversado naquele jantar era ruiva, com olhos verdes e algumas sardas charmosas nas bochechas que formavam covinhas quando sorria. Além disso, tinha um sotaque indefinido como se estivesse há muito tempo longe de sua terra natal.

A mulher à sua frente naquele instante, era uma completa estranha com olhos e cabelos negros, a pele bronzeada e sem indícios de sardas ou covinhas derivadas de sorrisos.

— Definitivamente, não a conheço — afirmou, e a viu sorrir ainda mais, satisfeita.

— Ok, neste caso...

Crimes do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora