A porta do quarto de Carla estava entreaberta e Carolina a olhou fixamente por um minuto, cogitando a possibilidade de tentar ter a conversa sobre a qual tinham falado mais cedo, então recordou de vê-la com Diana no escritório e decidiu que não se sentiria bem em conversar com ela após presenciar sua intimidade, ainda mais, por ter certeza de que sabia de sua presença a espioná-las.
No entanto, quando se voltou para entrar em seus aposentos, a porta do quarto dela se escancarou para dar-lhe passagem e Carolina desviou o olhar de sua figura apressada, envergonhada por acha-la terrivelmente sexy naquele momento. Usava um baby doll preto e por cima um robe da mesma cor que se encontrava aberto expondo a brancura da sua pele. Seus cabelos estavam soltos e úmidos e o cheiro do banho recém-tomado lhe invadiu as narinas agradavelmente.
Engoliu em seco, perguntando-se como podia ter acordado odiando-a naquela manhã e, naquele momento, a achar estonteante de tão bela e atraente.
— Boa noite — ela disse em um sussurro.
Carolina quase não capitou a frase, já que estava distraída tentando não olhar para ela e torcendo para que não percebesse o rubor em sua face, que o calor em suas bochechas indicava.
— Boa noite — respondeu.
Carla quis sorrir, achando adoravelmente linda a sua vergonha, lembrando-se das palavras de Diana. No entanto, manteve a seriedade.
— Você está bem?
Deixando um suspiro longo escapar, Carolina ergueu o olhar para ela e encontrou o rosto da Carla de sempre. Isso a deixou mais tranquila e se concentrou na frieza de seus olhos.
— Arrumei o meu quarto — informou, sem graça, já que foi a única coisa que lhe ocorreu.
— Bom.
— Me acalmei um pouco fazendo isso, até me deixar envolver de novo por pensamentos conflitantes e acabei sendo grossa com Maria. Realmente, a ofendi — confessou em um fôlego só, reconhecendo a estranheza de sua atitude.
Esperou que perguntasse o que havia dito, mas ela se manteve em silêncio a observá-la. Os braços cruzados, tornando os seios mais convidativos aos olhos e Carolina mordiscou o lábio indo abrigar seu olhar no chão.
— Estava indo preparar um chá para me ajudar a dormir. Me faz companhia? — Carla a convidou, disposta a descobrir se o que Diana tinha insinuado era verdade.
Carolina ainda pensou em declinar, mas acabou aceitando com um inclinar de cabeça e a seguiu em silêncio até a cozinha. E se perguntou, durante os minutos em que ela usou para preparar o tal chá, o que estava fazendo ali. Queria conversar com ela, era óbvio, mas naquele momento não se sentia tão motivada para fazê-lo, mal conseguia olhá-la sem sentir as bochechas arderem.
Carla depositou uma xícara à sua frente e sentou-se à mesa, diante dela. Ainda sentia os efeitos do vinho. Adorava a bebida, mas raramente tomava mais que duas taças, pois gostava de manter sua mente sempre clara. No entanto, havia tomado uma garrafa inteira com Diana e sentia os efeitos do álcool vibrando em suas veias, mas não estava bêbada, apenas relaxada.
— Maria não se ofende com facilidade — afirmou, quebrando o silêncio, divertindo-se com o esforço que Carolina fazia para não olhá-la. — O que disse a ela?
A moça se empertigou na cadeira, incomodada, mas respondeu com sinceridade. Tinha certeza de que, cedo ou tarde, a própria Maria lhe contaria.
— Insinuei que ela era sua amante.
Em outro momento, Carla poderia ter ficado com raiva. No entanto, preferiu se apegar a leveza que o vinho havia lhe trazido. Amava Maria, mas não daquela forma. Achava-a muito atraente, era verdade, mas era só isso.
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Crimes do Amor
RomanceCarolina via em Carla Maciel apenas uma assassina, uma mulher linda e cruel a quem devia temer e aprendeu a odiar. No entanto, jamais seria capaz de imaginar a verdade que se escondia por trás de seus gestos e olhares frios, até que ela a "aprisiono...