Capítulo único - Cinco sinais

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— Bakugou... você já se apaixonou?

Ok. A pergunta repentina o fez engolir forçado a própria saliva.

De onde Kirishima havia tirado tal pergunta inusitada, bem no meio do estudo sobre matemática?

Bakugou teve que respirar profundamente para não gritar todos os palavrões que haviam em sua mente, ou seriam expulsos da biblioteca, de novo.

— Pra quê porra você quer saber isso? —O loiro revidou com um olhar cerrado, enquanto o ruivo brincava com o lápis entre os dedos fingindo estar entediado.

— Curiosidade, eu acho. — Kirishima deu de ombros. —Já vamos fazer 18 anos e bem... acho que estamos na idade de pensarmos nessas coisas.

— Seu pensamento principal deveria ser como terminar o ensino médio. — O loiro informou, mordendo o canto dos lábios. — Em breve vou pra faculdade, se você não se formar quero ver quem vai te ajudar nessa merda de lugar.

Jamais admitiria, mas odiaria que tal situação realmente se concretizasse.

Ambos desejavam ir para a mesma faculdade, bem antes de começarem a amizade durante o primeiro ano do ensino médio.

Já havia feito seus planos, contando em dividir uma república com Sero e Kaminari nos próximos anos.

Só de pensar que talvez o melhor amigo não pudesse participar daquilo o deixava possesso.

Kirishima iria passar e entrar pra faculdade com os mesmos, nem que Bakugou tivesse que força-lo a dormir com um livro abraçado.

Era por isso que a várias semanas havia se dedicado a Kirishima seus sábados.

Algumas vezes na casa do loiro, outras no do ruivo... quando queriam variar iam na biblioteca, como agora se encontravam.

Era estranho imaginar que mesmo após dois bimestres Kirishima ainda não houvesse recuperado suas notas baixas.

Não ensinava tão mal assim.

— Eu vou conseguir. — O ruivo falou, com uma confiança que Bakugou não notara nas últimas semanas. — E você não respondeu minha pergunta. Já se apaixonou, Katsuki?

Bakugou sentiu seu corpo ficar levemente arrepiado.

Merda. Odiava o jeito que seu corpo reagia quando seu primeiro nome era citado por Kirishima.

Pelo sorriso pontiagudo do ruivo, ele provavelmente já havia notado tal detalhe.

— Eu nem sei se acredito nessa porra de sentimento. Como vou saber se já senti esse caralho? —Perguntou elevando um pouco a voz, sendo repreendido ao longe pela bibliotecária.

Pra que fazer aquilo? Não havia quase ninguém naquele ambiente fechado.

Era a porra de um sábado.

— Você não sabe como é estar apaixonado? —Kirishima perguntou baixo, quase rindo da expressão frustrada que o loiro apresentava.

— Como se você soubesse. — Bakugou revidou com a língua afiada,  até notar o sorriso discreto do amigo. — Puta merda. Você sabe. — Percebeu, sentindo o nó se formar em sua garganta.

Como assim o amigo havia sido conquistado e ele, Bakugou Katsuki, o gênio da sala, não havia notado?

E o mais importante... por quem diabos o ruivo estava sentindo tais coisas?

Quase mordeu a língua de raiva se esforçando ao máximo para não perguntar.

— Vamos fazer o seguinte... — Kirishima falou, se debruçando na mesa para se aproximar do loiro. — ... Vou te contar como eu me sinto, aí você poderá responder se já se apaixonou ou não se baseando nisso.

Cinco sinaisOnde histórias criam vida. Descubra agora