Eternidade

1.Alguém deve partir

South Beach-Miami. 1867. Era uma manhã nublada na praia, vento forte e mar agitado. As cinco pessoas que jogavam o vôlei e uma criança, um garoto de quatro anos que brincava de costas para o mar não perceberam,  mas das águas violentas saiam um homem de estatura média, um jovem rapaz alto e uma jovem moça mais baixa, ambos tinham suas peles pálidas como mortos e cabelos castanhos. Usavam roupas da época, calças e camisas largas de linho e um vestido vinho que se tornava mais pesado ainda por estar encharcado. Eles estavam confusos, agitados, com a respiração ofegante e cambaleavam a cada passo que davam rumo a areia. Seus olhos eram vermelhos como sangue e o vento frio que passava por seus corpos não lhes incomodavam, mas o cheiro dos humanos distraídos lhes atiçavam a cada instante.

Seus pés tocaram a areia úmida. Então seguiram com compulsão em direção as duas mulheres e os três homens próximos ali. Esses pararam de jogar, os viram se aproximar em passos rápidos e desajeitados, perceberam que algo estava errado.

- Ei! Vocês precisam de ajuda? - Perguntou um dos homens dando um passo a frente.

Não houve nenhuma resposta, os três estranhos apenas continuaram caminhando. A garota do vestido vinho colocou a mão sobre o peito do homem que havia feito a pergunta e então o chocou contra a barra de ferro cujo a rede de vôlei estava amarrada e esticada, ele se assustou mas não teve tempo de se manifestar, a moça mordeu seu pescoço e sugou o sangue de suas veias sem pudor. As mulheres que estavam com os três homens gritaram e se desesperaram, mas uma foi silenciada quando o homem mais velho de olhos vermelhos a atacou, enquanto o rapaz que saíra da água junto a ele colocou sua mão no pescoço da outra mulher e com seus olhos vermelhos analisou o rosto de sua presa, ela estava assustada mas o enforcamento cortava sua voz quando tentava gritar, ela batia no braço dele mas era inútil. Então o outro humano dali jogou a bola que usavam no jogo contra o rosto do rapaz com toda sua força. Esse teve seu rosto virado por conta do impacto. Ele voltou seus olhos para o homem lentamente e com raiva. Então levantou a mulher pelo pescoço, deu uma rápida meia volta e a jogou para longe. A garota que estava com ele velozmente a pegou e a colocou de joelhos na areia, alimentou-se mais uma vez. Enquanto que o homem que havia tacado a bola tentou correr, mas o rapaz apareceu instantaneamente a sua frente. 

- Não corra! - Falou pausadamente o rapaz de olhos vermelhos.

Mas ainda assim o homem se virou e correu para o outro lado. Mais uma vez velozmente o rapaz já estava a sua frente. Enfim, sem mais delonga, o jovem avançou sobre o homem e cravou seus dentes em seu pescoço. O gosto do sangue era tranquilizante, fortificante.

- Aaaaaaaahhhhhhh! - Ouviu-se um grito de dor.

Uma mulher que não estava ali antes, soltou um grito ensurdecedor e agressivo. Ela tinha pele clara, cabelos negros e extremamente longos. Ao mesmo momento ela caminhava com as palmas de suas mão viradas para frente. Os três assassinos soltaram suas vítimas já mortas e colocaram suas mãos em suas cabeças, pois sentiram a pior dor que já haviam sentido junto a um vento mais que forte. Mas durou apenas alguns instantes. 

- Meu filho! - A mulher que havia gritado disse aos prantos.

Ela dizia isso por ver seu filho, o garoto de quatro anos que brincava na areia desacordado, morto no colo do homem mais velho que saiu das águas. Os dois jovens que estavam com ele se aproximaram e ao ver o assassinato da criança se espantaram, assim como o homem, que ao perceber o que havia feito engatinhou para trás sobre a areia para se distanciar da criança e se levantou assustado. 

A mãe da criança se aproximou aos prantos dela, a pegou no colo e a ninou desesperada. Ela olhou para os três vampiros a sua frente, esticou o seu braço em direção a eles e os fez sentirem mais uma vez a pior dor de todas. Era uma bruxa. Eles gritavam e contorciam seus corpos até ela parar.