Capítulo 13

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Ricardo

Dezembro

Sabem? A vida é complicada. O amor é complicado. Nem estou a falar da Joana, isso é um assunto completamente acabado. Estou a falar na Rita. Ela sim é complicada, para não falar na relação estranha que temos. Eu quero-a duma forma inconvencional. Quero tê-la, mas não quero namorar com ela. Estou preso no sentido de se querer ter alguém e de querer alguém. Acho que faz uma grande diferença pensando nisso. Ela é gira, é boa companhia e tenho a certeza que devia ser engraçado namorar com ela. Mas não. Não posso quere-la. Será que ela me quereria de forma igual?

Os meus fones estavam tão altos que nem dei conta do meu pai a bater á minha porta. Ele parou, coçou a cabeça e disse:

-Hum Ricardo, o Vitor está aqui á porta, ele está um pouco...ah...bêbedo.

Ele aproximou-se e sentou-se á beira da minha cama.

-Sabes que eu não gosto muito que te dês com ele.-olhei para ele pronto para começar a discutir mas ele recuou- Mas já me conformei. Hoje eu e a tua mãe vamos jantar fora que bem precisamos, tu ficas com a tua irmã, lembra-te de não fazeres asneira okay? Cuidado com ela.

-Tu deves achar que o Vitor é um drogado qualquer pai. Ele é meu amigo e está a passar um mau bocado. -Estaria mesmo? Ele já anda sempre assim mesmo estando bem.

-Eu vou-me embora é melhor. Ele está lá em baixo na sala. Juízo.

Levantou-se e eu segui-o. O Vitor estava sentado no sofá com a minha irmã ao colo a rir-se descontroladamente. Tinha os olhos demasiado vermelhos e a sua roupa estava toda amarrotada como se nem tivesse sido passada. O cheiro a tabaco era sentido. A minha mãe acabada de sair da cozinha apressou-se a tirar a minha irmã do colo dele e a pousar-lhe um copo de água na mesinha á sua frente.

-Bebe, vai fazer-te bem. -a minha mãe apertou-lhe o ombro. Deu-nos um beijo e saiu em direção ao carro com o meu pai.

O Vitor parou imediatamente de sorrir e bebeu o copo de água de uma vez.

-Eu e a Joana acabámos, eu acho, nem sequer sei ao certo. Sabes, ela era especial, do tipo para ficar. E agora, eu arruinei tudo. Por causa dela meu. Porque é que a Inês está sempre a complicar a nossa vida depois de morta? Fodasse.-olhou para o copo vazio e levantou-o.- Não tens algo mais forte?

-Vitor, não estou a entender nada.

-Contei-lhe que amei a Inês.

Agora já faz mais sentido a vinda da Joana a minha casa naquele estado.

-Mas tu és burro ou quê?! Vais-lhe contar que gostavas da melhor amiga dela, que está morta?!

Ele puxava o cabelo, tinha a cabeça baixa e chorava baixinho. O telemóvel dava toques de mensagens de minuto em minuto. Lembrei-me do pai do Vitor e liguei-lhe a avisar que o filho dormia cá em casa. Acho que ele já sabia que tinha acontecido alguma coisa, porque éramos assim desde pequenos para escaparmos aos castigos dos pais.

-Ricardo? Será que a Inês teria gostado de mim?

Apeteceu-me bater-lhe com uma cadeira. Apeteceu-me bater a mim mesmo. E por fim decidi.

-A Inês gostava de gajas.

Ele olhou para mim muito sério e desatou a rir.

-Tens cá uma piada puto! Olha acho que já me sinto melhor e vou a casa da Joana falar com ela. -deu um passou, embateu na mesa e caiu no meio do chão.
A minha irmã assustou-se e desceu as escadas a correr.

-Está tudo bem?

-Sim, volta para o quarto por favor.

Ela assentiu e subiu de novo. Enquanto isso ajudei o Vitor a sentar-se e tentei de novo.

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