Enquanto o dia da festa não chegava, tentei me ocupar para não ficar muito ansioso, mas foi complicado controlar essa agonia.
No dia seguinte, após a aula, Julie me acompanhou até em casa. Ficamos assistindo a um filme na sala. Aproveitei que não havia ninguém para ficar ao lado dela. Admirei seu aspecto magnífico e não consegui desviar o olhar. Lembranças do dia anterior voltaram à tona e decidi procurar esclarecimentos.
— Por que você pediu desculpas ontem, depois da aula, assim que aqueles garotos riram de mim? — indaguei. Julie ficou sem jeito e fingiu não ter escutado. Olhei para seu aspecto entretido com o filme e cutuquei seu ombro. — Fiz uma pergunta.
Ela saiu dos meus braços e sentou-se.
— O que foi? Não ouvi o que você disse.
— Eu perguntei: por que você pediu desculpas para mim ontem?
— Foi porque eu tinha um compromisso e...
— Como assim, outro compromisso?
— É que dessa vez, foi algo muito importante.
— Sempre é importante. Por que você não me diz a verdade?
— Que verdade? Eu já disse tudo sobre mim.
— Mas eu acho que você não falou o suficiente.
— Tipo, o quê?
Ficamos nos olhando por um tempo. Não queria discutir naquele instante, mas aparentou ser o momento ideal para esclarecer algumas coisas. De repente, alguém bateu à porta, e fui correndo atender. Marcely entrou às pressas, assim que abri.
— Oi, Chendy, tudo bem? Esqueci alguns papéis em casa, e das chaves — disse ela.
— A Julie está aqui. Quero que conheça — comuniquei, com um sorriso esbanjado no rosto, enquanto Marcely se direcionava para a cozinha.
— Que bom. Finalmente, vou conhecer minha cunhada. — Ao chegarmos na sala, não havia ninguém. Marcely ficou confusa e pareceu irritada. — Cadê ela?
Fiquei surpreso com o sumiço de Julie.
— Não sei. Ela estava aqui, agora — justifiquei, meio nervoso.
— Preciso ir. Mais tarde, a gente se fala, estou atrasada.
Marcely se retirou, indo para o trabalho. Continuei confuso, sem entender o que estava acontecendo. Inesperadamente, Julie apareceu na sala, vindo diretamente do banheiro.
— Quem era?
Fiquei mais tranquilo com sua presença.
— Era minha irmã. Ela esqueceu alguns papéis e as chaves.
— Quer voltar à discussão?
— Melhor não.
Sentamos no sofá. Beijei Julie demonstrando afeto e não me importei com seus misteriosos compromissos.
Esse incidente surpreendeu minhas expectativas. Criei confiança em Julie e senti uma energia positiva quando estava ao seu lado. Preferi aproveitar o momento porque eu não sabia ao certo se iria ter a mesma sensação futuramente, mas acredito que todo afeto era verdadeiro, e jamais seria inesquecível.
😰😪😅
Mais tarde, fui até a pracinha acompanhado de Micah. Ficamos conversando por bastante tempo. Ganhei um amigo muito especial. Eu conseguia sentir sua veracidade de longe e tive a certeza de que poderia contar com ele para o que precisar. Pedi alguns conselhos para ele sobre meu relacionamento com Julie. Discutimos sobre vários assuntos. Fiquei feliz por poder compartilhar essa alegria com alguém de confiança. Após tanta caminhada, resolvemos sentar sobre o banco da pracinha. Persisti novamente no assunto sobre meu relacionamento.
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Toques Invisíveis
RomansaChendy é um adolescente que mora no Rio de Janeiro com os pais e a irmã. Certa noite, seus pais chegam em casa do trabalho com uma novidade não muito agradável. Eles conseguiram uma transferência no emprego e estão prestes a voltar a morar em Floria...