O olhei nos olhos novamente, Sério isso? me perguntei. Mamãe costuma dizer que querer não é poder para noventa por cento das coisas, esse seria o momento em que ela falaria Você não pode correr, Lucie, querer não é poder. Apenas sorria, concorde e o leve até a sala.
Foi exatamente isso que eu fiz; sorri, balancei a cabeça em um breve aceno e olhei para Joshua, que mantinha o sorriso malicioso nos lábios. Tudo isso é culpa sua, seu canadense filho da puta!
Noah veio até meu lado e parou. Vamos? Começamos a caminhar no total silêncio, as paredes dos corredores atordoadas por conta de tamanho barulho que os alunos faziam. Conversas. Bateção de armário. E o silêncio entre nós dois.
Isso parecia ser o que mais as atordoava, o silêncio entre a gente; tão gritante que ultrapassa qualquer som de gritaria.
Por que isso me irrita tanto? Não ter assunto com ele, ou pior, não ter coragem de falar com ele. Eu sentia como se árvore que crescera dentro de mim morrera, ou estava caindo aos poucos até tocar totalmente o chão. E eu tentava não deixá-la se derrubar, mas nenhuma ação ou fala interna minha a fazia parar de cair. A inutilidade na minha briga comigo mesma resultava em apenas caídas e mais caídas.
- ... você é de onde?
- ... quantos anos você tem?
Parei de fitar os meus pés e o encarei, o sorriso brotou nos meus lábios quando vi que ele me já olhava e sorria também. Rimos, envergonhados de mais por perceber que nenhum dos dois aguentava mais o silêncio. Quem um dia disse que o silêncio é a melhor das opções, nunca tinha presenciado algo igual a isto.
- ... Orange.
- ... dezessete.
Rimos, agora sem vergonha e alto. Já estávamos há poucos passos da porta, por um breve momento desejei que a sala estivesse mais distante apenas para eu ficar mais cinco minutos ouvindo o som da sua risada.
Entramos na sala e eu me sentei no lugar de sempre, Noah ficou por um tempinho perdido na porta. Seus olhos percorriam a sala de aula procurando um lugar para se sentar durante o ano, ou apenas algo provisório.
Deixei minha mochila sobre a mesa e parei. Por que eu tinha trago ela? Ri eu perceber que estava tão focada nos meus passos e sorrisos alheios que esqueci totalmente de deixá-la no armário.
- Hum... tem alguém aqui? - Ouvi alguém dizer mas não prestei atenção quem e pra quem. A pessoa coçou a garganta, então levantei a cabeça.
Noah estava parado na mesa do lado da minha, a expressão facial já me situava; ele quem tinha falado e tinha sido para mim.
- Ah, não. É a primeira aula, na verdade. As pessoas costumam sentar onde sentavam ano passado, ou algo do tipo - expliquei. - Não tem ninguém, Noah.
Ele sorriu e se sentou, misteriosamente estava apenas com os materiais. O professor logo entrou na sala e começou a passar o plano de estudos do ano.
- Façam duplas, vou deixar vocês escolherem. Por favor não me decepcionem - rimos.
O barulho de vozes, cadeiras e mesas já era alto e não faziam dez segundos do anúncio feito. Eu estava perdida ali no meio, porque, apesar de conhecer todos eles, nenhum é realmente meu amigo para que eu passe o ano todo como dupla de física.
Olhei para o lado, o novato claramente mais perdido do que eu. Então foi como se uma lâmpada estalasse sobre minha cabeça e a ligasse, botando pra funcionar pela primeira vez no dia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Who Would Think of Our Love ~ Noah Urrea
Fiksi PenggemarOnde Lucie, uma adolescente normal como qualquer outra de Los Angeles, começa a ter sonhos com um desconhecido, que, eventualmente, viria a ser seu par de física.