Help-me

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Azaléa abriu os olhos e acabou rindo ao ver o montinho de pessoas que agora considerava como amigos, amigos de verdade por mais diferentes e exóticos que eram, todos quase enrolados um nos outros no imenso colchão de edredons fofinhos.

No imenso quarto luxuoso, claro e cheio de janelas que agora revelava a manhã bonita do dia de ano novo, ela se deu conta, não pela primeira vez, mas talvez agora com a noção de que realmente tinha alcançado um lar, que talvez o seu milagre de natal foi realmente obra de alguém superior.

E que seria impossível ser mais feliz do que era agora.

Se ergueu tentando ser o mais silenciosa possível, contudo o marido do regente abriu os olhos e ela parou com um pé no ar para sair da cama imensa no chão em que tinha desmaiado depois da noite de Réveillon mais divertida que teve na vida.

— Aza? Tudo bem?

— Bom dia, Can, sim, está, eu só... As crianças e...

— Ren está com elas, você dormiu tão pouco... Descanse mais.

— Mas eu estou bem, não bebi com as Yoongiminas... – Então riu baixinho quando Can fez cara de quem queria rir. Todo mundo ali tinha algum apelido individual ou em grupo – Vocês são loucos....

Can se ergueu e fez sinal para ela vir por uma trilha entre o povo todo espalhado pelo chão. Com cuidado e com a ajuda do príncipe, ela chegou até a porta e se virou para ele que lhe sorria todo amável.

Jamais pensou que na vida um dia ia encontrar pessoas tão queridas e olha como o destino era maluco e inspirador?

— Vá até o final do corredor que vai dar para o pátio, com certeza seu dono deve estar lá a essa hora. Ele e o filho tem aquela coisa de quem pode desmaiar o outro mais rápido... Tão neandertais, como Tin fala...

Ele deu uma risadinha, ela rolou os olhos super a vontade com aquela pessoa maravilhosa:

— Dono, ainda acho tão estranho...

— Acredite, para mim foi uma loucura também, mas a gente se acostuma, os nomes têm sentidos diferentes por aqui. E nome é só um nome, não acha?

Ela assentiu. Então ele a abraçou com carinho:

— Seja oficialmente bem-vinda entre nós, Aza. Você está nos braços de um dos melhores guerreiros que temos. Vai ficar tudo bem.

Ela assentiu e ele voltou para o quarto e enquanto ela caminhava pelo corredor, todas as suas lembranças retornaram, fazendo do chão limpo, claro e agradável, um chão escuro rústico e sombrio...

Mas as lembranças vieram limpas e sem dor, porque agora sabia que estava livre para sempre daquele destino difícil.



Meses antes


Azaléa só teve tempo de pegar suas duas filhas pelas mãos antes de tudo explodir no tiroteio. Sua pequena casa foi alvejada e ela só rezava com fervor a todos os santos e guias que existiam no mundo para proteger as suas pequenas. Sua vida era no limite do insuportável, mas ela faria qualquer coisa pelas crianças.

O pai delas tinha desaparecido meses antes e ela só conseguia respirar um pouco mais aliviada, afinal aquele cafajeste era um alcoólatra violento demoníaco. Como pôde um dia amá-lo? Como pôde acreditar nas mentiras que saiam daquela boca vigarista, que seria a última vez em que erguia a mão para ela? Uma pessoa cruel, ele era uma pessoa cruel...

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