cap.01 - Piloto.

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Vitória.

    Eu estava deitada há mais tempo do que pude me lembrar. Não dormia e nem comia, o normal seria eu já estar morta pela falta de vitaminas e cálcio, maldita seja a imortalidade. Torcia para que aquilo tivesse um limite e que eu alcançasse esse limite. Não via uma razão plausível para viver todos os dias, sumi de todos os lugares, não queria receber visitas nem das minhas amigas o que resultou no nosso afastamento.

      Cada uma delas viajou para seu país natal, parece que teve alguma confusão porque Abby queria ir para a Inglaterra com Anna, mas seu pai não deixou e ela teve que ir pra os Estados Unidos. Bridget estava na Escócia, aparentemente ela ia morar lá. Sem dúvidas a que mais faz falta é Anna, mas o que eu poderia fazer? Essa tristeza já estragou nossa amizade.

- Filha? Trouxe seu almoço... Merda você ainda não levantou? - Jessi, Hani, Jessica, minha mãe, entrou no quarto com uma bandeja e colocou sobre a cômoda.

- Oi mãe. - Falei fraca, virei as costas e me cobri com o lençol. - Pode levar eu não....

- Levante-se agora, nós vamos até a faculdade ver se a sua matrícula ainda é válida para que você possa ingressar. - Jessica foi até meu guarda-roupas e pegou o vestido mais formal que havia ali. Entre meus inúmeros moletons e calças rasgadas.

- Eu não quero. - Minha voz era quase inaudível, a paciência de mamãe já havia esgotado por mais que ela entendesse minha situação.

- A partir de hoje você não se manda mais. - Jessica puxou o lençol de cima de mim e me fez sentar. - Seu cabelo está horrível, venha vamos tomar um banho.

- Por que não me deixa em paz? - Reclamei quando ela me forçou a ficar de pé.

- A vida não acabou só porque o seu primeiro namorado morreu. - Ela ligou a torneira da banheira na água gelada. Depois me olhou e acariciou minha bochecha. - Você é imortal, ainda terão muitos.

- Nossa mãe, muito obrigada! Estou muito tranquila sabendo que vou ver todos que eu amo morrerem! - Ironizei com um sorriso e revirei os olhos. Aquilo vinha sendo um gatilho pra mim, mesmo que fosse óbvio. Depois da morte de Hyungwon eu vi como era horrível.

     Jessi me deixou tomando banho e saiu do quarto. A água estava gélida demais, meu corpo já não conseguia suportar uma temperatura assim. Recordo do quando eu tomei banho antes de enfrentar Jimin, lembro da sensação diferente, da água gelada esquentando ao tocar meu corpo, dos meus poderes correndo pelas minhas veias e aquela sensação me fez reviver a cena daquele momento fatídico.

    E de repente a única coisa quente era o sangue dele pingando no meu rosto. Meu corpo desliza para debaixo da água, esperava que meu coração parasse de funcionar e meus pulmões se enchessem e eu me afogasse. Não acontecia, quando abri os olhos eu vi um infinito escuro.

    Notei uma claridade passando por mim e iluminando minhas pálpebras. Fazendo com que eu abrisse os olhos e seguisse aquela luminosidade, eram pequenas bolas de fogo, também tinha uma resta de luz um pouco longe de mim. Ví uma fumaça roxa surgir e engolir a luz, porém o fogo conseguiu fugir. Não indo muito longe pois bateu bruscamente na água. E nesse momento eu senti meu corpo ser puxado com aquela mesma brutalidade para fora da água.

- O que você acha que está fazendo? - Taehyung perguntou espantado. Via o medo no seus olhos, não consegui reagir e nem sabia como. O ar ia aos poucos voltando para os meus pulmões junto de minha consciência.

- Estava tomando banho. - Respondi e fiquei de pé. Não era nada que Taehyung já não tivesse visto, e mesmo se fosse o caso eu nem me importaria. Taehyung arregalou os olhos e deu um salto para trás, então ele pegou a toalha para me cobrir.

- Por que desafia tanto sua imortalidade? - Ele me ajuda a sair da banheira e me leva até o quarto. Taehyung tem sido ótimo para mim, chego a me sentir culpada por não conseguir retribuir.

- Pare de se preocupar comigo. - Visto as roupas que minha mãe deixou encima da cama. Taehyung negou com a cabeça e se encostou na porta.

- Não dá, é a terceira vez que eu te pego assim. Não sabemos até onde isso funciona. - Taehyung pegou a toalha e começou a secar meu cabelo. Nisso eu já estava vestida. Engoli o seco quando nossos olhares se chocaram. Ele foi retirando a toalha da minha cabeça devagar sem desviar sua atenção de mim. De repente, seu olhar mudou.

   Ele suspirou como se um cheiro lhe houvesse invadido, seus olhos tomaram uma cor avermelhada e ele me olhava como um predador.

- Ei... Taehyung. - Chamei dando passos para trás, ja sabia onde aquilo ia terminar e eu não estava pronta pra ver. Suas mãos foram ágeis e me puxaram para perto, prendendo meus braços contra seu peito. - O que você está fazendo? Me larga!

- Fique quieta, huh? Isso é uma forma de paganento por eu ter te tratado tão bem todo esse tempo. - Aquele não era Taehyung, ele nunca faria algo assim. Por que eu não conseguia ver o que estava acontecendo??

    De qualquer forma, seus dentes ja estavam pontudos e prontos pra pefurarem minha pele, uma de suas mãos seguraram meu cabelo e inclinaram meu pescoço pra trás. Já estava sentindo a dor insuportável chegar até mim, a agonia do meu sangue sendo extraído e após aquilo, a tontura e desmaio.

Sweet Blood | ARCO 02.Onde histórias criam vida. Descubra agora