LASERGUN
Uma série de ficção-científica em 7 episódios.
Episódio 1
— Sexta, 11 da noite, numa cidadezinha de interior qualquer.
O céu estrelado, limpo e num azul profundo, mas em degradê, reflete o brilho da lua numa bela noite escura.
O silêncio.
Um brilho no céu, por entre a imensidão azul cheia de estrelas, passa batido, rasgando a aparente calmaria. Aproximando-se mais e mais da civilização, já dentro de nossa atmosfera, torna-se ainda mais brilhante. Mantendo-se em alta velocidade, o objeto não identificado tem uma massa interior acinzentada, com um brilho externo branco que reflete sua passagem por cima de um lago.
Uma passagem avassaladora, que rompe o silêncio se houver testemunhas na região. Silêncio também interrompido pelo som de um jogo eletrônico. Melhor, um videogame cuja trilha sonora é bastante retrô, com aqueles barulhinhos característicos de jogos antigos, em 8 bits. Mas o visual é bacana, bem acabado, que fica absolutamente perfeito na tela de um tablet — cujos movimentos, sons e todo o desafio apresentado pelo game envolve totalmente o adolescente que joga sem nem mesmo piscar os olhos. Todos os efeitos e ruídos do game são percebidos pelo som alto, que escapa dos fones de ouvido e pode ser perfeitamente compreensível por quem estiver ao redor. Sua mãe está na cozinha. Seu pai, na sala, ao lado dele no sofá, atento ao noticiário na TV.
Mãe (gesticulando, em direção ao adolescente)
Ric, olha esse volume, menino! Abaixa isso!
Ric apenas ouve um som abafado, ao que desvia o olhar da tela do tablet, vendo os gestos de sua mãe, com os dedos indicadores apontados para os ouvidos. Ele retira os fones de ouvido.
Mãe (repetindo, mais enérgica)
Você vai ficar surdo, meu filho! Será que não pode abaixar esse som?
Ric
Tá bom, mãe... O quê mais?
Mãe
Nada mais, Ricardo. Depois não reclama...
Ric recoloca os fones de ouvido. É um adolescente de 13 anos fissurado em jogos eletrônicos, em tecnologia, filmes, quadrinhos e histórias de ficção-científica e terror. "Devora" tudo isso e chega a "torrar" o dinheiro que seu pai lhe dá, teoricamente para o lanche na escola, em revistas em quadrinhos toda semana. Sempre que pode, não deixa de jogar, seja em consoles — ele tem 2, um portátil e outro desses mais modernos — ou em seu tablet que, aparentemente, só serve para essa finalidade. Seu jogo favorito, no momento, é um hit da app store. Uma batalha de armas lasers entre 2 jogadores, online — isso no modo mais empolgante e excitante do game. Sozinho, contra a memória e inteligência da máquina, talvez não seja a mesma coisa. Talvez. Um barulho cru e estridente em 8 bits ecoando no ambiente. Na tela do tablet, o título do jogo acima da expressão "game over" — LASERGUN.
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Lasergun (Ep.1)
Science FictionLasergun é escrita como a primeira temporada de uma série, com 7 capítulos. Trata-se de um jogo para dispositivos móveis, hipermoderno, porém violentíssimo, no qual um de seus melhores jogadores, o adolescente Ric, é transportado por uma força miste...