Arthur havia acabado de entrar no banheiro para tomar banho e resolvi ligar para Anne, que atendeu no segundo toque.
- Lidy - ela disse com a voz animada.
- Olá - respondi, sorrindo - como estão as coisas?
- Está tudo bem - falou - Nick me perdoou e pediu desculpas, estamos bem novamente.
Suspirei, bem que eu queria dizer a mesma coisa sobre Arthur.
- E como está por ai? - questionou ela, incerta.
- O lugar é maravilhoso, um sonho e há de tudo que você pensar por aqui - minha voz soou um pouco mais animada.
- E quanto a Arthur?
- As coisas estão indo, ainda um pouco tensas, mas indo - suspirei longamente.
- E o que pretende fazer? - perguntou, preocupada - não acredito que Arthur vai deixar a esposa frustrada na lua-de-mel.
- Foi uma das regras que eu estipulei - gemi, desconsolada - ele não me encostou em momento algum até agora - acrescentei. Isso se você não contasse o beijo furioso que ele me deu no hotel na Alemanha.
- Que diabos! - praguejou minha amiga do outro lado da linha e eu consegui ri.
- Mas não se preocupe, eu pretendo mudar as coisas.
- Eu sei que sim - respondeu e pausou por um tempo - mas seria hilário se você fosse indiferente a ele até que voltassem para o quarto novamente. Ele acabaria sendo o frustrado.
- Acha mesmo? - questionei, cética.
- Acredite em mim, eu conheço os homens Sullivans, feriria o ego dele - ela falou rindo.
Nesse momento, Arthur abriu a porta e saiu, os cabelos úmidos e um toalha amarrada na cintura, dando-me uma bela visão do seu corpo perfeito. Fiz um esforço enorme para não olhar em sua direção e continuei falando no telefone.
- Você viu meu terno? - ele perguntou e eu apenas apontei para o guarda-roupa, sem dizer uma só palavra em sua direção. Olhando de esguelha, notei que sua mandíbula trincou e uma veia saltou em seu pescoço, ele ficou nervoso por ter sido ignorado e eu sorri por dentro.
Terminei a conversa, coloquei o aparelho sobre a mesinha e entrei no banheiro. Tomei banho, arrumei meu cabelo, prendendo uma parte e deixando outra solta, enrolando as pontas; fiz uma maquiagem digna de profissional e peguei o plástico preto que continha meu vestido. Havia comprado ele alguns dias antes do casamento e o trouxe para uma ocasião especial; quando sai para comprar, estava procurando algo elegante e luxuoso, mas não que chamasse a atenção por ser espalhafatoso e me apaixonei quando encontrei o que achei que era o certo. Gastei praticamente todo meu dinheiro nele e em sapatos igualmente maravilhosos, mas valeria a pena. Devia ter se passado uma hora ou mais quando um punho furioso bateu na porta.
- Apresse-se, Lídia, ou chegaremos quando estiver fechando - meu marido gritou e praguejou algo em alemão.
Revirei os olhos e me olhei no espelho uma última vez, valeria a pena tanta demora. A garota que me retornava o olhar possuía os cabelos ruivos impecavelmente arrumados, os olhos azuis estavam marcados por sombra e delineador, os cílios longos destacados por rímel, as maçãs do rosto rosadas pelo blush e os lábios vermelhos; o vestido cor palha fechado delineava o corpo, coberto de lantejoulas até a altura da panturrilha e o resto em seu tom natural, de um modo mais solto, as mangas eram unidas apenas por uma faixa brilhante na altura dos ombros e abaixo estava um decote lindíssimo terminando na parte baixa da minhas costas.
Abri a porta do banheiro e Arthur estava de costas para mim, observando para fora da pequena varanda, seus braços cruzados sobre o peito e as pernas musculosas ligeiramente afastadas.
- Estou pronta - falei.
- Até que enfim você... - Arthur começou dizendo e calou-se quando se virou e colocou seus olhos em mim.
Eu podia notar um brilho diferente, desejo simples e puro, assim como a onda que me invadiu quando eu o mirei por inteiro. Senhor, como esse homem conseguia ser tão bonito? Arthur estava com os cabelos impecáveis, vestia uma camisa branca, paletó e calças pretas, uma gravata prata com detalhes pretos e sapatos sociais. O homem parecia... caramba, sem palavras. Simplesmente um deus na Terra e ele era meu marido.
- Já podemos ir? - perguntei ante o silêncio que prevalecia na habitação e me virei, caminhando lentamente até a porta e lembrando-me de balançar os quadris.
O restaurante estava repleto de pessoas, todas elegantemente vestidas, uma música suave podia ser ouvida vindo de um rapaz sentado ao piano, além das conversas baixas. Parecia ainda mais bonito do que quando visitei o lugar à tarde, com todas aquelas luzes iluminando cada canto. Uma mulher nos guiou até nossa mesa e Art puxou a cadeira para que eu me sentasse antes de se acomodar na minha frente. O jantar foi agradável e conseguimos conversar sem nos atacarmos, cada movimento meu era calculado para parecer sensual e desejável, entretanto, com exceção do lampejo em seus olhos quando me viu ao sair do banheiro, Arthur não havia demonstrado nenhuma reação a nada que eu fazia.
- Com licença - disse, frustrada, me levantei e caminhei até o banheiro.
Naquele momento, pessoas começavam a praticamente flutuar até um espaço destinado para dançar e parei por um instante para observar os dançarinos se movendo como se fizessem aquilo com a mesma frequência com que andavam. Entrei no toalete, respirei fundo pensando que teria que mudar minha técnica com o maldito teimoso que estava sentado na mesma mesa que eu, retoquei minha maquiagem e sai. Mal havia dado um passo quando esbarrei em alguém e teria caído se um par de braços não tivesse me segurado.
- Está tudo bem? - uma voz grossa perguntou e ergui o rosto. O homem tinha por volta dos 40 anos, cabelos negros com algumas rajadas acinzentadas, olhos castanhos escuros e sobrancelhas espessas.
- Sim, estou bem - respondi e abri um sorriso - obrigada por não me deixar cair.
- Nunca deixaria que isso acontecesse - deu um sorriso enviesado encantador e estendeu sua mão - poderia me dar a honra?
A resposta negativa estava na ponta da língua quando me lembrei que Arthur provavelmente estaria nos observando.
- Claro - sorri, segurei sua palma e caminhamos até o salão. Ele era um exímio dançarino, com toda sua altura e pose, e por alguns momentos nós apenas dançamos.
- Você é uma mulher deslumbrante - ele sussurrou e eu senti que algo começava a ficar estranho.
- Obrigada - respondi, indiferente.
- Qualquer homem aqui está a desejando desde o momento em que entrou - murmurou - até mesmo eu - e puxou meu corpo mais próximo.
Tentei me afastar sem causar transtornos, mas seu aperto era de aço e uma das suas mãos desceu, cobrindo minha bunda.
- Ei - resmunguei, o empurrando e me afastando por alguns segundos, até que ele me puxou novamente - solte-me.
Sem intenção, olhei por cima do ombro dele e Arthur vinha caminhando com passos largos, as mãos em punhos e os olhos queimando.
- Com licença - disse meu marido com a voz tão tranquila que até me surpreendeu. O homem finalmente se afastou para olhar para trás e apesar de ser alto, Arthur conseguia ficar um pouco mais acima - posso interromper?
- Quem é você? - perguntou o senhor, franzindo o cenho.
- Meu marido - respondi e saltei para perto de Arthur, segurando-o pelo braço, já que parecia estar a ponto de avançar sobre o outro homem - vamos, querido? - por um momento ele ficou apenas fuzilando o senhor com quem eu estava dançando - Arthur?
- Vamos sim - e com isso nós saímos dali.
Arthur estava totalmente tenso sob minha palma e agora eu estava preocupada com o que aconteceria quando alcançássemos o quarto e me arrependendo amargamente do meu plano idiota.
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ღ Conquistando um Sullivan
Любовные романыSegundo livro da série Irmãos Sullivans Após várias decepções amorosas, Lídia Prescot havia desistido há tempos de engajar um relacionamento sério e adquirido para si o lema do carpe diem. As coisas tomaram uma reviravolta quando Arthur Sullivan ent...