"E eu já me proibi de pedir perdão; de me sabotar; de arriscar; de tentar me redimir. E de bar e bar, terminei no mar e encontrei a minha ressaca. E de bar e bar, qual o meu lugar? Se eu me solto, você me arrastar!"
Com o tempo eu estava descobrindo o quão bom era voltar a sorrir, mesmo que as lágrimas seguissem sendo guardadas em algum lugar. Há coisas que devemos ignorar para conseguir degustar algo agradável. Eu não posso dizer com certeza o que significa esta expressão serena em meu rosto, mas posso dizer que gosto das minhas mãos entrelaçadas com a de Soraia enquanto observamos Henry brincar pelo parque. Não é como se só existisse a gente – igual quando era com Emma, – mas é como se o destino soubesse o que estava fazendo.
Quando, naturalmente, ocorria um beijo, nós sabíamos que não era preciso perguntar o que estava acontecendo porque a resposta era simples… nada, não estava acontecendo nada.
Eu sei que às vezes falo no plural, mas eu sou singular, sempre fui, infelizmente nunca soube ser “nós” e aqui está o resultado disto. Eu deixei o amor da minha vida partir por não dividir as dores; por não impedi-lá de sair porta afora naquele dia; por achar que todos são singulares e sabem de si mesmo e hoje estou aqui, com a aliança no anelar esquerdo e sem dizer o que sinto para a morena.
Eu poderia dizer que sei o que faço, mas seria um doce engano. Ninguém sabe sobre nada, a vida é feita de mistério; ilusões; amor e paixões.
Enfim, reparando nos detalhes do dia, Henry era a parte mais bonita… ora o garoto corria de um lado para o outro, ora quedara quieto, pensativo. Muito parecido com a mãe! - eu pensei.E
- Está tudo bem? - Soraia perguntou-me.
Acho que fiquei muito tempo em 'off’, perdida em minhas dimensões. Aceno que sim.
- Não estranhe esse meu jeito. - eu digo receosa. Ela parece não compreender. - Esse jeito de ficar dispersa, no mundo da lua. A minha mente parece um monte de luzes piscando aleatoriamente e às vezes me perco nelas. Desculpa.
Ela me olha com uma certa intensidade. Sinto os seus dedos tateando o meu rosto. Fecho os olhos por milésimos de segundos, sentindo uma certa paz. Quando os abro, me deparo com um sorriso compreensível.
- Regina, você não precisa pedir desculpas por ser quem você é. E quer saber? Eu gosto de cada detalhe seu; do jeito que se perde em seu mundo próprio e do jeito que me deixa estar perto. Eu gosto de você, do jeitinho que você é. - ela diz.
Me aproximo um pouco mais para beijá-la, mas somos interrompidas por Henry.
- Podemos ir? - ele diz sonolento. O garoto parecia cansado.
- Claro, meu amor. - Soraia responde o filho.
- E Regina pode ir conosco?
Prendo o ar por alguns segundos. Mas respondo que sim antes que a morena tente encontrar alguma justificativa para eu não ir.
- Será um prazer, meu príncipe.
Fomos para o carro.
- Você não precisava atender a um capricho dele. - Soraia sussurra.
- Eu gosto de estar com vocês. - respondo, conseguindo fazê-la sorrir.
Silêncio.
- Vocês duas namoram? - Henry pergunta de supetão, nos deixando coradas. Pensei em argumentar alguma coisa qualquer, mas apenas ligo o rádio deixando o volume alto. - Okay, já entendi. Vocês me acham muito criança para saber, certo? Aff! Eu já sou grande e posso saber das coisas! - ele resmungou e eu aumentei ainda mais o volume do rádio.
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126 Cabides - SwanQueen
RomanceDepois de uma grande perda para o casal SwanMills, Emma decide partir... Desolada, Regina segue tentando entender os "porquês" da vida e da covardia de sua esposa. No fundo a morena sabia que era mais forte para enfrentar tudo... Inclusive a perda d...