3.A Nova Guerra Remota

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- É fato que já estamos condenados, apenas por sabermos que no mundo somos o pecado. Não era para ter acabado assim, mas também não era para ter começado com o fim. Cada ser é um sangue puro, e a guerra resolveu tomar um novo rumo. A batalha entre vampiros e bruxas de fato aconteceu, mas agora, mais uma raça apareceu.

- Corram! - Disse Gaya. 

Os quatro correram para fora da caverna sem olhar para trás. Alesso e Gaya chegaram primeiro ao lado de fora por serem mais rápidos. Pararam instantaneamente ao se verem cercados por seis grandes lobos marrons de variadas tons já do lado de fora, sob quatro patas tinham cerca de um metro e cinquenta. Os irmãos ficaram em posição de ataque e seus caninos cresceram, enquanto seus olhos se mantiveram vermelhos desde a noite passada. Anthony e Cler ao se verem cercados abriram suas mãos com as palmas viradas para a frente prontos para se defenderem. O lobo negro que estava dentro da caverna saiu andando calmamente atrás dos jovens. Ele segurava uma mala de couro pela alça em sua boca. Os rodeou e parou ao lado dos outros lobos e soltou a mala no chão.  Aqueles seres ficaram sob duas patas e começaram a diminuir, patas viraram mãos e pés, focinhos viraram narizes, os corpos de animais viraram corpos humanos, mas os olhos amarelos de todos eles continuaram brilhantes no fim da madrugada. 

Os sete homens agora, estavam nus, cada um pegava um casaco comprido de couro marrom dentro da mala e o vestiam para se cobrirem.

– Fiquem calmos. – Disse o alfa da matilha. Ele olhou nos olhos de Alesso e Gaya – Lobisomens e vampiros são velhos conhecidos. – Em seguida olhou para Anthony e Cler dos pés a cabeça. – Sou Eikon. Não se preocupem eles não iram lhes machucar!

Eikon era um homem alto, forte, pele rígida e morena, barba por fazer e cabelos negros de fios médios que escorriam pelo seu rosto. 

O sol começava a nascer no horizonte. Alesso e Gaya se olharam e começaram a ficar ansiosos para saírem dali, mas estavam impedidos pelos lobisomens. 

– Lamento nos conhecermos desse modo, mas queremos oferecer nossa amizade a vocês. – Eikon continuava a falar. 

A claridade solar chegou até eles. Os dois vampiros dali começaram a ficar vermelhos, sua pele ardia e queimava, saia uma escassa fumaça dela. Eikon e sua matilha os observaram queimar por alguns instantes sem se preocuparem. Alesso e Gaya se contorciam levemente de dor. Então o alfa interveio:

– Oh, o sol. Vão! – E os homens ali abriram espaço para que eles passassem.

Com toda velocidade os irmãos saíram dali. Cler e Anthony correram por alguns metros enquanto os lobisomens se viravam para olhá-los. Alesso e Gaya bateram e encostaram em uma grande roxa no meio da floresta, onde os raios solares não passavam pelas copas das árvores. Sua pele começou a se curar. Em instantes, os bruxos apareceram mais à frente deles.

– Vocês estão bem? – Perguntou Cler. 

Os irmãos assentiram com a cabeça. 

– Vocês acreditaram neles? – Perguntou Anthony. 

– Eu não sei. – Respondeu Alesso se recuperando.

– Temos que voltar para casa! – Falou Gaya. – Mesmo que nos prendam pela eternidade. 

Concordaram. Foram. Alesso e Gaya para seu clã. Anthony e Cler para seu bairro na cidade. 

***

Ao chegarem no Saint Andrews, o ambiente estava silencioso, havia fileiras de sacos pretos com corpos dos vampiros que haviam morrido na batalha. Os irmãos caminhavam pelos corredores para encontrar seu pai, todos os olhavam com desprezo e raiva. Sarah, a vampira ruiva e alta que ameaçara Abraham com a morte de seus filhos os olhou com desdém e lhes deu as costas sumindo pelos corredores de sua casa, ela não queria compartilhar o mesmo lugar que eles. Alesso e Gaya encontraram seu pai em uma das salas de estar do segundo piso. Ele estava com sua camisa preta rasgada e sujo de sangue como os outros, e observava os vampiros colocados lado a lado no chão. 

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