1. abraços, primeira lição e cafuné

996 117 82
                                    

 Uma festinha nunca matou ninguém.

Cinco palavras simples e aparentemente inofensivas. Foi assim que Jeon Jungkook persuadiu Park Jimin, seu melhor amigo e fiel escudeiro, a acompanhá-lo a uma festa de fraternidade, depois de horas tentando convencer o moreno de que não era uma ideia tão ruim.

— É uma ideia terrível. — Jimin murmurou, ajeitando os fios rebeldes que resvalavam por sua testa.

— Você nunca vai à festas, hyung! Vai poder conhecer pessoas lá! Quem sabe até beijar alguém? — Arqueou as sobrancelhas em uma expressão sugestiva e Jimin fez uma careta, sentindo um calafrio tomar seu corpo com a simples possibilidade de beijar alguém.

Sempre havia achado estranho nunca ter visto apelo em beijos, revistas ou filmes pornográficos como outros jovens da sua idade. Ele viu seu dongsaeng dar seu primeiro beijo antes dele, com um garoto da sua turma de inglês.

Jimin ainda podia lembrar-se da careta que fizera quando Jungkook descrevera a experiência que envolvia dois pares de lábios, duas línguas e muita saliva. Nunca entendeu o que havia de errado consigo. Por que não sentia vontade de beijar Chungha, sua colega da aula de sociologia, como os outros garotos normais? Por que recusara o convite de Kihyun, um dos garotos mais bonitos de toda a escola, de encontrá-lo no campo atrás do prédio depois da aula?

Nos anos que seguiram de sua adolescência, os questionamentos apenas aumentaram. Foi quando aos dezessete anos, preparando um trabalho de sociologia sobre sexualidade, navegando em milhares de abas de pesquisas, encontrou uma que lhe chamou a atenção.

Assexualidade.

O site definia um indivíduo assexual como alguém que não tinha interesse algum em práticas sexuais. Curioso, aprofundou-se ainda mais na busca que tomou quase duas horas de seu tempo. Quando terminou, após ter concordado com diversas características atribuídas a classificação, ele não se sentiu mais tão deslocado.

Park Jimin, vinte e dois anos, estudante de enfermagem, assexual e homorromântico.

O último item ele descobriu ao ver-se perdidamente apaixonado pela primeira vez aos dezenove anos, pela última pessoa a qual imaginou que poderia gostar de outra forma além de fraternal.
Seu melhor amigo, Jeon Jungkook.

— Estamos perdendo a festa, Jimin-ah. — Jungkook resmungou, abraçando o moreno por trás para fazê-lo apressar-se, resultando no mais velho sentindo seu coração falhar uma batida. — Aquele é o Hobi-hyung?

Jimin apertou os olhos, tentando focar-se na figura agachada na calçada ao mesmo tempo que lutava para ignorar o calor confortável do corpo em suas costas. A medida que se aproximavam a visão ficava mais clara e, definitivamente, aquele era Hoseok, mas não era assim que imaginaram que o encontrariam: com as mãos apoiadas nos joelhos e uma poça de vômito a sua frente, respirando pesadamente.

— Hobi! — Jungkook chamou e Jimin aproveitou para desvencilhar-se de seus braços. Hoseok ergueu a cabeça e sorriu fraco, acenando com uma das mãos.

— Ei. Aí estão vocês. O Taehyung achou que o Jimin fosse furar de novo. — Jung gargalhou.

— Eu não ia deixar ele fazer isso. — Jungkook tinha um olhar irritantemente convencido e Jimin rolou os olhos.

— Hobi-hyung, você está bem?

— Estou sim, relaxa. Os meninos estavam fazendo shots de bomba de cereja lá dentro e eu acabei bebendo rápido demais. — Hoseok dispensou a preocupação do outro com um aceno. — Podem ir. Vou ver se o Taehyung tem uma escova de dentes extra naquele armário. Encontro vocês lá dentro.

concreto e abstrato ♡ jikookOnde histórias criam vida. Descubra agora