Contrato de Desapego

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             Chester Bennington – POV.

O que salvou meu primeiro dia de aula foi os últimos periodos da minha matéria favorita. Me sinto mal por passar o ano passado longe do colégio exatamente por isso, tenho um fascínio muito grande por química, física e matemática, não me dou muito bem com as outras matérias, por incrível que pareça.

Pelos dois períodos me mantive com a atenção voltada apenas a matéria, às vezes sentia o olhar de Mike em minha direção, me encarando de canto como se tivesse intrigado com alguma coisa, mas simplesmente não consegui me sentir desconfortável.

Aliás, era a minha matéria favorita.

Mas o tempo passou mais rápido do que eu queria, e logo o sinal tocou para irmos para nossas casas.

Coloquei todo meu material na mochila, checando se não havia deixado nada para trás e segui para o corredor.

Amanda estava vindo um pouco atrás de mim conversando com os seus três amigos que havia me apresentado mais cedo - e só de lembrar já me fazia queimar de vergonha.

Não estava sozinho, estava próximo deles, mas minha cota de socialização por hoje já bateu o limite. Ouvia eles falando em combinar alguma coisa no final de semana, e eu estava torcendo para que não mencionasse meu nome. Como se eu não conhecesse a Amanda.

– Claro! E já aproveitamos para vocês e o Chaz se conhecerem melhor, não é? – Sinto um cutucão no meu ombro.

– É, aham. – Forço um sorriso, porque eu queria passar o final de semana ouvindo os vinils das minhas bandas favoritas e jogando o meu Nintendo 67.

– Faz assim não, Chazy. – Ouço a voz de Mike falando de forma debochada o meu apelido e apertando meu ombro. – Vai ser legal você conhecer nosso-lugar-secreto. E eu juro que acho alguém para você ficar.

– Eu vou pensar. – Puxo meu ombro fazendo-o soltá-lo.

– Fala aí, você tem preferência por meninos ou meninas? – Mike diz num tom brincalhão de novo.

Esse comentário faz minha espinha gelar. Eu lembro do barulho dos tapas e socos que levava dos meus pais biológicos pelos sorrisos bobos que deixava escapar quando conversava com o meu vizinho. Eu realmente sentia um carinho diferente por ele, e toda vez que voltava para a casa depois de ir brincar ou jogar vídeo game com ele tinha a sessão tortura. Quando meu pai não estava em casa, era minha mãe que me batia me xingando das mesmas coisas que meu pai, e depois me deixava trancado em meu próprio quarto. Mas nunca me proibiram. Hoje eu entendo que era apenas para me machucar.

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*Flashback On:

– Mãe, para! – Pedia Chester entre lágrimas.

– Se você não parar de chorar eu vou dizer para o seu pai vir conversar com você mais tarde! – A mulher sussurra em tom de ameaça, com o ódio explicito em seu olhar.

– Não, mãe, por favor. – Implora tentando controlar o choro.

Então mais um tapa com força estala no rosto pequeno de Chester, e o choro foi engolido por um suspiro.

– Eu já disse para você parar de rir feito menininha para o filho riquinho do vizinho. Você parece uma puta. – Outro tapa foi depositado no rosto de Chester. – Agora reze para meu humor estar bom quando seu pai chegar em casa, e não saia do seu quarto até eu chamar. – Ameaça cambaleando para fora do quarto, apagando o cigarro na parede e pegando a garrafa de vodka de cima da escrivaninha que Chester usava para fazer os deveres de casa, fechando a porta com violência.

It's Been A Long Road [LONGFIC]Onde histórias criam vida. Descubra agora