Mudanças

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Rio de Janeiro
Novembro, 2025

Rodrigo soltou um suspiro de alívio assim que pisou em casa e deixou suas malas ao lado da porta.

Estava a quase um mês fora, sem ver o seu amor e as suas meninas. Suas carreiras tinham deslanchado. Agatha tinha finalizado a pouco uma minisérie, aclamada pela crítica. E ele era um dos protagonistas da atual novela das 21h, que estava chegando ao fim.

Tinha passado as últimas 3 semanas longe do país gravando suas últimas cenas, e pegou o primeiro vôo disponível assim que acabou. Amava o que fazia, mas ficar longe delas tanto tempo beirava o insuportável e ele jurou para si mesmo que nunca mais passaria todo esse tempo longe. Da próxima vez as levaria junto pra onde quer que fosse.

Ajustou seus olhos ao escuro. A sala estava mal iluminada, as únicas luzes vinham da rua e da escada que dava para o segundo andar.

Assim que Sofia nasceu, pouco mais de 3 anos atrás, sentiram a necessidade de mudar para um lugar maior. Queriam que as meninas tivessem mais liberdade, mais contato com a natureza. Compraram então a casa onde moravam atualmente. Com um quintal grande, como Agatha sempre quis. Mais um sonho realizado juntos.

Subiu as escadas, tomando cuidado para não fazer barulho. A julgar pelo silêncio dentro da casa elas já estavam dormindo.

Empurrou a porta do quarto delas, que estava apenas encostada. O abajur aceso na mesa de cabeceira, posicionada entre as duas camas, iluminava o rostinho das suas garotinhas, que dormiam tranquilamente.

O mesmo bico da mãe.

Ele pensou e sorriu, enquanto as olhava. Elas ficavam incrivelmente parecidas com Agatha enquanto dormiam. Resistiu a vontade de acordá-las para avisar que o papai tinha voltado. Estava morrendo de saudades mas teria todo tempo do mundo para recuperar as semanas que ficou fora a trabalho.

Beijou o cabelo escuro das duas e apagou o abajur antes de sair em direção ao seu quarto. A cama de casal ainda estava arrumada e, mesmo com o barulho da chuva lá fora, pode escutar o som do chuveiro ligado vindo do banheiro.

Graças a Deus ela ainda estava acordada. Não aguentava mais nem um segundo longe da sua mulher e ao contrário das meninas, ele a acordaria sem pensar duas vezes caso ela estivesse dormindo.

Agatha estava de olhos fechados, perdida em seus pensamentos enquanto a água lavava de seu corpo o cansaço do dia. Arrepiou-se, primeiramente de susto, ao sentir a respiração dele em sua nuca.

Rodrigo, finalmente.

O susto imediatamente se tornou em paz, alívio por ele estar ali, com ela. O coração saudoso acelerou quando a pele quente dele tocou a sua.

"Meu Deus, que saudade, meu amor." Rodrigo sussurrou em seu ouvido, o peito nu colado as costas dela, os braços a envolvendo. Agatha sorriu, deixando o cheiro dele lhe invadir e seu corpo derreter naquele abraço. "Que saudade."

"Eu to sonhando ou você realmente ta aqui?" Ela perguntou, rindo, cogitando por alguns segundos que aquilo fosse algum delírio da sua mente, e do seu corpo, que gritavam por ele de todas as maneiras possíveis.

"Eu to aqui." Respondeu virando o corpo dela para o seu, o coração errando todas as batidas ao finalmente por os olhos naqueles lábios carnudos e nos olhos verdes que estavam em seus sonhos todas as noites, sem excessão. Ela o envolveu em um abraço esmagador, seu corpo molhado se moldando ao dele. Estavam juntos há mais de sete anos e as vezes parecia que era a primeira vez que ela estava em seus braços, tão sua.

"Eu não aguentava mais ficar longe de você, Rod." A voz dela saiu manhosa, quase um gemido, enquanto ele roçava a barba e os lábios pela extensão de seu pescoço.

Momentos de nós doisOnde histórias criam vida. Descubra agora