Prólogo

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Prólogo

São Paulo, Capital 23:45hrs

Os relâmpagos que brilhavam no céu, iluminavam o quarto que estava escuro, a luz estava desligada, eu sentia que o ar estava pesado e quente, afinal, era uma típica noite de verão em São Paulo. Virei-me na cama, estava ruim de dormir com o calor, e nada o resolvia, nem mesmo o banho gelado que tomei há poucos minutos atrás.

Fechei os olhos na missão de conseguir finalmente adormecer, porém um barulho de vidro se quebrando me fez desistir da ideia, fiquei dura na cama, sentei-me rapidamente, com a mão no peito, imaginando que era Adam, meu marido. Afinal, as crianças tinham ido para a casa da minha mãe a pedido dela, para que pudessem lhe fazer companhia, ela frequentemente me pedia isso, principalmente depois que meu pai morreu.

O que eu achava ótimo, pois assim, evitava que eu me preocupa-se que as crianças presenciassem as violências de Adam, já que elas estão crescendo e entendendo mais, fazendo com que a cada dia ficasse mais difícil de esconder isso delas, mas por sorte elas ficavam muito com minha mãe, o que achava ótimo, pois quanto mais longe meus filhos ficassem dele, melhor.

Escutei a porta se abrir, deitei rapidamente, fechei os olhos com força, mordi os lábios ao sentir o cheiro forte de bebida que impregnou todo quarto, engoli a seco, assim que senti ele deitar ao meu lado e logo depois os seus fortes braços me abraçaram.

— Melanie acorde. — Ele disse, ao notar que sequer me mexi. Parecia impaciente, pois logo começou a me sacudir violentamente.

— Adam eu quero dormir. — falei ainda mantendo os olhos fechados.

— E eu quero trepar, venha e faça seu papel de esposa! — Ele respondeu, num tom alto e grosseiro.

Há muito tempo deixei de ter vontade de ter relações sexuais com Adam, ultimamente sempre que ia para cama com ele, era porque ele me forçava a fazer sexo, e isso além de me incomodar, me machucava. Porém, ele contribuiu para a minha falta de vontade, não fora o tempo que desgastou a relação, nem porque simplesmente não o desejo mais, não posso culpar-me por isso, pois ele, ele que acabou sendo o culpado. Suas grosserias, sua falta de amor e cuidado, e principalmente, os seus tapas e socos, faz com que se torne impossível eu sentir qualquer coisa por ele, que não seja medo e ódio. Adam não era mais a pessoa que eu conheci, antes, embora brigássemos de vez de quando, nada comparava ao que temos hoje, eu o amava tanto, ele era tão especial para mim e hoje veja só ao ponto que chegamos, dois desconhecidos dividindo uma cama. Para ele eu era apenas alguém que saciava os seus desejos carnais e para mim ele era um peso, que carregava apenas por medo.

Adam apertou minha cintura, ele se esfregava em mim como um animal no cio, odiava quando ele fazia isso, parecia que me tratava como um simples objeto, que não tem sentimentos, desejos e vontades. Para ele não importava que eu não queria, que eu não o desejava, tanto faz, ele se saciaria de qualquer forma. Tornou-se um canalha, agressor e egoísta.

Sua mão foi para debaixo da minha blusa, ele subiu e agarrou meu seio com força, logo em seguida senti uma mordida no ombro.

— Para Adam, está me machucando! — grito, mesmo sabendo que de nada irá adiantar.

— Cala a boca! Desses tempos para cá, você anda cheia de frescura, só quer negar sexo, tem é que me agradecer porque ainda te procuro, dificilmente outro marido faria isso na situação em que você está!

Ele apertou mais os dentes em meu ombro e gemi de dor, tentei retirar a mão dele de dentro da minha blusa, porém ele foi mais rápido que eu e me virou na cama, segurou meus braços em cima da cabeça e me olhou bem no fundo dos olhos, passando as pernas pela lateral do meu corpo.

Enquanto o encarava, fiquei com muito medo daquele olhar, pois enxerguei ali um olhar de pura maldade, um olhar que há um tempo atrás eu nunca imaginaria encontrar nos olhos de meu marido, foi então que o soco veio com força na lateral do meu corpo, me encolhi e gemi.

— Xiii. —Ele disse. —A dor já vai passar, se acalme.

— Por favor, Adam, por favor... — disse me debatendo em baixo dele.

Ele soltou meus braços passou as mãos em meu rosto e pousou elas em meu pescoço, ele acariciava me olhando profundamente, como se tivesse em um transe. Quando seus olhos focaram em mim de novo suas mãos começaram a se mover, elas desciam pelo meu corpo dando leve apertões, quando mais suas mãos desciam, mais desespero eu sentia. Ele se sentou sobre os joelhos para abrir sua calça e nesse momento tive a oportunidade de escapar, me levantei correndo, mas não fui muito longe, senti uma mão puxar meus cabelos.

— Onde você pensa que vai?

— Não quero fazer sexo Adam, não estou com vontade, entenda que nem sempre quero, sexo para mim e diferente você sabe. — Eu o empurrei e sai de seu domínio.

— Eu sei?

— Sim sabe que não faço por fazer, tenho que sentir vontade, e no momento não tenho.

Andei até o guarda roupa na intenção de pegar um lençol e um travesseiro e ir embora dali, pois eu sabia que naquela noite seria impossível dormirmos na mesma casa, e se eu continuasse insistindo em permanecer no mesmo quarto que ele, com certeza sofreria uma nova agressão, e ainda eu estava me recuperando da anterior.

Tentei me mostrar tranquila como se aquilo não me abalasse. Por um instante fiquei de costas para ele, só fora poucos segundos de distração.

— Querida, você não tem muito o que escolher, não acha? Basta o meu querer, e eu quero!

Ele disse em meu ouvido, fechando lentamente a porta que eu havia aberto, senti minhas pernas moles. Abro minha boca para respondê-lo e insistir que não quero, estava cansada de fazer sexo sem vontade, isso já estava acontecendo com frequência e estava me abalando fisicamente e psicologicamente, de uma forma tão intensa que já não aguentava mais, mas não tive oportunidade, pois, ele bateu minha cabeça contra a porta de madeira maciça, e imediatamente tudo ficou escuro.

***

Quando acordei minutos depois senti um peso em cima de mim, Adam estava me penetrando com violência e urrando feito um animal feroz, não me mexi, apenas virei à cabeça e deixei que ele terminasse o mais depressa possível, ás lágrimas doloridas começaram a cair de meus olhos, chorei em silêncio mais uma vez.

Sempre quando eu dizia não, ele dava um jeito, essa situação para mim já não era novidade, mas me doía sempre com a mesma intensidade.

Assim que terminou ele se virou para o lado, eu me cobri com um lençol eme virei também, chorei sem fazer barulho até que finalmente escutei eleroncar. Demorei mais alguns minutos para me certificar que ele estava dormindoe me levantei com dificuldade, peguei o resto da minha roupa rasgada, joguei emum dos cestos de roupas e fui para o guarda roupa, vesti uma calcinha e umshorts, coloquei um sutiã qualquer e uma camiseta velha. Desci as escadas,peguei as chaves do carro no aparador e sai, não aguentaria ficar ali maisnenhum minuto, queria ir embora e se pudesse não voltava nunca mais. O Meudestino? Bom, era onde Deus quisesse que eu fosse.

Um caminho para a FelicidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora