16/09
Olá, P
Toda a minha vida desejei encontrar alguém como tu, alguém com a qual fosse feliz e pudesse partilhar tudo. Achei que "tu" eras essa pessoa, mas não eras.
A verdade é que desde que foste embora desapareci na tua vida. Ser tua namorada ou não te ser nada parecem-me coisas tão semelhantes que julgo já não saber a diferença.
Choro todos os dias, às vezes em pequenos momentos. Uma simples conversa, observar o meu sobrinho a gatinhar, ver a minha irmã a cozinhar, ouvir música, escrever, ver a tua fotografia e o teu nome que não aparece tantas vezes quanto gostaria no ecrã do meu telemóvel. Enfim, tu sabes do que isto se trata, certo? Afinal tens que saber. Foste tu que provocaste isto. Lentamente, mas foste tu.
Ora vou contextualizar para quem é de fora como uma espécie de anúncio. Namorados, casal feliz, sem discussões, respeitávamos o espaço um do outro e víamos no outro um melhor amigo, a outra metade que estava em falta. Que cliché (eu sei), perdoem-me esta última parte. Bem, nós éramos de facto um casal feliz mas entretanto ele/tu (depende de quem lê) foste estudar para fora e então todas as promessas que tu te vinculaste de livre e espontânea vontade desapareceram. Eram piadas para ti? Quando dizias que era a tua pessoa preferida, que tinhas a certeza do que sentias, que sabias que ia ser difícil mas nunca te ias esquecer de mim, que ias estar lá para mim como eu estaria e sempre estive para ti.
O mundo é complicado. A vida é complicada. Relações à distância são complicadas.
Não acredito em nada do que disse acima. Tudo o que acontece é fruto das nossas decisões que por males nossos têm consequências.
De vez em quando vem alguém que diz "é natural - relações à distância são muito difíceis de funcionar" - torcia sempre o nariz. Olha que merda de desculpa e que falso pretexto para justificar que uma das partes seja completamente egoísta e que não se dê ao trabalho de partilhar um minuto com quem diz que ama.
Não digo, atenção, que não possam ambos estar errados. "Ah nem sempre é a pessoa que está longe. Às vezes a que fica é a pior" - como se interessasse muito, han?
Só posso falar do que sei. E no meu caso sou a pobre criatura que ficou a ver o outro partir.
Ainda não estão convencidos, certo?
Vou reformular porque afinal esta carta é para ti P, ainda não estás convencido que a culpa é tua?
Nunca fui uma namorada possessiva, controladora ou ciumenta. Aliás, não parece, mas sou extremamente descontraída e relaxada sobretudo no que diz respeito a relações (amigos/amor/família). Nunca exigi mais do que devia, nunca faltei ao respeito a quem amava. Sou perfeita? Nah, isso seria extremamente aborrecido. Mas sabes quem também não é perfeito? Tu.
Queria eventualmente perdoar-te porque por um lado isso pode significar que voltas para mime mesmo depois de tudo é incrível ainda te querer tanto de novo, a vida era tão bonita contigo nela. Era tudo entusiasmante e aconchegante e não devia querer isto porque já me mostraste vezes sem conta que não tenho esse lugar na tua vida. Mas caramba, continuo a querer tanto que voltes para mim, que lutes e que entres com uma força em que não me sinta mal para voltar a dar tudo por esta relação.
Por outro lado não te consigo perdoar porque se te perdoar significa que aceitei que me deixaste de amar e não quero aceitar isso. Ainda estou naquele ponto da minha vida em que o perdão só existe se de repente o amor voltar, se o que aconteceu foi um erro para ti. Então isto significa que sou uma grande idiota.
Respondi-te hoje a uma história a dizer "que bonito" e se por um lado quero que o teu coração salte quando vejas a minha notificação, não quero que penses que te estou a perdoar. Estou a ficar melhor, sem dúvida, mas ainda te queria tanto comigo e enquanto te quiser tanto comigo, enquanto te amar acho que vou ficar sempre aqui com o coração partido.
É isto: no dia em que o coração não estiver partido então vou ser capaz de perdoar completamente, enquanto há tanta mágoa, tanta dor e tanto amor parece-me impossível ainda que de vez em quando mais por saudades do que por outra coisa vá falar contigo.
Estar em casa até junho parece-me uma grande dor de cabeça, porque se por um lado perco a parte bonita que trazias à minha vida perco também a minha vida e isso não é nada fácil.
Também gostava que voltasses para o ano, mas parece impossível. E se voltasses, voltavas para mim? Também parece impossível.
Se voltasses mesmo, voltavas agora em junho... estava quase! E agora até podia ir ter contigo, não tens aulas e eu tenho aulas online podia ficar em amsterdão contigo, mas tu nunca ias querer isso. Tu preferias fingir que as coisas estavam bem à distancia só por estar.
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História triste, história real
Roman d'amourTudo é bom, tudo acaba. Não leiam se sofrerem por amor ou então leiam para sofrermos juntos.