Corte de Estrelas e Luz Solar

Capítulo 37

Por mais que Finn se esforçasse, havia uma voz em sua mente dizendo 'lento demais, lento demais'. Estava cercado de adversários, que o impediam de voar para onde viu Sky indo. E por mais que gritasse por ela, sua irmã não ouvia ninguém, apenas determinação em suas feições.

Então quando enfim, com um golpe poderoso, o jovem se livrou fos guerreiros, voou direto para lá, apenas para ver seus temores confirmados. Clythia gritava coisas, lendo de um livro de aspectos maligno, uma mão estendida na direção da illyriana, que gritava e se debatia no chão. E logo outros começaram a se amontoar ao redor de onde as duas estavam, mas havia algo de ruim no ar, como um agouro ou uma presença maléfica.

Quando Finn deu o primeiro passo para tentar chegar até elas, braços familiares o seguraram. Com um olhar angustiado, viu a preocupação nas feições de Odrik, que atravessou para seu lado bem a tempo de impedir que o guerreiro também fosse afetado pelo feitiço maligno.

E então passou, e todos convergiram, mas Clythia ainda assim conseguiu fugir. Era para estar totalmente desprovida de seus poderes, mas claramente não era o caso. Mas ninguém perdeu muito tempo com especulações, preocupados que estavam com Sky.

Finnigan viu a maneira que Armand se ergueu com a parceira nos braços, pálido e assustado, Mena a seu lado parecendo prestes a chorar. Seria a primeira vez que ele veria isso acontecer, mas havia tanta emoção enquanto esta olhava o rosto de Sky que realmente parecia que iria acontecer.

Depois disso as coisas se tornaram confusas, com forças acabando de invadir e tomar o castelo, mas um pequeno grupo retornou à Prythian. Finn deixou-se ser guiado por seu parceiro, o coração pesado.

Sky ainda não havia acordado.

***

As palavras ficaram se repetindo da mente de Armand. Uma revolta ardente e louca o invadia a cada vez que lembrava de cada uma delas.

"Não há o que fazer. Essa maldição não pode ser quebrada, a única forma de ser desfeita é consumindo sua fonte de poder."

Tanto seu pai quanto Tesan concordaram com isso. Aquela maldita desgraçada atou o poder de Sky de forma que enquanto ele existisse, ela seria lentamente destruída, como um pedaço de madeira sendo vagarosamente transformado em brasas. E era isso que estava acontecendo.

Mais de um dia havia se passado, e as antes lindas asas de sua amada Sky agora exibiam grandes buracos de bordas queimadas, que pareciam aumentar gradativamente. E por mais que ela estivesse desacordada, seu corpo estremecia de tempos em tempos, como se a agonia que sofria agora fosse maia forte que sua inconsciência.

Observou seu corpo imóvel, a forma como os cabelos estavam quebradiços, a pele pálida, e fechou os olhos. Um ofego de dor escapa de seus lábios, de pura agonia. Queria lutar e gritar e tentar com tudo que tivesse livrá-la disso. Mas em seu íntimo algo dizia que a estava perdendo.

Sentou-se no chão ao lado da cama, de frente para a cadeira em que Mena havia adormecido de exaustão. Ela vinha sendo tão forte! Se não fosse por ela, provavelmente já teria quebrado. Precisava delas. Das duas. Recostando a cabeça na lateral da cama, fechou os olhos e deixou que momentos dos últimos meses viessem a sua mente, as risadas dos três, o olhar feroz de ambas treinando enquanto ele assistia, Mena batendo não mão de Sky para ela não estragar a comida que estavam preparando, estar deitado com cada uma delas aninhada em um lado de seu corpo, os suspiros e gemidos que os três compartilhavam...

- Ela vai ficar bem. - A voz de Mena disse baixinho, sua mão o tocando no rosto, afastando as lágrimas que escaparam.

Armand abre os olhos e a vê no chão também, ajoelhada a seu lado. Dor e sofrimento. Preocupação, esperança e amor. Tudo ali no intenso verde de seus olhos. Num gesto mudo o jovem ergue um braço, e ela se aninha contra ele, suas mãos agarrando sua camisa com tanta força que quase a rasga. Procurando algo a que se apoiar, algo que dê força às palavras que acabou de proferir.