Silenciosamente amaldiçoei a habilidade como jardineira da minha mãe. Juro que a grama que cercava nossa varanda cresceu um metro na semana que estamos aqui. Hesitei em passar por ali, mas era minha única oportunidade de escapar de uma morte lenta e dolorosa oferecida pelo demônio.
Algo me golpeou nas costas. Giramos em lentas voltas em uma massa de ar quente em direção a porta do meu vizinho e aterrissamos em um golpe seco que me deixou totalmente tonta, rodando fora de controle.
Um grito demoníaco cortou a noite, em seguida silêncio.
Nossos corpos pararam de rodar antes que minha cabeça parasse. Espantei a vertigem e me sentei. Minha cabeça girando enlouquecida para um lado, para o outro, para cima e para baixo. Olhei para todos os cantos próximos, estreitando os olhos para me concentrar nas sombras. Nada. Nenhum perigo aparente.
Fechei os olhos, me concentrando, e sem dúvida não pude sentir nenhum demônio. Sabia que ele tinha ido. O que significava... O que exatamente? Talvez alguém tenha aparecido e o assustado. Refletindo esse pensamento, mordi minha bochecha enquanto a adrenalina diminuía. Uma voz interrompeu o caminho dos meus pensamentos para nenhum lugar.
— Uh, se importa?
Olhei para baixo e vi algo muito mais assustador que qualquer demônio. Um garoto. Da minha idade. Todo quente, lindo e gostoso. E eu estava em cima dele. Escarranchada sobre seus quadris. Por Deus. A adrenalina restante me golpeou, tirando o ar de meus pulmões e me deixando gelada com... medo? Emoção? Vergonha? Pode escolher uma.
Minhas cordas vocais se recusaram a funcionar. Eu só podia olha-lo. Pele suave, traços esculpidos pelos deuses, mandíbula forte, nariz reto. A queda havia bagunçado seu tão negro-cabelo-que-brilhava-azul em um despenteado casual. Ele deveria estar desfilando seminu pela praia do Pacífico Sul, com sua pele reluzente e sua sensualidade casual, um sorriso cheio de promessas em seus lábios cheios.
Mas foram os olhos que me mantiveram olhando-o fixamente. Marcados por grossos cílios, o marrom escuro brilhava com tons carmesim e âmbar que me puxavam para sua tranquila profundidade. Intrigada por sua quente luminosidade, eu me inclinei para ver de perto, levada pelo tipo de curiosidade que sem dúvida matou o gato. Minha cabeça ainda estava nublada pela emoção, e quando os aromas de grama recém-cortada, couro e almíscar encheram meus sentidos, quase suspirei.
Só quando minhas mãos tocaram o algodão suave de sua camisa e os duros músculos se expandiram embaixo, senti um calor vindo de onde nossos corpos se tocavam. Sua mandíbula estava tensa. Ele correu suas mãos sobre meus músculos e as fixou justo acima de meus quadris. Seus dedos se afundaram na minha pele e empurrou a parte superior do meu corpo para frente. Me perguntei em um pânico confuso porque eu não estava me afastando do beijo que ele estava a ponto de me dar – quando seu peito ficou tenso e ele me empurrou longe.
Uhhhh. Interpretei mal.
Aterrissei em um golpe pela enésima vez essa noite e fiquei deitada tentando recuperar o fôlego e acalmar meu ego. O orvalho úmido se infiltrou pela minha já molhada camisa. Suor salgado ardia meus olhos. Afastei a longa cascata de cachos emaranhados do meu rosto. Meu novo gel para cabelo. Maravilhoso.
O garoto exótico se levantou e deu uma volta completa, observando nossos arredores, ligeiramente envergonhado. Finalmente deu a volta, abaixou sua cabeça, relaxou seus ombros e respirou fundo.
— Desculpe, não te vi a tempo. — Sua voz soou grave enquanto girava franzindo o cenho, o que tirou a sinceridade de suas desculpas.
— Sem problemas. — Fiquei de pé, me preparando para recusar educadamente sua ajuda. Ela nunca chegou. Ao invés disso ele se afastou.
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#1 - Demons At Deadnight (Divinicus Nex Chronicles)
ParanormalDurante dezessete anos para Aurora Lahey a sobrevivência tem sido um estilo de vida. DESTINO DEMONÍACO Aurora tem o superpoder mais inútil do planeta, e isso só liberou um esquadrão do inferno. Os demônios estão à caça, sobrevivendo apenas para cort...