Yuki

Despedida Gélida

Os pequenos flocos finos começaram a cair das tenebrosas e pesadas nuvens cinzentas para quase um tom de escuridão. O intermédio entre trevas e paz não transmitiam medo ou alegria naquele local... Só o silêncio. Cada vez mais e mais, dos brancos pingos do céu tingiam o gélido chão congelado do bosque, acumulando, a medida do tempo, mais e mais daqueles brilhos pálidos e sólidos. As lágrimas congeladas do céu, pareciam compartilhar a dor e sofrimento do jovem de exuberantes cabelos negros. A respiração falha... o frio dos flocos imaculados... o jovem não se recordava mais do motivo de estar ali. Tudo parecia como o mais antigo sonho já sonhado por ele. Suas forças dissipavam-se para o solo ausente de calor e albino. A visão já sem foco... Não conseguia mais ver apropriadamente, porém o bastante para vê-la.

A cor avermelhada de intensas chamas rubras; Olhos dourados que se disfarçavam de puro ouro. Ela o observava de longe, acreditando ainda que o rapaz tinha forças para machucá-la, contudo não era certo tal crença. Seus olhos mostravam o mesmo olhar cauteloso do rapaz ali... Nada! Assim se podia resumir os olhos que encaravam o jovem, mas para ter a façanha de retirar o pouco do ar que ainda o rapaz retinha em seus pulmões... Havia algo naquele olhar... De certa forma, a criatura lhe lembrava aquela pessoa. Aquela que tanto negou por anos e agora era como se, indescritivelmente, esta pessoa o assistisse uma última vez. O jovem sentia-se satisfeito. Pelo menos, seria seu último momento; um último encontro. O mais distante adeus... adeus ao eterno irmão não consanguíneo. Vê-lo seria seu ultimato.

Lentamente e com charmosa aproximação calculada, a pequena raposa caminhava para perto do corpo já frio em meio ao campo branco. Onde a neve albina fora maculada pelo escarlate fúnebre. Já não bastava os céus desabassem em flocos de neve para encobrir o pecado marcado no campo de batalha. A maldita cor rubra; aquele maldito tom de fim.