Único

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"You must come back home"

Yoongi estava preso. Mais uma vez ele não poderia dar o costumeiro rolê com os meninos porque sua mãe lhe apontou diversas coisas, dentre elas o grupo que resolvera fazer para o show de talentos. Estava com seus amigos, estava feliz, mas fora mantido dentro de casa na esperada noite também.

Como sempre.

E, então, um dia sua mãe lhe cortou o celular também. Fora ter surtado e ter dado-lhe um sermão enquanto chorava e gritava "onde eu errei?".

Bom, para Jimin, seu namorado que queria lhe dar o paraíso, ela havia errado em tudo. Pois bem, ela havia feito toda a merda de criar um filho completamente errado, mas, para a admiração do Park, Yoongi não era a merda que deveria ser devido sua criação.

Min Yoongi era a pessoa mais incrível que ele conheceu, ele era lindo, rude, incrível na música, estudioso o suficiente. Ele era uma pessoa igual às outras, porém, acima delas, uma pessoa genial. Então, Park sempre enlouquecia quando sabia sobre a mãe dele e as coisas que ela fazia por absolutamente nada.

Ela não tinha senso algum. Certo, Yoongi era seu único filho, mas ela não o dava valor algum, não o apoiava em nada do que ele gostava acreditando fielmente que era errado e não o levaria a lugar nenhum. Tão fodidamente repugnante.

É compreensível, mas a felicidade não é a melhor de todas as coisas? De que adiantava a merda de uma vida infeliz? Se todos trabalhamos em busca dela. De que adianta viver com um emprego fodidamente bom, para ela ao menos, se isso nunca te trará gratificação alguma? De que adianta criar o filho aos seus pés, do jeito que você quer, exigindo e tirando até a última gota de suco dele, se ele vai viver uma vida infeliz e planejada por alguém que não é ele?

"Where is home?"

Tudo bem. Os pais estão preocupados, querem o melhor para seus filhos, mas porque, então, ela descarregava o estresse nele como se fosse culpado?

Ele não pediu para nascer e Jimin se sentia remoído de raiva. Ela havia dado ao mundo algo fodidamente maravilhoso que era a existência de Min Yoongi, como ela não podia enxergar ele? Como ela podia sempre o pôr para baixo como se o próprio filho não fosse suficiente para ela?

Daquela vez, em uma madrugada, não muito diferente das outras, Park Jimin havia chegado em casa cansado da aula de dança à tarde. Estava exausto, mas mandara mensagens para seu namorado e fora respondido com alegria, então tudo desmoronou quando ele lhe enviou rápidas mensagens sobre o breve acontecimento de ter brigado com a mãe e ela ter o posto de castigo.

Mas Jimin estava com o peito subindo e descendo, com todo o desgosto que possuía sendo inalado e expelido por respirações profundas. Seus dedos trabalharam rápido para enviar mensagens a Taehyung, seu melhor amigo, mas acabou largando o celular por estar plenamente revoltado.

Qual era a merda do sentido daquilo? Yoongi não havia feito absolutamente nada. Nada.

Com toda a agonia cravada no coração, jogou-se na cama gritando contra o travesseiro, depois o jogou longe com raiva. E ele não sabia em que momento exato havia começado a socar a parede, nem o qual havia parado, mesmo que houvesse rastros de sangue nela. Nem por quanto tempo havia ignorado os gritos da sua mãe do lado de fora, nem em qual momento lágrimas grossas por tudo e nada haviam começado a escorrer pelo seu rosto enquanto o corpo regredia os passos.

Porque ele sabia que vários pais cometiam aquele maldito erro, ele sabia que Namjoon havia se viciado por causa daquela mesma pressão, ele sabia que o menino na sua escola havia se suicidado por aquilo. Droga, ele, como todos, sabia a razão.

Podem falar o que quiserem, que é culpa dos jogos, das séries, do celular, dos romances, culpa das próprias vítimas, e até seja. Talvez seja mesmo. Mas e aquilo não conta?

Trancar o filho, privá-lo do que ele gosta, massacrá-lo porque ele não alcançou o que queria, gritar com ele porque lhe importunou em um momento ruim, como se os próprios filhos não tivessem os deles. Esgotá-los a todo momento como se eles não fossem sentir nada por serem jovens.

Park Jimin sentia isso, ele queria socorrer o namorado. Sair naquele exato momento e tirá-lo do castelo de pedra ao qual era preso, mas e as consequências daquele ato? E aquele mundo adulto amargo e destrutivo?

A pena é que depois talvez o próprio pai se pergunte embaixo da chuva, sol, ou na ocasião que estiver, em frente a um caixão o porquê de algo trágico ter ocorrido sem se enxergar uma das razões. Ou se enxergar e se sentir tão quebrado que continuar seria uma amargura eterna. Tudo isso podendo ser remediado em um ponto no meio termo no qual você pode simplesmente abrir uma conversa com seu filho, mesmo que ele não lhe entenda agora.

Tudo poderia ser mudado por palavras e Jimin esperava que as dele de consolo, que vinham do fundo do seu coração, chegassem a Yoongi. E que Yoongi não esquecesse que quando a poeira abaixasse ele estaria ali, ou quando ela voltasse a subir ele ainda estaria ali.

Todos eles estariam. E estariam esperando com planos infalíveis, iguais os do Cebolinha, para tentar ajudá-lo. E esperando que a intenção aquecesse o coração para a expectativa de uma vida sem aquilo.

Porque, em um momento cresceremos de verdade e tudo que temos de conceito pela nossa casa será tragado por um sentimento ruim. Então, acharemos moradia em outro lugar, bem longe dali.

"Cause they say home is where your heart is set in stone

Is where you go when you're alone

Is where you go to rest your bones"

Para que isso te consoleOnde histórias criam vida. Descubra agora