Capítulo Treze

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O desafio se calou mais com cada quilômetro. Tristan começou rápido e brusco, mas eventualmente estabeleceu um ritmo. Ele não era difícil de seguir e finalmente se deteve em um longo caminho circular com árvores altas, paisagismo profissional, e um pouco de sério fator Uau.

A mansão de madeira e pedra erodida ficava no final da rua. Dois andares se espalhavam largamente com grandes janelas em arco de painéis brilhantes e varandas cobertas acima e abaixo. A casa reivindicou alguns hectares da propriedade à beira do lago porque através de um arco coberto e além de uma garagem com vários carros, havia uma praia e uma extensão de água azul brilhava sob a luz do sol desvanecendo.

Tristan estacionou atrás de vários carros na calçada, incluindo um pequeno híbrido e o carro esporte rebaixado em que Logan me resgatou mais cedo.

Estacionei o carro mais abaixo na rua, escondida nas árvores. Sem casas, somente floresta e jardins de ambos os lados.

Como havia usado minhas limitadas habilidades de discrição seguindo Tristan, decidi ser ousada e seguir diretamente para as portas da frente, com o coração acelerado.

Chequei o dano no carro de Logan enquanto eu passava. Não havia nenhum. O interior parecia o mesmo, completo com um ambientador de Ferrari pendurado, mas nenhum entalhe no teto ou em qualquer dos lados da parte traseira. Ou ele possuía carros idênticos ou tinha elfos do Papai Noel como mecânicos. Só outra esquisitice.

No alpendre, enfrentei portas duplas de madeira pesadas centradas em tons de joias de vidro manchado com cenas de floresta e da vida selvagem. Engoli em seco, pensando nesses caixões com tamanhos para crianças, e ergui minha mão para bater. A porta abriu antes que eu fizesse contato.

Uma adorável mulher de altura mediana e constituição delgada usava um genuíno traje de empregada. Sabe, o clichê francês do tipo preto e branco. A faixa em torno da cintura combinava com a listra lavanda no seu corte de cabelo castanho escuro em um bob que enrolava envolta do queixo. Seus grandes olhos cinzentos mostravam uma sugestão de lavanda. Suas características suaves emanavam calor.

Ela sorriu e apontou para mim com seu espanador de penas – quem diria que eles vinham na cor lavanda?

— Você está adiantada.

— Estou?

— Bom. — Ela agarrou meu pulso e me puxou para dentro, fechando a porta e bloqueando a fechadura. — Pontualidade é importante. No topo das escadas e no fim do corredor é onde você precisa estar. Apresse-se. — Ela me deu uma cutucada. — E esteja certa de checar a coleção de armas.

— O que?

Ela imitou uma posição de luta balançando o espanador com uma espada.

— A coleção de armas. Não tem como perder essa. Coisas mortais. E o machado de batalha de joias no canto inferior direito, especialmente legal. — Ela descansou o espanador nos ombros e baixou sua voz em um tom conspiratório. — A lenda diz que se você tocar as gemas em uma determinada ordem você desaparece, ficando invisível. Poderia ser útil, certo? Quer saber o código? É claro que você quer. É uma vez no rubi, cinco vezes na safira e uma vez no diamante. — Ela levantou o número apropriado de dedos em sequência para efeito visual. — Entendeu?

Eu assenti. — Um, cinco, um.

Ela bateu as mãos. — Excelente. Prometa-me que você tentará.

— Claro. — Coloquei uma mão no balaústre e olhei - okay, encarei boquiaberta - a casa/palácio. Bem... uau. Teto abobadado, madeiras ricas, ferro, magníficas obras de arte, móveis lindos, materiais de pelúcia, tapetes orientais espessos, tudo em tons quentes, incutindo um sentimento de conforto e acolhimento.

Um lustre de ferro brilhava com um milhão de luzes. O caminho por uma escada longa, curvada e arqueada ostentava enormes pinturas de paisagens de eras românticas. Elas tinham aquela velha qualidade de mestre e pareciam como se devessem estar em um museu. Sentindo-me culpada por qualquer engano que eu inconscientemente tinha caído, e perdendo meus nervos, eu virei para a mulher, pronta para admitir meu erro e sair. Ela tinha ido embora.

Vozes se levantaram de algum lugar atrás da casa. Eu cruzei o vestíbulo e espiei para baixo no salão que se abriu para uma sala cheia de madeira, móveis confortáveis de couro, edredons aconchegantes, e almofadas de pelúcia, tudo convidando os hospedes a relaxar e sentar por um momento. Janelas enormes emolduravam uma vista deslumbrante do lago, com espuma azul brim contra o sol brilhante. Cadeiras de Adirondack e espreguiçadeiras foram espalhadas ao longo de outra varanda coberta conduzindo a um amplo gramado e mais além, a praia. Um delicioso aroma de algo com alho e cheio de carboidratos flutuou pelo ar.

— Ele sequer está aqui — chegou a voz irritada de Tristan.

Eu não podia vê-lo, mas Blake apareceu a vista. Pulei para trás. Okay, novo plano. Sair pela porta, fazer uma corrida louca até o meu carro, e desistir dessa coisa ridícula de capa e espada.

Um problema. Alguém estava subindo as escadas do alpendre. Eu podia ver a sombra fora do vidro colorido. A maçaneta girou e alguém bateu na porta quando esta não abriu.

Eram golpes fortes e Matthias bramou — Abram a porta!

— Você fechou a porta? — Ayden disse. — Vá abri-la.

— Eu não fechei — Tristan disse. — É a sua casa, vá abri-la você.

Enquanto eles discutiam, eu entrei em pânico, hiperventilei duas respirações, me movi para a direita, esquerda, direita, esquerda, girei em um círculo, e logo corri até a escada na ponta dos pés. Eu estava quase virando a esquina e fora de vista antes que a porta abrisse.

Andei pelo corredor até uma extensão com as mesmas grandes janelas com vista para o lago. Portas francesas abriram para uma varanda de corpo inteiro. Uma doca de madeira se projetava na água com uma garagem de barcos estilo chalé grande o suficiente para conter o Titanic e a geleira. Um barco a vela, o tipo antiquado de reluzente madeira polida e bronze, balançava suavemente contra o cais.

Um sutil toque de canela flutuava no aposento. Móveis confortáveis espalhados por todas as partes e um bar antigo de madeira polida e bronze reluzente forravam a parede, um espelho de corpo inteiro por trás dele. Uma mesa de bilhar com bolsos de couro com franjas estava fixa a um lado com grandes lâmpadas da Tiffany penduradas acima. Várias mesas de jogos estavam próximas, uma com uma partida de xadrez em progresso. Tabuleiros de dardos pendurados em duas paredes diferentes. Um fogo crepitava em uma lareira de pedra grande o suficiente para estacionar um tanque. Mais tapetes orientais grossos almofadavam meus pés. O lugar era uma espécie de bar/pub.

Uma parede assassina mostrava a coleção de armas. Coisas velhas. Machados de guerra, espadas, lanças, adagas desagradavelmente curvas, e outras coisas que pareciam mortais.

De alguma forma o velho mundo não foi posto de lado pela proliferação dos últimos e melhores brinquedos. TVs de tela grande, prateleiras de vídeo games e DVDs, máquinas de pinball, e um minigolfe de tacada leve. Era impressionante, porém triste. A sala poderia ter sido a Central de Festas para os seus contemporâneos, mas eu duvidava que algum dos garotos alguma vez tenha convidado alguém que não eles para desfrutá-la.

Eu os ouvi chegando. Pensei em me sentar em uma cadeira e saudá-los com um descarado Olá, garotos. Eu quero algumas respostas e vocês vão dá-las para mim enquanto eles entravam. Como uma femme-fatale num filme do James Bond. Então eu cai na real, retrocedi, e procurei um lugar para me esconder.

Em meu caminho para me encobrir atrás do bar eu decidi que me armar seria um movimento inteligente. Corri até a parede assassina e tentei puxar algumas armas. Nada se moveu. Eu estava pronta para mergulhar atrás do sofá quando as gemas brilharam na minha visão periférica. Com nada a perder, toquei meus dedos em um machado de guerra adornado com joias – uma vez no rubi, cinco vezes na safira e uma vez no diamante. Escutei vários clicks e um suave estrondo de engrenagens. Com um delicado estremecimento a parede se dividiu pela metade e se separou. Talvez isso fosse um filme do James Bond.

Luzes tremeluziram acesas lá dentro, e as portas, ou a parede, começaram a se fechar.

#1 - Demons At Deadnight (Divinicus Nex Chronicles) Onde histórias criam vida. Descubra agora