Capítulo Dezenove

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Carecendo de delicadeza, meu deslize frontal me manteve segura do ataque. O solo estremeceu quando o demônio voador atingiu o concreto e pôs-se a tremer, com raiva. Dedicando-me um sorriso assustador cheio de dentes.

— Não tenho nenhum protesto a um desafio, Nex. Vamos! — Então ele soltou uma gargalhada que encolheu a minha alma.

Em movimento novamente, a cruz golpeou contra minha pele, a dor palpitante no compasso com o meu coração. Atirei o metal por cima do meu ombro e me concentrei nas direções. Uma sombra subiu, mordiscando os meus calcanhares. Me meti no edifício a minha direita. Meus ombros queixando-se com o impacto, mas eu não me importei quando assisti o demônio golpear o solo ao invés de mim e ricochetear na parede.

Minha última volta apareceu a vista, mas eu não podia arriscar diminuir o passo. Meu corpo reagiu antes que a minha mente tivesse sentido para pará-lo e lança-lo no ar. Eu peguei o poste de luz com os nós dos dedos brancos em ambas as mãos e deixei o impulso balançar o meu corpo em torno do poste. Eu soltei quando meus pés deram a volta e voei pelo ar, escondendo meu ombro quando meus pés golpearam o pavimento, rolando duas vezes e logo eu estava de pé e correndo. Eu sorri. De onde aquilo tinha saído?

Foco. Ritas. Era um restaurante? Ela foi vaga. Metal triturado e vidro quebrado irromperam atrás de mim. Uma espiada arriscada por cima do meu ombro revelou que o demônio havia corrido –não, voado– sobre o poste de luz.

Continuei a me mover. Ritas. Tinha que ser aqui. Por que ela mentiria? A menos que – oh, céus – a menos que ela fosse um demônio também. Só porque ela não se parecia com um monstro –

Então eu vi. Uma placa com letras azuis como o cabelo dela. Eu estava quase conseguindo. Até que fiz uma impressão facial no pavimento e deslizei vários metros sobre a minha barriga, terminando ao pé das escadas de pedra. Mesmo com a visão um pouco turva, eu pude ler o letreiro. Dizia – espere por isso – A igreja de Santa Rita.

Ritas. Meu destino. Meu santuário.

É claro.

Ela não podia ter mencionado isso? Não importava agora. O bater ameaçador de asas de couro apareceu de cima junto com uma corrente de ar e um sorriso malévolo de triunfo.

Virei de costas, determinada a, pelo menos, encarar a minha morte, e imediatamente me perguntei por que eu pensei que isso seria uma boa ideia. O demônio mergulhou, garras afiadas estendidas, prontas para me cortar aberta, seus dentes a mostra para festejar as minhas entranhas jorrando.

A pressão contra o meu corpo voltou, um grande peso me sujeitando ao concreto, entorpecendo a minha pele com um calor intenso. Em pânico e com medo, eu lutava para respirar. A pressão quebrou quando Penélope Perky apareceu e plantou uma de suas sensíveis bombas em minha caixa torácica.

— Sem fogos de artificio. — Sua voz mostrava zero sinais de estresse. Ela não pareceu notar o míssil de assassinato dirigindo-se para nós. Ela piscou. — Isso não é emocionante?

Aconteceu rápido demais para eu gritar. Ela estendeu o braço despreocupadamente uma fração de segundos antes de o demônio chegar. O pescoço do monstro rachou em seu bíceps. Seu braço não se moveu. Mas o demônio sim.

Seu corpo girou em espiral na velocidade da luz ao redor do braço dela. Joguei minha cabeça para o lado para evitar ser golpeada pelas pernas reptilianas chicoteando. Sem enrugar suas roupas, ela agarrou o ghoul antes de ele girar fora de controle e o lançou para cima.

O lamento de objeção se desvaneceu enquanto a besta disparava fora de vista.

Me levou um momento para processar que ela acabou de usar um maldito demônio como um varal. Como se fosse um mosquito. Como se fosse menos que um mosquito. Então meus olhos saltaram.

— Agora, você precisa... — Ela pausou para reajustar sua jaqueta.

Assinalei para o ar e fiz ruídos gorgolejantes de homem das cavernas, assustada demais para criar palavras. O mosquito estava de volta. Ele se recuperou de ter sido lançado no ar e estava mergulhando para nós novamente. Mais rápido e mais furioso do que antes.

— Eu sei. — Sorriu ela. — Essa é a parte divertida.

Ela sequer olhou, mas um momento antes de o demônio chegar, asas enormes saíram de suas costas com a velocidade de um raio e o estrondo de um trovão, golpeando o demônio e sacudindo-o sobre os telhados como se ele fosse um... mosquito.

Okay, então o dicionário na minha cabeça não encontrava sinônimos porque eu estava muito ocupada ficando boquiaberta pelas enormes asas brancas repletas de várias penas do mesmo azul brilhante do seu cabelo e camisa. Elas vibraram com uma graça sussurrante, enviando uma brisa suave para refrescar minha pele suada.

Pisquei quando ela estalou seus dedos na minha cara.

— Você ouviu alguma coisa do que eu acabei de dizer?

— Você tem asas?

Ela suspirou. Seus ombros e asas afundaram. — Preciso que você se concentre, querida, então ouça. Você deve ficar perto dos Garotos Malditos. Eles vão protegê-la enquanto–

— De onde as asas vieram?

Seus olhos param na metade do giro e ela olha para a igreja. — Oh, não. — Ela me deu um olhar severo. — Fique perto dos garotos. A vida de sua família depende disso.

Aquilo chamou a minha atenção.

Ela enfiou seu pé embaixo do meu quadril e com um movimento do seu tornozelo me virou para o meu estômago. Agarrando a parte de trás da minha camisa e a cintura dos meus jeans, ela me arrastou facilmente. Cantando um assovio ensurdecedor, ela me balançou feito um pêndulo. Naveguei pelo ar, dirigindo-me rápido e furiosamente diretamente para duas muito bonitas, muito esculpidas, muito grossas e muito sólidas portas de madeira, que também aconteciam de estar muito fechadas.

#1 - Demons At Deadnight (Divinicus Nex Chronicles) Onde histórias criam vida. Descubra agora