*Pronuncia-se "Eidrian".
O mundo parecia pequeno demais e grande demais. Para Adrien, os próprios problemas pareciam maiores que ele mesmo, e olha que 1,90 de altura não era pouco.
Tudo que passou nos últimos meses, só o deixou mais confuso. Todos os sonhos e todas as esperanças foram se esvaindo aos poucos, deixando apenas um corpo frágil e sem sentimentos.
A verdade era que ele não se sentia sendo ele mesmo, parecia um telespectador da própria vida. Apenas sentava e esperava as próximas cenas. Cenas que causaram as próprias perdas, e constantemente se perguntava: "Aonde foi que eu errei?"
Nós últimos meses havia tido duas perdas. A primeira havia sido Gretta, devido a um relacionamento amoroso perdido.
O que mais lhe incomodava era o fato da total indiferença e de não saber aonde tinham falhado, ele simplesmente não sabia porque tinham terminado. Ela nunca havia lhe dado nenhuma explicação, e essa dúvida lhe atormentava.
Foi com Gretta que havia passado os meses mais felizes de toda sua vida, Adrien era incapaz de assimilar esse término.
A segunda perda foi de sua identidade, já nem reconhecia a si mesmo. Havia fugido de casa, brigado com seus pais e decepcionado sua irmã. O que havia acontecido com aquele jovem calmo que passava suas tardes jogando xadrez?
Não sabia mais do que gostava, nem o que ía fazer dali em diante.
E parecia que o clima combinava perfeitamente com a tempestade que formava dentro de si, o céu estava tão nublado que parecia querer desabar a qualquer momento.
A praia deserta e o vento avassalador faziam com que tivesse vontade de se encolher até sumir. Estava cansado de tudo, cansado do seu trabalho, cansado de Gretta e de ser parte de seu jogo e, mais do que tudo, cansado da vida.
As obrigações e seus próprios fardos estavam lhe cansando, era impossível de se aguentar. Resistiu por tanto tempo que começou a explodir dentro de si, uma explosão tão grande que transbordou, em lágrimas.
Eram lágrimas de tristeza, lágrimas de raiva, lágrimas de desespero. Começou a chutar a areia de uma forma exasperada, cada vez mais rápido.
Se abaixou e começou a socar a areia, agora tinha os pés e as mãos para desabafar.
O céu parecia seguir seus pensamentos e começou a trovejar, anunciando aquela tempestade.
Seria melhor se chovesse.
A agonia que tinha dentro de si era tanta, que nem percebeu a menina que estava sentada perto dele.
- Pelo visto não sou só eu que estou mal. - Ela tinha um cabelo cacheado ruivo e um olhar selvagem.
- É complicado.
- Eu sei disso, minha vida está uma droga.
- O que você fez?
- Decepcionei alguém que eu amava.
- Porque não pede desculpas?
- Porque ele morreu, e o que mais me incomoda é que eu fiz tudo por dinheiro.
- Sinto muito. - Esfregou a mão nos olhos para disfarçar as lágrimas.
- E você fez o que?
- Deixei alguém bagunçar a minha vida enquanto eu assistia.
- Por amor né?
- Sim, eu realmente a amava. - Enquanto falava, ela continuava abraçada a uma mochila. - O que você vai fazer?
- Vou para a capital. - A ruiva se levanta.
- Ué mas você não estava depressiva, e tudo o mais? - Ficou mais confuso do que já estava.
- É, mas a vida continua. - E partiu. Deixando-o, mais uma vez, sozinho na praia.
Adrien continuou sentado pensando naquelas palavras. Que uma pessoa que, até então, era estranha para ele, havia dito.
A vida continua.
Embora tenha feito tudo errado ultimamente, deixado Gretta ter mudado seu modo de pensar, e virado um garoto rebelde, ainda era Adrien.
E o Adrien antigo daria um jeito de mudar tudo, ele tinha que mudar tudo. Tinha que dar um jeito, não importa como.
Mesmo que ainda sentisse uma dor insuportável, ele ia superar. Era forte o suficiente para isso.
Apesar de tudo, amava Gretta. Aquele furacão, que bagunçava as pessoas por onde passava, ainda mexia com seu coração. E ele sabia que toda vez que lembrasse dela iria se arrepiar, mas ia sorrir.
Tudo estava acabado, mas ela não era a única culpada. Ele também tinha largado tudo de mão, não havia se importado com as consequências.
Não se pode culpar a "vida" por algo que você é responsável.
Adrien se deitou na areia, pensando em tudo que tinha acontecido.
Se apaixonou como um adolescente à flor da idade, se transformou em alguém que ainda não conhecia, fugiu de casa e magoou sua família por causa de uma garota.
Mas amou. Pela primeira vez, ele amou.
E isso o fez amadurecer, tinha amado e percebeu o quanto é bom.
Deitado na areia, continuou refletindo. E pela primeira vez em meses, sorriu.
A partir de agora, não sabia o que ía lhe acontecer nem o que iria fazer, o futuro era incerto. Mas sabia que seguiria em frente, sempre em frente, não importa o que acontecesse.
E a chuva forte, que finalmente caiu, confirmou isso.
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O Que Acontece Depois Do Amor? [Conto]
Short StoryFlores, "eu te amo", promessas de se manterem juntos... É muito fácil viver assim, mas e quando acaba? O que acontece?