Era um dia como outro qualquer em uma vida banal, os carros seguiam seus rumos caóticos e as pessoas andavam apressadas pelas ruas, como se todas fossem coelhos brancos atrasados para o chá.
Mas em uma única rua desta cidade havia um homem sentado na beira do prédio mais alto bebericando seu café.
Era apenas um homem qualquer, entre seus 30 e tantos e 40 e poucos, usava um terno surrado e era possível ver uma pasta de couro ao seu lado.
Este era para ser um dia qualquer na rotina das pessoas passando, mas o homem sentado na marquise do último andar do prédio mais alto da rua logo começou a chamar a atenção.
O primeiro a notá-lo foi um garotinho, uma criança em seus 6 anos que olhava maravilhada para os grandes prédios que o cercava.
Com seus delicados dedinhos ele puxa a barra da camiseta de sua mãe apressada e indaga em sua inocência infantil, "mamãe, mamãe, posso tomar refri lá em cima do prédio?"
A mulher lança um olhar cansado para a criança e sem processar a fundo o pedido ela maneou a cabeça em negativa, "é claro que não menino."
Emburrada a criança parou de andar e apontou para o homem que bebia seu café, "então por que ele pode?"
Tediosamente a mulher maneia a cabeça para verificar o tal homem e quando percebe a veracidade da situação um grito escapa de sua boca: "ele vai pular!"
As pessoas a volta da mulher reagem ao seu grito olhando para o alto pela primeira vez após muito tempo vivendo seus dias de pedestres miradores de calçadas e espantados localizavam o homem sentado tranquilamente bebendo seu café.
Não demorou muito para uma comoção acontecer, primeiro foram os grupos de pessoas se amontoando na rua em seguida chegaram os policiais e os jornalistas logo atrás e não demorou muito os carros da rua serem obrigados a parar.
Naquele momento, em uma rua qualquer, de uma cidade comum, um homem tomando seu café sentando em uma janela do prédio mais alto alterou a rotina de algumas centenas de pessoas.
Pessoas que estavam atrasadas para reuniões, pessoas que estavam correndo com o cachorro, pessoas que liam o jornal, pessoas que viviam de forma pacata sua rotina de sempre foram arrancadas de seu torpor diário e contemplavam o homem que bebia seu café.
Faltavam apenas os bombeiros chegar, mas já se ouvia a sirene ao longe, quando o homem parou de beber o seu café, e neste momento todos seguraram sua respiração.
Ele olhou para seu copo vazio em confusão deu de ombros e se levantou.
Alguns fecham seus olhos, as mães escondem suas crianças, outros ligam as câmeras de seus celulares e outros se desesperam, mas todos param de respirar enquanto aguardam os próximos passos do homem.
E para a confusão de todos nada acontece.
O homem na beira o prédio que bebia seu café não pulou a final, ele apenas pegou suas coisas e entrou para dentro do prédio, travando a janela assim que o fez.
Mais tarde quando indagado o que fazia ali o homem confusamente respondeu, "eu bebo meu café ali todos os dias a mais de dois anos"
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O Homem e Seu Café
Short StoryEm uma única rua desta cidade havia um homem sentado na beira do prédio mais alto bebericando seu café.