Capítulo Quarenta e Dois

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Nota mental, pijamas e pés descalços fazem um péssimo traje de fuga. Me esgueirei na direção do portão dos fundos passando as flores silvestres aparadas, e eu quase arranquei meu dedo do pé em um borrifador.

Eles estavam tentando me matar? Matthias parecia provável. Eu não comprei a nova atuação. Era realmente apenas a coisa sobre Jocelyn? Parecia sem importância. Matthias sendo o controlador maligno não era fora do habitual. Mas me mandando para aquele lugar miserável para ser comida viva? Era um exagero. Sem brincadeiras. Assumindo que eles sabiam. O que ainda estava em ponderação. E se eu não deveria entrar em coma ou engatar em um trem de horror para o Mundo em Espera, então o que deveria acontecer?

Misturados em uma maré escura, meus pensamentos giravam com segredos, meias-verdades e mentiras deslavadas. Não é que eu não tenha as minhas próprias, mas esses caras eram perigosos. Tentaram me matar. Eu já mencionei isso? Os analgésicos estavam esfiapando meu cérebro. Olhei por cima do ombro e destranquei o portão.

Ele me agarrou. Quem? Eu não sabia. Analgésicos. Cérebro. Esfiapado. Lembra-se? Eu balancei um soco desajeitado que de alguma forma conectou com sua mandíbula. Ow!

Jayden - sim, é sempre o que você menos espera - grunhiu de surpresa, mas colocou a mão sobre a minha boca e me puxou. A porta bateu ao fechar.

Engoli contra meu coração subindo pela minha garganta. Hesitante, Jayden tirou a mão e recuou. Meus olhos procuraram por uma fuga.

— Sua ansiedade é compreensível, mas equivocada. Os únicos seres que pretendem fazer mal a você estão aguardando a sua saída de casa sem proteção, lhes oferecendo a oportunidade de caos e assassinato.

— Vocês estão indo muito bem com o caos e a rotina de assassinato.

— Eu sei que a ideia de estar em coma é assustadora, mas seus sinais vitais se mantiveram robustos por todo o tempo. Você nunca esteve em perigo físico.

— Não estive em perigo físico? — Eu praticamente cuspi meu desprezo. — Vocês são idiotas.

— Você parece continuar sugerindo algo — Jayden balançou a cabeça. — O que eu estou perdendo?

Talvez eles parassem de tentar me matar se soubessem que eu sou a Divinicus, mas então eu teria outro conjunto de problemas com eles e o Mandatum. Eu passei a mão pelos meus cachos, dedos se enredando nos nós. Meu dia foi uma espiral em um poço escuro antes que eu tivesse tido a chance de escovar meu cabelo. Ótimo. Eu precisava de um telefone.

— Nada — eu bati e me movi para o portão. As ondas de decepção de Jayden bateram atrás de mim.

Ele agarrou meu braço. — Sua proteção é o nosso objetivo.

Seu toque atirou punhais frios no meu coração. Fúria subiu através do meu corpo e ocupou meu cérebro antes que eu tivesse a chance de pensar. Virei-me, batendo as palmas das minhas mãos em seu peito. Uma luz brilhou onde eu o toquei e ele voou para trás - quero dizer realmente voou para trás - e pousou derrapando em sua parte traseira.

Ouvi uma voz selvagem, baixa e frágil como gelo fino dizer — Claro, me sequestrar, me manter prisioneira, me usar. Você acha que eu vou deixar vocês me levarem para longe da minha família, os fazerem sofrer, me fazer sofrer? Oh, não. Eles. Me. Amam. — Algo bateu meu peito para enfatizar a última palavra. — E eu não vou deixar vocês nos destruírem. Eu não pedi por isso. Eu não queria encontrá-los. Vocês caçam demônios. Vocês dão suas vidas por sua sociedade preciosa, eu não. Eu estou te avisando. Vão embora!

As duas últimas palavras foram cuspidas com veneno, então a pessoa parou de falar. Eu percebi que era eu. Jayden não se moveu, exceto os olhos. Eles estavam muito, muito grandes.

#1 - Demons At Deadnight (Divinicus Nex Chronicles) Onde histórias criam vida. Descubra agora