Snake eyes kth + jjk

in the land of Morpheus

Já haviam se passado cerca de vinte e dois anos desde que o herói semi-deus Perseu matara uma das três irmãs Górgonas, Medusa, a única mortal dentre as irmãs.

As pessoas comemoravam a morte da considerada inimiga do bem e saudavam o herói que a matou.

Menos Taehyung.

Ver a cabeça de sua mãe no escudo de Atena não era uma das melhores cenas para o semi-deus.

Não odiava a Deusa, sabia das maldades cometidas por sua mãe, por isso não achava, de certa forma, injusto. Sua progenitora matara incontáveis pessoas. Inúmeras vezes, inocentes.

Taehyung era filho de Medusa, uma mera Górgona, e Hades, o Deus do submundo e rei dos mortos, irmão de Zeus, Hera, Poseidon, Deméter e Héstia.

Taehyung vivia escondido em uma parte menos acessível da cidade, bem perto de uma pequena floresta, por conta de sua aparência incomum. O Kim havia herdado a aparência da mãe, juntamente ao poder dela. Ele gostava da companhia das cobras em sua cabeça, mas os humanos o matariam se as vissem.

Apesar de ser filho de um dos deuses mais poderosos existentes, Taehyung não era tão poderoso, muito menos imortal. Transformava quem o olhasse nos olhos em pedra e apenas conseguia falar com os mortos que não tiveram a chance de entrar no submundo. Seu pai era bem rigoroso com quem entrava em seu mundo.

Taehyung se sentia só, não apenas por ter sua mãe morta e seu pai aprisionado no submundo, mas  também por ver, de longe, as pessoas rindo, se divertindo, se amando, todas juntas... Sentia inveja por não ter alguém.

O Kim chegou a conhecer uma garota, todavia, por conta do que chamava de maldição materna, a jovem Lin virou mais uma estátua de pedra para sua coleção.

Mesmo após matar muitos que invadiram seu esconderijo, o Kim não era mal, não era, nem de longe, alguém como seus progenitores. Apenas não podia evitar as mortes que causava. Quando não eram seus olhos que matavam, eram as serpentes famintas em sua cabeça.

Taehyung era destinado a ficar sozinho. Bom, era o que ele achava que Moros, o Deus do destino, havia reservado para si.

Mas o que ele não esperava para aquele dia, era encontrar Jeon Jungkook, ou melhor, Tânatos a personificação da morte, governador, juntamente à Hades, do mundo inferior.

Hades, depois de vinte e três anos, queria conhecer o único filho. O Deus do mundo inferior era infértil, mas em um dos encontros de Apolo e Ártemis, no famigerado eclipse, Medusa engravidou.

Jungkook dissera ter uma certa curiosidade e ansiedade para conhecer o semi-deus, por isso poupou Hermes de lhe entregar o recado e lhe levar para o submundo. Fora o fato de que Jungkook não subia para o mundo humano a mais de cem mil anos.

— Eu achei que era capaz de matar deuses com essa praga. — comentou com o Deus da morte, desculpando-se com suas serpentes.

— Mas você pode... — Jungkook riu, continuando sua frase — só que essa sua "maldição" não funciona em seres do submundo. — parou olhando Taehyung nos olhos, ato que o mesmo não estava acostumado. — Gostei do seu cabelo!

O semi-deus não pode deixar de sorrir com o comentário.

Taehyung podia sentir, Jungkook era diferente de tudo e todos que já havia visto. Talvez por nunca ter visto um Deus que não fosse apenas um desenho em livros de história.

— Acho que elas também gostaram de você... — pensou alto demais, ouvindo uma risada do deus que voltara a caminhar em direção ao palácio de Hades.

Por que Taehyung estava tão tímido?

O lugar à sua volta não era como os livros retratavam, era bonito, sombrio, mas bonito. As almas andavam enfileiradas, risonhas, todas passando pelo vale da morte, até o mundo dominado por Morpheus, Deus da sonolência.