D E S C O N E C T A D O S

Capítulo 1

Eu acredito que a vida é feita de escolhas. Escolhas más, escolhas boas. Essa é a ideia! Digamos que eu não pensava muito nisso até então, porém, agora fui obrigada a rever alguns conceitos da minha vida. Tudo começou com um erro. Um único erro! Que agora acredito ser mais um acerto que um erro. 

Diante disso, minha vida mudou radicalmente. Xingar uma pessoa desconhecida via sms, pode te trazer grandes dores de cabeças e até mesmo um misto de sentimentos em você. Mas como se trata de mim, eu sigo pelo caminho tortuoso. Aquele mais difícil, sabe. Eu atiro primeiro pra depois perguntar, se é que você me entende. Talvez a frase correta seja: Eu surto primeiro pra depois perguntar.

Eu não sou uma pessoa muito fácil de lidar. Não mesmo. Meu problema é que qualquer coisa me estressa. Ainda  mais se for uma pessoa que eu não gosto. Aí sim o pau quebra! Mas tirando isso, eu sou um amor de pessoa.

###

O dia começou normal, normal até demais para uma pessoa tão sem sorte como eu. Para que você fique por dentro, eu e sorte não andamos juntas, e muito menos eu e o amor. Ah! Isso soa engraçado se não fosse tão trágico. Oh vidinha difícil essa minha!

Depois de um dia cansativo de faculdade e trabalho chatos, incluindo meu chefe Airton, que não é uma pessoa muito fácil de lidar, nem eu por sinal. Como eu ia dizendo, depois disso tudo, não necessariamente nessa ordem, eu estava toda trabalhada no cansaço, voltando pra casa. Andando por sinal, pois meu carro estava no concerto. Então São Pedro resolveu mandar um presentinho pra mim. Estava muito bom pra ser verdade. Chuva, logo agora, eu mereço! Entrei numa loja de conveniência e fiquei por lá até a abençoada chuva parar. Logo que isso aconteceu, continuei o meu percurso até em casa.

Até agora tudo bem. Porém, no decorrer do caminho um carro passou... e BUM! Me molhou toda. Meu sangue ferveu e eu só não joguei nada no carro, porque não tinha. Se eu tivesse com algo cortante em mãos,  o carro e o dono ou dona do mesmo, sofreriam grandes danos.

_ AH SE EU MATO ESSE DESGRAÇADO! - gritei que nem uma louca pela rua andando na direção do carro, que resolveu parar para conferir o resultado do seu feito. Nesse momento eu já estava no meu limite e noto alguns carros pararem e pareciam esperançosos para uma possível briga de trânsito. _ Tá cego seu merda? - pergunto furiosa, enquanto retiro minha bolsa (agora toda melada de lama) do chão. 

Nem olhei pro rosto do indivíduo direito, logo continuando a passadas largas e pesadas seguindo para meu destino. Não era mesmo meu dia de sorte, porque antes que eu seguisse meu caminho, ouvi uma voz masculina gritar:

- Ei, moça! Você está bem? - minha vontade era de mostrar o dedo do meio e mandá-lo pra ponte que partiu, mas como sou uma pessoa muito educada e gentil (coff, coff), apenas sorri forçadamente pro meliante, ignorando a raiva presa em meu peito e a vontade de voar no pescoço dele.

- Imagina, tô muito bem! - respondi, não conseguindo evitar o sarcasmo presente em minha voz. - Meu dia já tava uma merda, agora só tá uma merda maior! Nada que eu já não esteja acostumada. 

Não. Não é hora de chorar na frente de um desconhecido Lizzie. Você é bem mais que isso. Continue andando e finja que não aconteceu nada. Isso é o que minha consciência diz nesse momento.

- O que? - perguntou, confuso. Percebi que ele piscava rapidamente, talvez tentando compreender as palavras que saíram da minha boca. Notei que ele estava bem mais próximo de mim agora, então se eu quisesse poderia dar um chute muito bem dado em suas partes íntimas, pra quem sabe assim descontar minha frustração pelo dia vivenciado. 

- Nada! - optei por apenas cortar o assunto antes que a conversa ficasse ainda mais estranha. Se é que isso poderia ser chamado disso, afinal só eu estava falando. - Até nunca mais. - dei as costas e continuei andando, deixando um cara boquiaberto e ainda mais confuso pra trás.