M A R I A E L I S A 🌻
Estava vendo o homem, meu pai no caso, me encarar sentando em um cadeira de braços cruzados, como estava deitado no colchão virei ficando de frente pra parede.
— Eu vou resolver umas coisas e já volto — ele disse e logo em seguida ouvi a porta se abrindo, e depois se fechando —.
Depois de uns minutos ele voltou com uma sacola, e me entregou sentando novamente na cadeira, só que percebi que estava com um livro infantil.
— Gosta de ler? — perguntei abrindo uma sacola vendo uma marmita —.
— Leio pra minha menorzinha de noite, antes dela dormir — ele disse e concordei —.
Comi em silêncio, enquanto ele ficava focado no livro, fazia caras e bocas lendo o mesmo, era até engraçado de se ver.
— Aonde tu vai? — perguntei quando vi que ele tinha se levantado —.
— Pra minha goma, já deu meu horário — falou já na porta — alguém vai vir trazer cobertor pra tu, tchau.
Assim que ouvi a porta ser trancada do outro lado revirei meu olhos e me levantei, fique andando de um lado pro outro, sem paciência eu tava, pra falar a verdade eu não tenho paciência, isso tá me dando nos nervos, odeio, fico agoniada quando fico muito em um lugar só, sem nada pra fazer.
Comecei a bater na porta, dando chutes e socos na porta, eu estava me machucando? Sim, mais também tava esmurrando ela.
Alguém abriu a porta com tudo e era o menino de antes, provável ser meu irmão, isso não vem ao caso agora.
— Tá louca mina? — ele perguntou com sua arma em mãos —.
— Me deixa sair daqui? Só por uns segundos, não tô conseguindo mais respirar direito aqui — falei me apoiando na porta —.
Ele se afastou e pegou seu radinho, depois de ter conversado com sei lá quem ele voltou e parou em minha frente.
— Vamos, tu vai andar um pouco e depois volta — falou abrindo outra porta que tinha por ali —.
Saímos, e pude ver vários homens armados, pode-se dizer que já me acostumei com isso.
Fomos caminhando, estava de noite e seguimos direto pro parquinho, tinha crianças brincando, e perto tinha uma quadra de futebol onde tinha meninos jogando, uma parte mais afastada tinha uns traficantes onde bebiam e fumavam perto de mulheres.
— Quer alguma coisa? — ele perguntou se sentando em um banco —.
— Ir pra casa talvez? — perguntei dando de ombros e me sentei também —.
— Sem paciência — ele falou pegando seu cigarro de maconha —.
— Por favor, não perto de mim — eu falei e ele guardou —.
Ficamos vendo os meninos jogar, e a felicidade deles de marcar um gol.
— Bora, já deu meia hora — ele falou e se levantou —.
— Não, por favor — disse juntando minhas mãos e ele negou —.
Voltamos pra onde estávamos e assim que cheguei no quartinho fui direto pro colchão.
Não sei porque, mais comecei a chorar, chorar de soluçar, acho que por eu estar nessa cituação, pela morte da minha mãe e dos meus avôs, por achar que estou sentindo algo pelo Vinicius.
Acordei no dia seguinte com alguém batendo na porta, abri meus olhos e vi o meu suposto pai batendo na mesma e ele já dentro do quarto.
— Já são 11:00, o resultado esta aqui — falou me dando alguns papéis — vê o resultado aí.
Fui folheando cada papel e parei em uma parte "POSITIVO".
— Deu positivo — falei limpando uma lágrima que caiu — agora posso ir?
— Vou mandar te deixarem na frente do teu morro — falou se levantando da cadeira e seguiu pra porta — Vamos.
Me levantei e segui ele, cada passo apertava mais o papel em minhas mãos, ele me pediu e dei, ele suspirou e me entregou de volta.
— Pede pro Neguim levar ela no morro Chapadão — ele disse para um cara que foi chamando o outro pelo radinho —.
Fiquei esperando ele ao lado do TH, vulgo papai, fui ver de novo isso e realmente não tinha lido errado, porque estou chocada?
— Fica tranquilo, não vou exigir nada de tu — falei revirando os olhos balançando minhas pernas —.
Ele não disse nada, o carinha chegou, dobrei bem dobrado os papéis e coloquei em meu sutiã, subi na moto colocando o capacete e segurei na parte de trás.
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Vivendo em dois mundos
Romance[+15] Ela sabe o que quer da vida, ele já tem suas dúvidas. Acha que se fizer ela se apaixonar por ele vai vencer a guerra, que vai ter mais um traficante na cadeia. Ele acha que se entrar nesse jogo de fazer se apaixonar e não se apaixonar, vai sai...