Passo a passo de uma paixão

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A claridade do sol invadia os dormitórios da U.A, principalmente um em que as persianas estavam abertas e balançavam por causa do vento suave.

Todoroki piscou lentamente os olhos, sentindo o brilho do sol dominar sua visão. Franziu o cenho, incomodado, se remexendo na cama e notando um peso sobre si. Demorou um pouco até sua visão se acostumar, mas logo ele conseguiu ver que o que lhe prendia contra o colchão era um amontado loiro e emburrado que podia classificar como seu futuro namorado.

Os olhos heterocromáticos se fecharam e um sorriso mínimo preencheu o rosto do bicolor. Agora, já mais desperto, conseguia lidar com a claridade e ela já não o incomodava tanto. Se ajeitou melhor na cama, sentindo suas costas doerem por dormir em uma posição péssima para sua coluna, mas não ligou para isso, afinal, estava mais preocupado com a possibilidade de acordar Bakugo, que havia se remexido claramente incomodado com a sua movimentação.

Sua mão se ergueu e logo pousou contra os fios loiros e rebeldes, que insistiam em se manter espetados não importasse a situação, depositando ali um carinho singelo. A maciez dos fios, tão controversa a sua aparência, fez com que seu sorriso aumentasse ligeiramente de tamanho. Tocar Katsuki e sentir sua respiração ritmada contra seu peito acalmava seu ser de uma forma inimaginável.

Se seu eu de meses atrás olhasse a situação em que se encontrava provavelmente congelaria todo aquele dormitório, mas Shoto não era mais aquele garoto do passado. Continuava sendo problemático, mas não tanto quanto antes de tudo aquilo acontecer.

Um olhar nostálgico dominou sua feição enquanto ele se lembrava de tudo o que havia ocorrido com ambos. Todoroki e Bakugo não eram próximos no começo do primeiro ano da U.A, na verdade nem como colegas eles poderiam ser classificados. Eram apenas estranhos ignorando a presença um do outro. Suas personalidades eram extremamente distintas, tão distintas que qualquer tentativa de aproximação falhava. Contudo eles não se importavam realmente com aquilo, estavam mais ocupados com seus dilemas internos e com as responsabilidades da escola.

Todavia quando o festival esportivo se iniciou as coisas começaram a mudar depois de uma simples conversa ouvida por engano.

Bakugo estava saindo do vestiário quando escutou Todoroki falando com Midoriya sobre seu passado, a violência doméstica que a mãe sofreu e o desprezo que ele teve que enfrentar por parte dela. Por mais que o loiro quisesse sair dali e fingir que nunca escutou nada daquilo ele não conseguia, então continuou estagnado no mesmo lugar, ouvindo tudo até a conversa se encerrar e só saindo dali depois de longuíssimos minutos.

E foi com aquela conversa em mente que Katsuki enfrentou o bicolor na final do torneio, vencendo-o, mas em nenhum momento se sentindo vitorioso. Bakugo imaginava que depois de passar por tudo aquilo em seu passado Todoroki daria tudo de si naquela luta, mas o outro já havia sido vencido bem antes de seu confronto, vencido pelas palavras de Izuku. Aquilo enfureceu o loiro, pois ele não considerava sua vitória realmente honrosa e se recusava a aceitar a medalha.

A partir daquele momento a relação de ambos piorou bastante, Bakugo fazia o máximo para tirar a paciência do bicolor e Todoroki tentava com todas as forças não se estressar com isso e o ignorar, mas constantemente acabava caindo na tentação de provocá-lo de volta, o que resultava em Katsuki gritando e explodindo algo. Permaneceram nesse joguinho por um bom tempo, até que o destino resolveu lhes pregar uma peça.

Ambos tiveram que "trabalhar juntos" após não passarem nos testes relacionados a licença de herói. Era difícil e no começo tudo o que faziam era se provocar mutuamente, mas com o tempo ambos acabaram se acostumando com a presença um do outro.

Começaram a ter pequenos diálogos vez ou outra, chegavam a treinar em alguns momentos. Não chegava a ser uma amizade, apenas um "eu te aguento, mas isso não quer dizer que eu goste de você". Nesses pequenos momentos acabaram descobrindo mais um do outro, mesmo que negassem até a morte se alguém perguntasse sobre isso, e as conversas acabaram não se tornando mais tão raras.

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