Capítulo Quarenta e Oito

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Você está brincando. Eles me bateram com um carro? Espere, eles me bateram com o meu carro. É melhor eu não ter perdido um dente. Até o momento em que eu sai e manquei pelo beco, os meninos estavam fora e gritando o meu nome. Eu os enfrentei e continuei recuando, olhando por cima do meu ombro, sentindo o Kalifera se aproximar.

— Aurora, espere. — Ayden estendeu o braço. — Espere.

— Você me bateu com um carro. — Eu parecia um pouco histérica. Ok, talvez muito histérica.

Ele estendeu as mãos. — Você correu na minha frente.

Tristan lhe deu um olhar uniforme. — Sério, cara? Não é a melhor abordagem.

— Você está certo... certo. — Ayden levantou ambas as mãos em sinal de rendição. — Eu sinto muito. Eu não queria. Você saiu do nada. De- — Ele olhou por cima de seu ombro. Quando ele voltou, seus olhos cintilaram com faíscas âmbar. — Você estava se escondendo atrás da lixeira! Você está louca ou apenas suicida? Eu não consigo acreditar! Apenas — ele fez sinal para o carro — entre antes de levar todos a morte.

Mais perto, o Kalifera tentou cortar através de meu cérebro.

Tristan ficou muito quieto, seu olhar em mim. — Ayden — Tristan sussurrou — se você não esfriar, esta operação vai ficar em chamas, e sério, você não está ajudando. O que há de errado com você?

— Eu não sei! — Os braços de Ayden se debateram em movimentos frustrados. — Isso é - ela- — Ele apontou para o lixo. — Ela estava bem atrás do - — Ele fechou os olhos. — Ela está me deixando louco. — Ele esfregou as mãos e respirou fundo várias vezes. Quando abriu os olhos, eles eram apenas um chocolate quente diminuindo com minha determinação. — Aurora, eu prometo. Vamos protegê-la. Confie em nós. Confie em mim.

Eu queria. Eu estudei o rosto dele, os ângulos que se curvavam com perfeição e que derretia corações, a pele lisa esperando pelo meu toque, seus olhos implorando. Tomei tudo isso e desejei confiar nele, correr para os seus braços. Em me perder em seu toque macio, acreditar quando ele prometeria que tudo ficaria bem, passar os dedos pelos seus cabelos, e suspirar quando os seus lábios se abaixavam para-

— Aurora? Agora. Você precisa entrar no carro agora. Vamos levá-la para um lugar seguro onde você nunca terá que se preocupar com os demônios de novo.

Abri mentalmente o abraço apaixonado. Foi muito melhor do que o Kalifera passando pela minha cabeça, mas eu tinha que acabar com a fantasia e colocar uma pedra sobre as minhas emoções.

— Me proteger? — Eu disse, encontrando uma clareza fria. — Me sequestrando? Me mandando para Deus sabe onde? — Eu continuei recuando, balançando a cabeça. — Eu sei o que vocês estão planejando. Eu não vou deixar vocês me levarem. Fiquem longe. Os dois. Todos vocês! — Esta última parte foi dirigida à pequena multidão reunida no final do beco. Eu estava definitivamente histérica agora, borrifando com paranoia.

Tristan olhou para Ayden. — O que ela está falando?

— Não faço ideia. — Ele balançou a cabeça ao ver a expressão duvidosa de Tristan. — Eu não sei!

Tristan afastou o cabelo da testa. — Matthias? Será que ele quer levá-la para algum lugar? Fazer alguma coisa com ela?

— Não, eu juro! — A confusão com raiva de Ayden fez uma lenta mudança para compreensão miserável. — Oh, não. — Sua mão enxugou o rosto.

— O quê?

Ayden me deu um olhar suplicante. — Você não entendeu.

— O que ela não enten -

— Hey! — Alguém gritou da multidão. — Está tudo bem?

— Tudo bem — eu disse, não os querendo por perto quando o Kalifera chegasse. O que poderia ser a qualquer minuto.

— Ayden — disse Tristan, nervoso.

— Eu sei. Faça isso. — Ayden virou para mim. — Aurora, estamos sem tempo. Você vai ter que confiar em mim para fazer o que é melhor. Aurora. — Ele chamou novamente, mas eu estava observando Tristan.

Observando seus olhos.

— Tristan. — Minha demanda acentuada trouxe seu olhar para a mim. Os anéis roxos expandindo sobre suas íris. Antecipando a dor em minha cabeça, eu estremeci severamente quando ele invadiu. Isso misturado aos ataques do Kalifera de qualquer maneira.

Lágrimas brotaram. Um buraco se abriu no meu estômago.

— Não. — Eu balancei a cabeça e olhei fixamente para os dois, sem me preocupar em esconder minha dor. A cena ficou borrada enquanto as lágrimas escorriam pelo meu rosto. Travei meu queixo para parar o tremor e recuei, ganhando velocidade a cada passo. Eu precisava ir embora. Antes que eu desmaiasse, ou acabasse sequestrada, ou de joelhos nos cadáveres do Mundo em Espera.

— Aurora, espera. — Ayden deu um passo em minha direção. — Não seja uma idiota! — Ele começou a correr, mas a chegada do Kalifera o deteve. Ele derrapou aparecendo no final do beco, batendo em carros, disparando os alarmes, golpeando as pessoas com suas patas enormes, sem se preocupar com os gritos.

Ayden disse alguma coisa, mas o caos abafou. Em seguida, ele rasgou o seu olhar torturado dos meus para que ele e Tristan pudessem entrar na briga.

Eu recuei para o outro extremo, atingida por uma rajada de ar tórrido, tropeçando ao virar a esquina. Um olhar para trás em torno do edifício me deixou boquiaberta. Tristan apressou as pessoas para fora do caminho, enquanto Ayden, com o que tinha de ser um lança-chamas em cada mão, golpeou o Kalifera com arcos brilhantes de fogo em fúria. Eu fechei a minha mandíbula novamente, limpei o rosto encharcado, e decolei antes da minha cabeça explodir. A dor aliviou mais e meus pés me levaram quando eu corria em direção ao único santuário que me restava.

#1 - Demons At Deadnight (Divinicus Nex Chronicles) Onde histórias criam vida. Descubra agora