Sozinha. Sem janelas. Sem portas. Minha família chorando a distância. Oron lamentando. Minhas bochechas queimando com lágrimas, as mãos sangrando de bater em paredes espessas e ásperas.
— Me deixem sair!
Ninguém veio. As vozes da minha família se silenciam. Eu entro em colapso, o meu peito vazio com a dor e a perda. Braços fortes me cercam. Eu luto. Alguém me cala, me aperta ainda mais até que...
***
Eu acordei na minha cama choramingando, tremendo, suor frio brilhando em minha pele.
Deitado em cima das cobertas, Ayden me embalou e me confortou no escuro. Ele e Tristan estavam me acordando a cada hora. Eu não estava dormindo bem de qualquer maneira.
— Está tudo bem. Ninguém vai te machucar. — Ele alisou meu cabelo, limpou as lágrimas, e proferiu promessas que não poderia cumprir se o Mandatum descobrisse que eu era o Divinicus. Com os braços apertados ao redor dele, eu estabilizei minha choradeira para respirações vacilantes.
— Você quer que eu chame alguém — questionou. — Ou eu poderia deixá-la e-
— Não. — Eu limpo meu rosto úmido. — Eu vou ficar bem. Mas você deveria ir.
— Eu vou ficar por um tempo. — Ayden se acomodou nos travesseiros, os dedos presos juntos para travar os braços em volta de mim. A batida constante do seu coração murmurava em meu ouvido. Ele descansou sua bochecha no topo da minha cabeça. Ele não estava com a jaqueta, mas o cheiro de couro ainda se agarrava nele.
Tudo muito suave até...
— Poderíamos contar para sua família. — Quando eu endureci, Ayden se apressou a falar. — Você não teria que manter segredos. Sem ficar mais se esgueirando.
— O que aconteceu com Blake e os pais de Tristan?
Ayden se deslocou. — Algumas pessoas não conseguem lidar com isso.
— Eles o deixaram.
— Sim, mas eu não acho que você vai ter esse problema.
Eu respirei fundo. — Eu não posso arriscar. Mesmo se eles acreditassem em mim -
— Acreditassem em nós.
A ansiedade afugentou meu breve sorriso. — Eles estariam com medo o tempo todo. Olhando por cima do ombro para algo que não podem ver, não podem lutar. — Eu não mencionei que olhariam para mim como se eu fosse uma aberração, porque... eu era. — Depois que eu fui atacada, mesmo depois que eu voltei do hospital, nossa família estava tão distante. Todo mundo pisando em ovos, preocupados, nervosos. Foi horrível.
— Não foi culpa sua. — Ele me segurou mais apertado.
— Talvez, mas abriu um grande corte na nossa vida familiar normal e eu sinto que finalmente estamos de volta aos trilhos. Eu não — eu engoli as lágrimas — Eu não quero estragar tudo novamente. A não ser que eu precise. Por enquanto, eles estão mais seguros, mais felizes assim. Se isso mudar, eu vou lidar com isso, mas eu nunca disse a ninguém antes e... eu prefiro não dizer. Por enquanto.
— Ninguém? Nunca? — Ele alisou um cacho da minha testa.
— Ninguém. — Minha cabeça caiu para trás. — Até agora.
Com a luz da lua atrás dele, seus olhos pareciam pretos, insondáveis. Nós compartilhamos uma boa olhada antes de manchas da luz do sol brilhar em suas profundezas e seu braço apertar contra minhas costas. Sua outra mão passeou pelo meu rosto, os dedos deslizando contra a minha pele para enredar no meu cabelo e guiar minha boca disposta a dele. Ele hesitou, pairando perto para que sua respiração batesse contra a minha, então seus lábios, quentes e macios, escovaram nos meus.
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#1 - Demons At Deadnight (Divinicus Nex Chronicles)
ParanormalDurante dezessete anos para Aurora Lahey a sobrevivência tem sido um estilo de vida. DESTINO DEMONÍACO Aurora tem o superpoder mais inútil do planeta, e isso só liberou um esquadrão do inferno. Os demônios estão à caça, sobrevivendo apenas para cort...