Capítulo Sessenta e Três

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Sua voz sussurrando através das árvores — Onde está você?

Eu rodei na clareira, meu cabelo disperso. Escorregadia com o orvalho, a grama grossa congela meus pés descalços. Luz da lua azul brilha contra a névoa de prata, torcendo pelas sombras da floresta.

— Aqui. — Minha respiração sai em uma névoa de meus lábios, como fumaça em espiral. Eu preciso dele, se infiltrando sob a minha pele. Ele pode me proteger...

Um grunhido. O clique de garras. O sussurro de um arbusto. Quatro olhos amarelos brilhantes no escuro. A monstruosidade à espreita em claro, agachado, balançando a cauda.

Disso.

— Me ajude — desespero em sua voz — A encontrar você...

Os músculos do Kalifera estão amarrados. Ondulados. Ele salta. Garras passando no meu braço. O cheiro acobreado do meu sangue. Presas brilhantes piscando...

***

Acordei de repente, minha mão em minha garganta escorregando com o suor. Depois de engolir em seco algumas vezes, eu reconheci meu quarto coberto de escuridão. Eu embalava meu braço latejante, a única ferida ainda me dando problemas.

Morrer por um demônio? Era minha escolha de sonhos esses dias, e ultimamente um cara se juntou à festa. Sua voz, de qualquer maneira. Sedutor com um sotaque sutil, mas familiar. Ele estava me procurando. Ansiava por me proteger e sabia que podia porque, bem, ele era o cara dos meus sonhos, certo? Alguém que meu subconsciente criou para me fazer sentir segura. Meu relógio piscou meia noite. Relaxei na cama. Kaliferas dançavam atrás de minhas pálpebras.

Dormir era superestimado. Desci as escadas na ponta dos pés, Helsing ao meu lado, uma sobremesa em minha mente já que a falta de luz acabou com nosso curto jantar. Na cozinha, minhas mãos procuraram cegamente meu caminho.

— O que você está fazendo?

O fogo veio a vida no meio da sala.

Minhas entranhas tentaram sair. Eu gritei e bati meu quadril com força contra a ilha, derrubando um banquinho. Ayden o pegou com uma mão. A outra iluminou o quarto com um brilho romântico. Quando isso se tornou normal?

— O que você está fazendo? — Eu assobiei, meu quadril que logo teria um roxo. Helsing esfregou contra as pernas do intruso. Eu devia ter um cachorro.

— Eu perguntei primeiro.

— Você é o único invadindo a minha casa à meia noite. Eu escrutinei o recipiente na ilha em frente a ele. — E comendo o meu sorvete.

A boca de Ayden se torceu dos lados. — Você me pegou. Vim ver como você estava.

— No meio da noite?

Eu alisei meu cabelo e verifiquei duas vezes se eu não estava usando um daqueles pijamas embaraçosos com buracos. Seu cabelo estava dissolvido pelas sombras, exceto pelas partes onde a luz do fogo brilhava no desastre brilhante e adorável, e seus olhos eram enormes, as pupilas e íris misturadas em um único escuro em que uma menina pudesse perder-se. Tentei não encará-lo.

A mão flamejante esfregou a parte de trás do seu pescoço. — Eu queria verificar os escudos de perímetro. Então lembrei que você mencionou sorvete com caramelo triplo no congelador. Perdemos a sobremesa. — Ele ficou em silêncio. Olhando para o sorvete. — Eu achei que você poderia estar acordada.

Ele parecia... envergonhado? Desde quando? — E se tivessem sido meus pais, ou...?

— Eu teria ido. Eu sabia quem era — ele disse com um sorriso irônico. —Você certamente tem ... uma coisa embaralhada acontecendo. Vamos ter que trabalhar em suas habilidades furtivas.

#1 - Demons At Deadnight (Divinicus Nex Chronicles) Onde histórias criam vida. Descubra agora