Traições

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Depois que o vídeo foi lançado para as milhares de pessoas presente na festa, a atenção foi toda para onde a Priscila se encontrava e vi que ela estava branco feito pena. Estava com uma cara de espanto e ainda não tinha desviado o olhar das telas que apresentava aquele assassinato.

- O que você fez? Como ousa me expor desse jeito? Você é uma maldita desgraçada e eu vou te matar.

Priscila disse e veio em minha direção, nessa hora eu acreditava que ela iria arrancar muito mais cabelo que antes. Entretanto Pedro a segurou por trás a deixando imóvel. Mas mesmo assim ela se debatia, gritava, o que atraia mais atenção.

Nesse momento o diretor surgiu do nada acompanhado de outros professores.

- Senhor Pedro, solte a aluna Priscila, ela precisará vir conosco. - Ele disse com muita naturalidade, mas percebi que estava suando.

Quando Pedro a soltou, o diretor estendeu o braço para a Priscila ir na frente e ambos sumiram quando entraram no prédio da escola.

- Pedro, o que foi isso?

- Melinda eu estava cansado dela. E me diz, haveria outra forma de expor ela? Ela merecia algo muito pior.

- Pior do que ser exposta desse jeito? Foi maldade, mas eu adorei. - Aspen fala se juntando a nós.

- Tá bom, confesso que eu também gostei.

- Mas eu não teria conseguido sem o nerd e sem eles. - Disse apontando para Aspen e Bernardo que se juntava a nós.

- Será que agora está tudo acabado? - Falo.

- Vamos torcer que sim.

***

Caminhamos em direção ao campo onde estava tendo a comemoração. Os Tigres ganharam o jogo e Aspen se juntou a eles para a foto que estaria no anuário, olhando para Aspen, percebo o quanto ele está feliz e mais leve. Creio que essa história toda da Priscila nos deixou estressados. Caminhei até a arquibancada para aguardar a sessão de fotos,  Nanda e Adam estavam junto com a equipe de fotógrafos, lógico que ela não iria querer perder a chance de ter uma das melhores fotos do time. Peguei meu celular enquanto esperava Aspen e vi que estava sem mensagens, então fui olhar minhas redes sociais quando senti uma mão no meu braço.

- Com licença. - Me viro e vejo uma garota loira dos olhos claro, deve ter na faixa de dezoito anos, muito parecida comigo - Pode me dizer onde fica o vestiário masculino?

- Atrás do ginásio. É da escola adversária?

- Ah não. Morava em outro país e resolvi voltar, meu namorado jogou no jogo de hoje e queria fazer uma surpresa para ele. Afinal, ele não sabe que estou aqui.

- Nossa, com certeza será uma bela surpresa. Quanto tempo de namoro? - Pergunto e me arrependi, será que ela iria achar que sou curiosa?

- Ah, já são cinco anos com ele. - Ela fala e vejo amor nos olhos dela. - Ficamos noivos, mas como precisei ir, rompemos o noivado e ficamos só namorando mesmo.

- Deve ter sido difícil.

- Você não imagina o tanto. - Ela fala e percebo que havia mágoa nas palavras. - Bom, - ela fala se levantando - Vou procurar ele, obrigada pela ajuda.

- Disponha e boa sorte.

Ela apenas me dá um sorriso antes de descer as escadas e sumir em direção ao vestiário. Estou sozinha nas arquibancadas, Pedro foi parabenizar os amigos, Gabrielle sumiu e Nanda ainda está tirando fotos. Decido que vou procurar Aspen, mas antes que eu possa me mover, algo me chama a atenção. É uma viatura de polícia que para em frente a escola, e de dentro dela sai três policiais. Caminham em direção a porta, aposto que dessa vez Priscila terá muitos problemas.

***

Desço as escadas e vou em direção ao vestiário masculino, a festa de comemoração a vitória do jogo será mais tarde no ginásio da escola. O diretor proibiu trazer bebidas alcoolicas, mas é claro que sempre damos um jeito. O jogo de hoje encerrou as aulas, as férias de verão já começa amanhã. Três meses longe de tudo, estudo, gente falsa, estresse... Aspenas eu e Aspen em nosso pequeno mundo feliz, me vi mais feliz, sou mais feliz a verdade. Adoro quando estou em seus braços e quando ele me aperta forte como se o mundo dele estivesse aqui. Dessa vez esse namoro iria durar, porque eu sei que ele me ama assim como eu o amo.

Viro em direção ao vestiário e a cena adiante fazem as minhas lágrimas decerem sem minha autorização.

Era Aspen, beijando outra garota.

Aspen estava beijando - a .

Não qualquer garota. Era a menina que havia me abordado na arquibancada. A menina cujo veio fazer uma surpresa para o namorado, e Aspen era o namorado.

Meu mundo girou, e senti que iria desmaiar, me segurei na parede e respirei.

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Olhei aquela cena novamente e resolvi voltar, com o coração doendo.

Corri.

Era a única coisa que eu poderia fazer.

- MELINDA

Eu o ouvi me chamar, mas não virei. Ignorei a dor no meu pé e corri. Não sabia aonde iria, só precisava sair daqui. Tropecei algumas vezes, quase batendo nas pessoas que estavam na minha frente, ouvi quando muitas abriram espaço para minha passagem, mas muitos me xingaram também. Não esperei pelo Bernardo, e não vi mais ninguém.  Então vim para casa com o meu coração despedaçado na mão. Eu achei que, achei que, droga. Eu dessa vez achei que daria certo. Mas está tudo se repetindo, tudo voltando a um ano atrás.

Eu fui traída.

E eu sabia que não suportaria mais.

Então porque ele teve esse trabalho todo para me conquistar? Porque ajudar Pedro? Eu acreditei que ele estava apaixonado por mim. Mas lá vai uma dica: Quem ama não trai!!

Cinco minutos depois cheguei em casa, as lágrimas ainda não haviam parado de cair. Mamãe não estava em casa e corri para o meu quarto, tranquei a porta e me joguei na cama, mais lágrimas vieram. Chorei até não ter mais nada, chorei por tudo, por um amor que eu perdi, chorei até cair no sono.

***

Acordei e vi que já eram quase nove horas da noite. PEguei o meu celular e ignorei após ver cinquenta e nove ligações perdidas, a maioria era de Aspen, mas também havia das meninas. Deixei o celular de lado e procurei ver o que tinha me acordado e descobri logo assim que levantei da cama e olhei a janela.

Era Aspen, ele estava em sua moto e segurava um violão, cantava algo que eu não ouvia bem. Atrás dele estava uma platéia mas nem sinal das garotas. Desci as escadas e me encaminhei em direção a porta, quando cheguei la fora ele saiu da moto e veio em minha direção.

- Não é o que você está pensando...

Mas antes dele acabar, me dirigi a moto e a joguei no chão. Ela quebrou algumas coisas devido ao impacto.

- MAIS QUE DROGA. VOCÊ QUEBROU A MINHA MOTO.

- E VOCÊ QUEBROU MEU CORAÇÃO - Falei e as lágrimas voltaram a cair. - Nunca mais quero te ver. Some daqui, SOME.

Não me dei ao trabalho de ver o estrago que havia feito, mas sei que deixei Aspen e uma platéia de curiosos para trás.

Voltei para meu quarto e deitei novamente, não sei o que se passou la fora. Apenas fechei os olhos e voltei a dormir, desejando acordar desse pesadelo.

***

Não dormi muito.

Bernardo surgiu na minha porta e veio se deitar do meu lado. Dei espaço e o abracei permitindo que mais lágrimas se acumulassem.

- Ele foi um idiota. - Bernardo disse. - Só não o mato porque se que você o ama.

- Pode matá-lo se quiser. Ele não significa nada.

- O que aconteceu?

- Achei ele beijando a namorada.

- Achei que você fosse a namorada.

- Eu também.

Voltei mais gostosa do que nuncaOnde histórias criam vida. Descubra agora