Teoria Do (Não)Poder

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[Este texto também faz parte da minha obra "Ahriman"; optei por trazê-lo também para esta por se adequar ao contexto da mesma e por ser um resultado rico dos meus pensamentos mais críticos e angustiados]

O poder é uma arma muito grandiosa. É um termo amplo (embora este texto seja guiado pelo rancor por mim acarretado por pessoas detentoras de poder de direcção em cargos de gestão público-sociais).
É preciso ser-se uma pessoa muito especial para que as outras confiem na tua capacidade de liderança e decidam investir-te deste bem...
É preciso ser-se uma pessoa idônea, de bom coração e com objectivos verdadeiramente relevantes e benêficos para serem alcançados.

Mas queres saber por que é que de nada serve esta arma? Porque ela se encontra nas mãos erradas.
Então por que é que insistimos em dar essa arma para pessoas sem qualquer intenção de melhorar a situação da colectividade?

Eu passei toda a minha vida vivendo em uma sociedade sustentada pela esperança de um futuro melhor. Esperança cujo verde, que deveria simbolizar o seu conceito, simboliza a podridão do nosso futuro pois se encontra misturado ao vermelho do sangue oriundo das pessoas cujas vidas foram sacrificadas por motivos banais; ao castanho da lama que nos suja e ocupa o lugar de recursos naturais bem mais úteis, e ao incolor  conjunto de lágrimas que vertem dos nossos olhos pelo sofrimento vivido.

E o facto de pessoas detentoras de grandes graus de escolaridade e de personalidades (que deveriam ser) devidamente formadas olharem para este sofrimento e simplesmente fazerem vista grossa para tal quando deveriam agir me fere tanto quanto a entrada de 30 láminas na minha carne ao mesmo tempo.

Eu me sinto incapaz de agir, eu me sinto fraco, eu me sinto menos homem por não poder fazer nada. E quando digo que estudo para tentar deixar o mundo melhor do que encontrei, as pessoas riem de mim com a ideia de que serei só mais um idiota cuja luta não terá qualquer desenvolvimento. E há dias em que eu chego a pensar que elas estão totalmente certas pois de nada vale lutar por quem não quer ser defendido. De nada vale tentar mudar o mundo quando quem o comanda não compactua com a mudança. E quando eu falo dos detentores do comando do mundo eu falo de nós, o povo que escolhe os seus representantes. Eu falo das pessoas que insistem no erro (da escolha do mesmo conjunto de ratazanas para governar a sociedade) pois são consumidas pela esperança falsa de que um dia estes irão mudar (mas quem vai querer mudar quando os seus bolsos são cheios mantendo-se o caos actual?).

E ao fim do dia me lembro de que não são estas pessoas dos altos cargos as detentoras do poder... nós temos o poder! Mas queres saber por que é que de nada serve esta arma? Porque ela se encontra nas mãos erradas: as nossas!

Isso mesmo! Nós nos condenamos ao sofrimento por não termos ideia de quão poderosos somos ou de como devemos usar o nosso poder... e de nada vale ser-se poderoso nestas condições.

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