Thank u, Liar!

Ataque O Fogo Com Fogo

A água quente caía sobre minha pele, levando consigo o álcool misturado com suor. Meus fios de cabelo molhados agarravam em meu rosto enquanto meu pensamento era preenchido de vagas idéias, a água de juntava com minhas lembranças e meu ódio, eu estava em outro mundo até o barulho da porta me trazer de volta para a realidade, me virei de costas ao perceber a presença de minha amiga no local, ela carregava em suas mãos uma toalha e meu pijama que havia esquecido em sua cama:

— Como se sente?

Sua voz que há uma hora era possessa agora estava calma e baixa, quase como um sussurro, parecia como que a situação em que eu estive na festa, tivesse a abalado e feito com que ela se imaginasse em meu lugar. Não a respondo imediatamente, fico calada por alguns instantes e ela decide não quebrar o silêncio do banheiro, apenas o barulho da água caindo em minha pele, suspiro fundo buscando as palavras certas para responder Ariana sem que parecesse triste nem tão raivosa:

— Já estou mais calma.

Minhas palavras são curtas e secas, mas Ariana não parece satisfeita com minha resposta, ela encosta suas costas na porta fechada e sinto seus olhos sobre mim, não ouço nenhuma palavra sair de sua boca, mas sei que ela me observa, tenho certeza disso quando desligo o chuveiro e me viro em sua direção. Seus olhos estão fixados no meu, me observando profundamente tentando desvendar o que eu digo para o meu eu interior:

— O que vai fazer com ela?

Ari estica o braço e me entrega a toalha, a recebo em minhas mãos e cubro meu corpo com a mesma antes de sair pela porta que Ariana acabará de abrir.

— Estou pensando.

Ela acompanha meus passos e entrega minha vestimenta para que possa enfim me livrar da toalha e me vestir adequadamente:

— Mas vai fazer algo? — Ela desaparece de meu lado e volta a aparecer com um pente em suas mãos. — Não vai?

Viro meu rosto em sua direção e fixo meu olhar no seu, o silêncio paira no quarto, nenhuma de nós cede, ambas paradas observando uma a outra em uma quietude profunda. Sua respiração estava tão próxima a minha bochecha que podia ouvir e dizer que era o som mais alto ali presente:

— Eu vou... Ela está fodida na minha mão, eu vou fazer ela sentir o dobro de vergonha que eu senti. — Volto a olhar para a frente e visto minha camiseta. — Eu sei o que fazer com ela, e eu vou amar ver sua reação.

— Sabe?. — Com o canto dos olhos vejo Ariana sorrir e em questão de segundos ela dá e se põe atrás de mim, e logo sinto suas mãos delicadas segurarem uma mecha do meu cabelo e começar a pentear a mesma. — E o que você faria que deixaria ela tão envergonhada?

Não digo nada e novamente ela não me pressiona para que falasse depressa:

— Qual você acha que é o limite da crueldade, Ari?

De repente me sinto indecisa, o que eu tinha em mente era cruel, sem coração, até mesmo para a pessoa mais imunda do mundo.
Ariana então parou de escovar meu cabelo e repousou suas mãos em meus ombros, os massageando sem falar uma palavra sequer, a ouvi suspirar fundo antes de resmungar:

— Para o que ela fez com você? Ela foi uma vaca com você, Sel... — Ela dá um tempo em sua massagem e aproxima seu rosto até minha bochecha, de uma maneira que consigo sentir sua respiração quente entre meu pescoço e meus cabelos. — Acho que não exista limite de crueldade para ela depois do que aconteceu hoje.

— Eu não quero deixar passar, mas tenho medo de se fizer alguma coisa me arrepender.

— E ela pensou assim quando fez aquilo com você? — “Ela pensou?”, essa pergunta latejava em minha cabeça. Encolho meus ombros, minha amiga ao perceber minha mudança de expressão se sentou em sua cama, sentada diante de mim tomou minhas mãos entre as suas, olhando fundo em meus olhos, mas dessa vez seu olhar era malicioso e seu sorriso de canto pouco maldoso. — Se você não mostrar pra ela quem manda, ela nunca mais vai te deixar em paz.

Eu sentia que Ariana começar mais um de seus joguinhos, os quais Ros sempre idolatrou, e se ela gostava deles, teria um.
Me viro e em um movimento brusco apanho meu celular e começo a procurar o que me interessa. Há seis meses Ros havia saído com um de meus amigos, Haden, pelo qual era apaixonada, totalmente diferente da amiga que costumava ser publicamente se transformou em uma pessoa completamente diferente. Dois dias após o tão sonhado encontro, o garoto dos sonhos de Ros usava a seu favor gravações da tão ingênua Ros, eu a defendi e Haden, antes de ceder a apagar a gravação me enviou tal vídeo, o qual eu nunca imaginei que precisaria.

Ariana como um felino pulou da cama e espionava meu telefone por cima de meu ombro, apenas dois cliques foram necessários, uma vibração chamou nossa atenção para o telefone de Ari, que rapidamente tomou o mesmo em suas mãos e descobriu o que eu havia lhe enviado e para outros alunos, não tardar poderia ver Butera repassando a gravação para outras pessoas, e nessa altura muitos já teriam descoberto o vídeo, eu me sentia vitoriosa, realizada e poderosa, mesmo sabendo que tal ação poderia me levar em direção ao inferno, mas eu não me importava com isso, tudo o que eu sentia era o felicidade por mostrar à Ros que eu era a nova abelha rainha, via Ariana orgulhosa ao meu lado enquanto lia as primeiras respostas sobre o vídeo, eu havia ganhado dessa vez.