Chequei Katlyn pelo retrovisor do carro novamente, talvez pela sexta vez nos últimos cinco minutos. Ela continuava dormindo, claro, exatamente como á dois minutos, como á duas horas atrás. Enfim descansando, talvez não tão corretamente já que estava encolhida nos bancos traseiro do carro com um cobertor emprovisado sob os ombros, mas seus olhinhos chorosos finalmente se renderam ao sono. Suspirei. Eu também estava cansada, não só psicologicamente mas estive dirigindo pelas últimas seis horas sem direito a pausas. E mesmo que eu queira não posso parar, não quando estamos quase lá, quase em casa.
Em casa.
Depois de tanto tempo, tanta luta, finalmente em casa. O simples pensamento reanimava os meus ânimos novamente, pensar que enfim teríamos um lar, que recomeçaríamos corretamente, só nós duas, me mantinha ativa para dirigir por mais duas horas que era o tempo que faltava para enfim chegar ao nosso novo lar. Isso e o enorme galão de café sem açúcar que tem sido meu fiel companheiro desde a última parada.
Olhei para Katlyn de novo e suspirei. Novamente. Sim, eu sei, é estúpido, mas não posso deixar de checar, não com os últimos acontecimentos, não quando os seus pequenos olhinhos ainda estavam marcados pelas lágrimas. Tão, tão nova minha Katlyn, tão pequena e inocente. Senti meus dedos apertarem o volante com força, ainda olhando pelo retrovisor eu vi minhas sobrancelhas franzirem com força.
- Ninguém te irá te machucar de novo, querida - murmurei para mim mesma, meus lábios repentinamente secos pela raiva. - Nunca mais. Eu prometo.
A estrada a minha frente era longa, ainda faltava quase 80 quilômetros. Eu estava suja, cansada e faminta, nossa última parada á três horas foi só para banha-la e alimenta-la às pressas, queríamos chegar antes do anoitecer. Meus ombros doíam pela tensão, meus olhos ardiam da noite não dormida, minha pele colava de suor mas não importa. Nada mais importa além dela. Houve um tempo que foi diferente, houve um tempo em que eu não dava a mínima mas esse tempo se foi.
Katlyn é o meu mundo e eu faço tudo por ela, para vê-la feliz, para vê-la bem. Tudo. Custe o que custar, não importa as consequências. Minha pequena fonte de felicidade.
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Eu estava cansada. Não só pela noite virada ou pelas horas sentadas, mas cansada, talvez a palavra certa fosse; chateada, entediada. Fazia mais de meia hora que eu havia visto a cidade em que finalmente nós recomeçaríamos nossas vidas mas a casa não estava a vista, sinceramente não me lembro de ter sido tudo tão longe. Eu nunca pude vir aqui pessoalmente antes já que tudo tinha que ser feito no mais perfeito sigilo até para mim mesma, mas as coordenadas que a corretora me passava á quase três meses de negociação não denunciava o quão longe nossa residência ficava da civilização. Eu e Carmen teríamos uma boa conversa, com certeza.
- Tia Lena - uma vozinha baixa e sonolenta me chamou do banco de trás. Olhando para o retrovisor novamente vi a pequena Kate esticar seus bracinhos em meio a um bocejo de gato, seus cabelos loiros bagunçados. Um pequeno sorriso se esticou em meus lábios.
- Bom dia, raio de sol. Ou devo dizer boa tarde - murmurei a última parte mastigando meu lábio inferior checando a estrada mais uma vez, cogitando voltar atrás. Talvez em meu estado cansado eu tenha deixado a entrada passar.
- Ainda não chegamos? Está quase anoitecendo - o tom cansado em sua voz miúda me fez enfim olhar para o céu preocupada. Sim, ela tem razão, o sol está quase se pondo. Talvez devêssemos mesmo ter que voltar para a cidade e passar a noite num motel.
- Quase lá, querida. Vamos parar em breve, eu prometo. Você confia em mim? - ela balançou a cabeça, seus grandes olhos azuis brilhando ao olhar pra mim pelo retrovisor, aquela mesma esperança inocente, aquele mesmo amor por mim que reanimava as minhas forças e me dava mais vontade de lutar. Minha preciosa Katlyn. - Então seja um pouquinho mais paciente, preciosa. Eu prometo que não vai se arrepender. Nossa casa é enorme, igual a um castelo. Nada menos para minha princesa.
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Alguém Para Amar - Brahms X Oc
RomantikMadalena está cansada. Não, cansada não é a palavra certa; ela está exausta. De tudo, de todos. Sua única motivação de vida tem seis anos de idade, sua sobrinha, qual ela mata e morre como uma verdadeira mãe. É isso, Madalena é quase uma mãe em temp...