Estava mal aquela manhã, enjoada, o que era estranho porque nas últimas semanas eu estava sentindo isso com frequência, era aniversario de Harry e estava angustiada por ele, pois iria ser o primeiro aniversario sem o pai, Peter pai de Harry havia morrido a cerca de 3 meses atrás em um acidente de carro voltando da viajem de trabalho, ele estava dirigindo quando perdeu a direção em uma curva na estrada em direção á Toronto, depois do ocorrido Harry vinha apresentando um comportamento diferente, e aquilo me incomodava, era como se ele tivesse virando outra pessoa, completamente oposta do que ele era. Estava frio, sombrio, quando olhava em seus olhos não via vida, não via nada, e no velório do pai não demonstrou nenhuma emoção, ficou simplesmente parado um pouco afastando do caixão olhando para seu pai sem vida,não se aproximava de ninguém, não falava com ninguém, nem comigo, estava longe de todos, na semana seguinte ele começou a sair tarde de sua casa e só voltava no outro dia bêbado, eu e Mary, mãe de Harry, compreendia seu comportamento, afinal ele tinha perdido o pai no qual era muito ligado, e isso iria passar,e eu queria que passasse.
Queria estar ao seu lado, queria que ele visse que tudo bem mostrar o que sentia, era bom mostrar, a dor pela perda precisava ser sentida, mas ele não me ouvia na verdade nem falava comigo, quando estava na minha casa ficava sentado vendo TV, conversando o mínimo possível, e quando eu fazia menção de comentar o assunto ele se irritava e ia embora, o meu Harry estava mudando, e eu não sabia o que fazer.
-Estou indo para casa do Harry- disse passando pela sala onde estava meus pais assistindo algum filme, coisa que sempre faziam aos sábados á noite.
- Espere, hoje chegou uma correspondência da Universidade de Toronto para você, acho que são boas noticias- Meu pai sorriu enquanto pegava a carta em cima da mesa de canto ao lado do sofá e me entregava. Meu coração parou por um momento, pois quando sai da escola fiquei um ano somente estudando por conta própria para passar nessa universidade em Biologia que era o curso que queria fazer desde pequena, peguei a carta das mãos de Bobby com certa pressa e abri na esperança de receber a noticia que queria.
-Eu passei- foi tudo que conseguir dizer para meus pais, aquela sensação de estar flutuando tomou conta do meu corpo, e pude finalmente respirar aliviada.
Estava a caminho da casa de Harry ansiosa para finalmente lhe contar a boa noticia, estacionei o carro em frente de sua casa, sabia que sua mãe Mary não se encontrava este horário, havia de estar no trabalho, peguei o embrulho no banco do passageiro e sai entrando em sua casa, subi as escadas querendo fazer o mínimo de barulho possível.
-Harry eu ...- Me calei derrubando o presente que carregava em minhas mãos no chão quando imediatamente o vi em seu quarto, ele estava transando com uma mulher morena em sua cama, virou para mim sem demonstrar o mínimo de surpresa possível por me ver tendo pego ele em flagrante, a mulher que estava por baixo se assustou e logo em seguida pulou para fora da cama procurando alguma vestimenta para tampar seu corpo nu, ele se levantou logo em seguida com a maior calma possível colocando sua cueca box e parando ao lado da poltrona.
-Não sabia que vinha esse horário.- Falou normalmente enquanto olhava para o relógio e depois para mim.
-Por... Harry eu...Porque você fez isso comigo?- Não conseguiria formular alguma frase coerente para dizer, era como se eu tivesse levando um soco no estomago, eu não queria acreditar no que estava vendo, não era possível que estava acontecendo comigo, segurei o choro na frente dele e da mulher que pegou sua bolsa e saiu voando passando por mim.
-Alex, por deus – Ele falava mostrando impaciência- Isso acontece, você deveria saber.
-Como assim isso ''acontece''? Harry como você pode achar isso nada demais, você me traiu. Você é um canalha, Harry eu achei que me amava.
-Amava, eu não sinto mais, achei que tivesse percebido isto, você me sufoca e eu não aguento mais, você fica no meu pé querendo saber onde estou toda hora, garota medíocre. Eu não te quero mais, não me importo com você, e com nada que você faça, na verdade já que estamos aqui vamos falar tudo, eu nem sei porque fiquei com você por tanto tempo, era somente meu passatempo, no começo era ate legal, mas começou a se tornar insuportável, você é meu brinquedo que agora esta no hora de jogar fora.
''Você é meu brinquedo que agora esta na hora de jogar fora''
Isso latejava em minha cabeça, estava sem chão, não queria acreditar naquelas palavras depois de tudo que passamos tantos momentos juntos compartilhando historias, sonhos. Eu não sabia o que fazer, sai de sua casa correndo igual uma criança que chora por seu doce roubado, ele me destruiu e aquela dor era a pior que já havia sentido em minha vida, o amor da minha vida acaba de me deixa sem chão, sozinha e vazia, igual a ele.
-Alex o que foi?- Ellie minha melhor amiga disse assim que abriu a porta de sua casa- Porque esta chorando, o que houve?
Parecia que eu não tinha mais força alguma sobre meu corpo, não conseguia falar, não sabia como consegui dirigir ate a casa dela naquele estado, á abracei desesperadamente procurando algum tipo de conforto, mas nada funcionava, ela rapidamente me puxou para dentro de sua casa me arrastando para a cozinha.
-Alex pelo amor de Deus, me fala o que houve?- Ela repetia a pergunta, desta vez com mais desespero, abriu o armaria rapidamente pegando um copo e depois colocando água com açúcar, enquanto eu tentava falar alguma coisa, nada saia- Beba, isso irá te acalmar- Quando Ellie estendeu a mão para me entregar o copo com água, minha visão ficou toda preta e não vi mais nada.
Acordei me sentindo tonta e fraca em uma cama de hospital, tentei me levantar para entender o que estava acontecendo comigo, e o porquê que estava em um hospital e não na casa de Ellie, ao tentar sair da cama a tontura veio com certa força me obrigando a deitar novamente. Logo em seguida uma enfermeira de meia idade entrou no quarto trazendo consigo algum tipo de remédio em comprimido.
-Olá Sra. Mitchell, esta se sentido melhor?- Ela perguntou verificando a bolsinha de soro ao meu lado, eu nem tinha percebido aquilo.
-O que aconteceu? Sabe onde esta minha amiga? – Perguntei olhando para os lados do quarto procurando algum sinal dela por ali, visualizei sua bolsa em cima de um sofá na frente da maca - Eu desmaiei?
-Sua amiga esta lá fora na maquina de café, você á deu um susto- Ela sorriu gentil- Mas já lhe tranquilizei, é normal ter desmaio no começo de gravidez.
Gravidez?
Imediatamente á olhei totalmente perdida, procurado algum sinal de que ela poderia estar se enganando, mas não, estava me olhando com o mesmo sorriso gentil esperando alguma resposta minha.
-Gravidez?- repeti em voz alta, e aquilo vez minha cabeça rodar novamente.
-Sim, parabéns você será mamãe.
Eu só poderia estar no inferno.
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Meu Inferno.
RomanceEle havia quebrado seu coração uma vez, ela não poderia deixar isso acontecer novamente, saberia todos os riscos e lutaria para não permitir que isto acontece-se mais uma vez, mas, até onde ela lutaria?