O Grupo

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Uma semana depois.

Dias chuvosos eram assíduos e persistentes naquela época do ano em Maçuna, traziam consigo uma impressão cinzenta do tempo e retardava a noção de dia e noite, afinal, nos dias nublados com pouca luz solar é fácil confundir o fim da tarde com o começo da manhã. Em tempos chuvosos como aqueles, os blackouts se tornavam mais constantes e entravam na normalidade dos cidadãos.
Fazia seus 19C° naquele dia, embora a temperatura fosse a coisa menos relevante naquele momento para Natasha. A moça que banhava-se numa ducha quente não reparava o quão escuro estava o ambiente do banheiro apenas iluminado pela pequena janela. A luz branca passava através do vidro e tocava a pele bronzeada, essa que emitia um brilho quase dourado, a água quente descia pelo seu corpo fazendo uma trilha pelos caminhos sinuosos de suas curvas mais redundantes, Suas mãos ajudavam a ensaboar seu corpo fazendo um caminho da barriga, subindo para os seios fartos e tocando a clavícula e a nuca, por fim massageava os cabelos longos e negros, estes que chegavam até o bumbum.
Os traços indígenas por mais sutis que fossem, ainda estavam lá, depois de quase um milênio de extermínio. A família Kannopus vinha de uma linhagem miscigenada das mais variadas raças e Natasha era de fato uma bela mulher com uma beleza tão rara e exótica que chamava a atenção de quem quer que fosse, embora existisse um complexo por suas marcas de guerra, e cicatrizes antigas, já fazia tempo que a mesma não se entregava a ninguém fora de seu pelotão, não se mostrava a ninguém com medo de que pudessem rejeitá-la, sentia vergonha de si.
Não queria admitir para si mesma, mas, no fundo, sabia que estava pensando demais em Stella. Sirius ocupava-lhe a cabeça como a anos não, ela sabia o porque disso, só não queria aceitar. Natasha sabia que as coisas de doze anos atrás tinham que ficar enterradas, ao menos era isso o que ela pensava embora achasse também que o jeito que as coisas terminaram a doze anos estavam mais do que mal resolvidas. Era exatamente por isso que preferia esquecer Sirius, se concentrando em outra coisa para que aquelas férias passassem rapidamente. Aquelas memórias frescas traziam aqueles sentimentos ruins novamente, juntamente aos monstros do passado.
Em súbito, um raio cortou o céu emitindo um clarão, e estrondou os ouvidos da morena que recebendo tamanho barulho de tal maneira, acabou se assustando.

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 kαηησρυs
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Os meus sentidos se aguçaram automaticamente, minha respiração acelerou e eu tive uma crise de riso por uns 15 segundos, por fim, acabei desligando a água salgada que saia pela ducha e sai do box me enrolando numa toalha amarela, peguei a escova de dentes e comecei a escovar os mesmos. Era nítido que a ociosidade e o sedentarismo não estavam me fazendo bem, afinal, eu tinha acordado as onze da manhã, e isso só me acontecia nos dias em que eu amanhecia doente, o que já era raro, tirando isso eu não acordava tarde assim a literalmente mais de uma década.
Peguei-me olhando para o espelho que refletia aquela figura tão familiar, tão presente, ao mesmo tempo que adorava ver meu reflexo eu o odiava, sentia que cada dia que eu envelhecia menos eu me conhecia, sentia que há doze anos eu sabia mais sobre mim mesmo do que eu sei agora. Levei a mão até o porta-escovas e tirei de lá a escova de dentes preta com as minhas iniciais em dourado.

NK”.

Era difícil saber quem eu era, ou o que eu queria ser, as vezes eu sentia que estava presa vivendo uma vida que não era minha, como se a alma estivesse aprisionada a uma casca que fazia tudo automaticamente. Convenhamos, eu estava longe de ser perfeita. Tenho ansiedade desde os meus 12 anos, e depois do ataque há doze anos eu nunca mais dormi direito, sempre ouvia as coisas em minha volta enquanto dormia, as conversas, o barulho das coisas. Meu cérebro sempre esteve alerta. Mas a parte de não saber quem eu sou não vem por consequência disso, na verdade depois que voltei para Maçuna esse sentimento vazio dentro do peito só aumentou.

2222 - O CÉU NÃO É O LIMITEOnde histórias criam vida. Descubra agora