Capítulo 3

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Capítulo 3

A ida a Vicious não tinha lhe valido em nada. Ao invés de relaxar como esperado tinha apenas arranjado uma dor de cabeça mais intensa, aumentando sua ressaca. Não conhecera ninguém interessante, que pudesse levar para o banheiro, e o auge da sua noite havia sido o pedido de uma das suas funcionárias que flertava com homens em troca de gorjetas. Tinha a assistido fazer aquilo pelo tempo em que ficara bebendo em seu canto.

Admitia que a moça tinha um sorriso admirável, mas as atitudes decadentes iguais de todas outras o fizera agradecer por ter seus princípios bem firmados. Não dormia com funcionárias. E por isso a ignorou quando pediu para que lhe tirasse da Vicious.

Mas bom, não sem antes olhar um pouco o que não podia ter de forma alguma. Conhecia o tipo de mulheres que empregava, envolver-se com uma era assinar uma sentença de pensão infantil desnecessária.

Porem, não foi só por isso que encarara a mulher por muito tempo. O rosto lhe parecia familiar. Os olhos escuros e as órbitas enormes, jurava ter visto em algum lugar. E para piorar, tinha sonhado com aquilo. Ou apenas tivesse pensado demais pois olhou, por muito tempo, para os seios dela fantasiando coisas. A verdade era que tinha acordado duro e estava tentando conter a vontade de se tocar, pensando nos peitos de uma estranha, com uma maratona de esteira as dez da manhã.

Felizmente, o exercício ajudou, não a se livrar dos pensamentos da funcionária que lhe era familiar, mas a recuperar a lucidez, clarear a mente e a definir metas para seu dia. Almoçaria com seus relativos, trabalharia um pouco e no horário certo iria passear, de novo, sua classe na Vicious. Dessa vez acharia uma companhia interessante e teria uma foda no banheiro.

Desceu do quarto colocando o paletó e se dirigiu até a cozinha. Sentou-se próximo a ilha e começou a degustar o pequeno-almoço que encontrou servido. Elogiou a cozinheira pela magnificência da refeição e esta sorriu-lhe timidamente.

— Almoçará com sua família, senhor? — Judith, perguntou.

Fechou o rosto, desgostoso. Família mesmo ele considerava os avós e, no mínimo, sua mãe. Quanto aos outros, chamar-lhes de familiares era um exagero. Não se dava com a irmã e o pai tinha tomado partido ficando sempre ao lado dela.

— Com os meus relativos, sim — estendeu o prato vazio. Exercitar-se o deixava sempre faminto. — Não se preocupe comigo, pode tirar o dia de folga. Aliás, informe a todos que podem tirar um dia de folga.

— Até os seguranças? — interrogou incrédula.

— Sim, até eles.

Vaughn não era de andar desprotegido, mas naquele dia em particular, acordara com vontade de libertar-se um pouco. Não queria aquele sentimento de um homem em sua gaiola de luxo, queria se sentir normal. Comum. Colocou os óculos escuros, despediu-se de Judith e foi pelo elevador até a garagem.

— Saint, hoje não precisa — informou ao motorista. — Dispense todos.

— Tudo bem, senhor — Saint o deixou, obedecendo a ordem.

Vaughn andou pela fileira dos seus carros, sozinho pela primeira vez em três anos, e escolheu um que nunca tinha conduzido. Entrou na Lamborghini Aventador e testou o motor criando um ruído na garagem. Saiu do Open Hills entrando na avenida principal.

A casa da avó ficava afastada da cidade, num bairro reservado. Era também a casa onde viviam seus pais, sua irmã com o marido e os filhos. E Hannah, ex esposa do pai. Havia espaço de sobra no lugar, para até sete famílias no mínimo.
Ele também vivera lá, da fase dos três anos de idade até ao início dos seus dezoito, antes de sair de casa para persuadir suas vontades.

Cacofonia [EDITANDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora