Quarto de Hotel

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Capítulo Único - 

O dia quente arrastava a tarde de domingo, naquele quarto de hotel o coquetel de hormônios começou a ferver no momento em que Ana Clara pisou fora do banheiro somente de toalha, após um longo banho para relaxar do fim de semana lotado de shows e trabalhos. Em contrapartida, Vitória, sentada na beirada da cama, sentia os músculos dos ombros enrijecerem com a tensão desenvolvendo, olhos grudados na figura caminhando pelo quarto.

– Ana Clara... – a loira gemeu baixinho sem perceber – não faz isso comigo.

A morena virou-se, o corpo ainda registrava gotículas do banho que a toalha não enxugou.

– Vitória, tu disse alguma coisa?

Vitória fechou a boca, que nem sabia estar aberta até o momento e engoliu em seco, o coração pulando do peito. Negou com um gesto, talvez se falasse, sua voz entregaria o vacilo das batidas dentro dela.

– Tu viu meu hidratante por aí? Não tô conseguindo achar, será que num trouxe? – Ana falou ignorando o acontecido e voltando para a sua mala – a gente volta pra São Paulo daqui umas horinhas e eu queria só deitar e descansar.

A cacheada podia jurar que queria prestar atenção na conversa amena que Ana fazia, mas sentiu o estômago revirar. Tudo que ela queria era cruzar a pequena distância entre elas e beijar a morena até faltar o ar, lembrou de checar se a boca estava aberta de novo e foi puxada para fora dos pensamentos quando percebeu que a garota olhava em sua direção, esperando resposta de alguma coisa que não ouviu.

– Vitória, tu tá bem? Está mais aérea que o normal.

– Tá tudo bem, Ninha – ela balançou a cabeça – só estou cansada do fim de semana.

A pequena abriu um sorriso e partiu em direção da mais alta, pegando-a de surpresa ao abraçá-la.

– Ah, Vi, tô tão feliz que tá tudo dando certo! Também estou morta, mas isso é bom, né? Vou descansar também, chega pra lá – Ana abriu caminho e se jogou na cama em que Vitória estava sentada, soltando um som de alívio. Vitória ficou sem reação.

– Tu quer que eu vou pro meu canto pra tu descansar, Ninha? – a voz da loira quase não saiu, talvez percebendo o quanto ela não queria dizer aquilo. Ana virou-se para encará-la.

– Oxê, claro que não. Fica aí.

– Mas assim num dá – Vitória sussurrou de volta, passando os olhos novamente pelo corpo de Ana, como um cachorro observando o frango girar pelo vidro no domingo, sem poder tocar. A garota a sua frente vestia apenas uma toalha mal ajeitada sobre o corpo, Vitória praguejou mentalmente.

– Deixa de ser boba, Vitória – a garota riu – tu já me viu assim antes, besta – a garota rolou para o lado, até sair da cama novamente em direção à sua mala.

A cacheada levantou, sem perceber, sentindo o querer crescendo nela e movimentando seus membros sem a sua permissão até seu corpo parar bem atrás da morena mexendo freneticamente suas peças de roupa dentro da mala. Inclinou-se sobre a mais baixa, encaixando seu rosto na curva do pescoço da morena e depositando um beijo apaixonado ali. A outra garota reagiu na hora, dando um passo para frente e virando para encarar os olhos cor de mel.

– Oitudobom? – riu – que foi isso? – mas Vitória não respondeu, avançou o passo perdido e prendeu Ana entre a parede e ela.

– Tu me deixa louca, Ana Clara – a resposta foi em tom sério – você não tem esse direito de me deixar doida – a voz mais rouca e tensa que Ana já tinha ouvido sair daquela boca.

Quarto de Hotel  ☼ AnaVitóriaOnde histórias criam vida. Descubra agora