Ainda chovia quando Lydia acordou. Estava tonta de sono, mas não era como se tivesse dormido pouco. Acabou na cama por volta das dez e, mentalmente, estava exausta. Alguns minutos depois, apagou sem sequer notar.
Murmurou um bom dia para si mesma, era rotina. Tateou as cobertas em busca do corpo espaçoso com pernas e braços esticados, os cabelos espalhados por todo travesseiro e resmungos preguiçosos. Entretanto, apenas alcançou o vazio. Sua mente tratou logo de recordar o motivo, causando uma pontada no peito da ruiva.
Desviou as íris para sua bancada, onde uma taça e garrafa de vinho lhe trouxeram memórias desagradáveis na noite anterior.
~•~12 horas antes.
Escrever nunca foi complicado para ela, nunca. Ousava dizer que seus textos eram quase invejados pelo departamento de pesquisas e expedições do Museu de Edimburgo. Mas, se havia algo que não poderia usar como troféu em mais uma de suas inúmeras "qualidades", era o modo como expressava os próprios sentimentos. Era péssima nisso! Tinha em mente a ideia de que apenas por fazê-la falar sobre amor, Malia já merecia um enorme troféu de ouro e diamantes.
Arrancou outra página, que se juntou as demais em bolinhas empilhadas no canto do sofá. Bufou, sendo acompanhada pelo estrondo arrepiante de uma nova trovoada. Parecia que os céus não apreciavam sua escolha de cerimônia. Desejou apenas que as flores fossem afastadas das entradas, evitaria uma bela dor de cabeça.
— O departamento de ciências humanas da Universidade de Cambridge anunciou novidades sobre as expedições que visitam a cidade do Cairo.
A ruiva não conteve um sorriso com a notícia que passava em sua pequena televisão. O sinal era fraco, não foi possível terminar a reportagem e não culpou a pobre televisão, estava isolada no fim do mundo: o lago de Beacon Hills. Sinal péssimo, clima pior.
Deixou-se vagar pelas lembranças, afim de notar algo que lhe ajudasse com ao menos uma frase digna.Recordou a primeira vez em que virá Malia, quando tudo estava confuso demais mas só pode notar o quão linda ela era. Sempre foi, e poderia carregar a certeza que continuaria a ser pelo resto de seus dias.
Foi a primeira pessoa que lhe ajudou sem algo em troca, e logo quando precisava não só de uma mão, mas sim um abraço todo.Lembrou como descobriu que havia algo além de amizade. Sequer conseguia vê-la sem ter mil e uma borboletas na boca do estômago fazendo festa.
Foi durante uma tarde onde Lyd decidirá ajudar Malia com as tarefas da escola, quando a morena sorriu, e o ar lhe faltou de tal maneira que pensou estar em uma crise asmática.