Escarlate

Prólogo

Um apartamento pequeno em um bairro de terceira categoria, dentro, caixas de pizza estavam jogadas sobre a mesa de jantar, 3 delas vazias e uma com algumas fatias desorganizadas. As cadeiras estavam caídas e com sinais de luta, sangue espalhado pelo chão. Seguindo a trilha do líquido escarlate, a sala de estar, pequena como o apartamento, ela tinha um sofá sujo de sangue, o corpo foi encontrado lá.

Essa foi a cena que Victor, um detetive da policia, fora encarregado de avaliar.

"E então?" - Disse uma voz atrás do detetive - "Oque acha?" - Ela acrescentou.

A voz pertencia a uma jovem mulher, tinha apenas 35 anos, sua aparência de inocente, com seu cabelo loiro encaracolado, olhos verdes e estatura de uma criança muitas vezes causavam confusão, não sendo levada a sério. Infelizmente para aqueles que a irritavam, ela era a chefe do departamento de policia daquela região.

Victor olhou para ela. O humor de ambos estava péssimo, um assassino em série atacou e matou um jovem nesse apartamento e a polícia não foi capaz de chegar a tempo.

"Estranho" - Disse Victor - "O rastro de sangue começa na sala de jantar, pelos indícios de luta, o jovem foi atacado inicialmente lá também" - Continuou - "Mas não dá para entrar no apartamento pela sala de jantar, você teria que passar pelo corredor, oposto à sala de jantar e de estar, indicando que a vítima deixou o assassino entrar" - Concluiu.

Depois de ouvir a opinião de seu subordinado, a chefe do departamento olhou pela janela.

'A localização do apartamento também não é muito boa, daqui só dá para ver prédios, a vista não é nada demais' - Ela pensou, e, depois de um tempo, se afastou de Victor. Foi até o corredor do apartamento onde o legista estava.

"Francesca" - A legista olhou para a chefe do departamento, levantando a mão para saudá-la

"Olá Jéssica" - Disse Francesca - "Algo para relatar?" - Perguntou, sem deixar a legista responder ao olá.

"B-Bom, a cena foi realmente estranha, a vítima estava desfigurada e muito pálida, eramos capazes de ver seus ossos, a magreza dele realmente me assustou, era como se ele não comesse a meses, o que não é verdade, considerando as caixas de pizza" - Ela disse, com um pequeno sorriso no final, esse não foi retribuído por Francesca.

"E-E-Enfim, não tenho muito para falar, saberei mais quando analisarmos o corpo no laboratório" - A legista disse, tentando disfarçar o momento vergonhoso.

"Tudo bem, nós estamos de saída, avise à sua equipe" - Disse Francesca.

Jéssica acenou com a cabeça e saiu em direção à sua equipe.

Na frente do apartamento, no corredor que ligava essa casa às outras, um grupo de legistas e quatro policiais esperava ordens de seus superiores. Aqueles quatro policiais foram os primeiros a chegar na cena do crime, foram eles que atenderam às chamadas dos vizinhos por barulho e encontraram o falecido. Também foram eles que interrogaram primeiramente os moradores do prédio.

Jéssica se aproximou dos legistas.

"Arrumem suas coisas, vamos sair" - Ela disse.

"Jéssica, você acha que o assassino em série era conhecido dessa vítima" - Perguntou um legista mais novo, com admiração escrita em seus olhos.

Jéssica sorriu. "Não sei, mas essa é uma pergunta que com certeza responderemos" - Ela disse.

Os legistas arrumaram suas coisas e saíram primeiro. Era sábado e estava na hora do almoço, o grupo se dirigiu até um restaurante-café próximo e se sentou em uma mesa perto da janela. Um dos legistas levantou a mão e chamou um garçom.